Juan Román Riquelme coleciona títulos e polêmicas ao longo de sua carreira no futebol

Juan Román Riquelme coleciona títulos e polêmicas ao longo de sua carreira no futebol

Por Bruno Freitas
Do UOL, em São Paulo

Pouca gente no Brasil sabe disso, mas a vocação de Juan Román Riquelme para confusões é tão aguçada quanto a habilidade do meia para construir jogadas incríveis para o Boca Juniors. O estilo extracampo do ídolo argentino não é tão espalhafatoso quanto o do compatriota Diego Maradona, mas o rival do Corinthians na decisão da Libertadores apresenta uma lista considerável de polêmicas, envolvendo técnicos, jogadores, jornalistas e até torcedores de seu time.

Diego Maradona, Martín Palermo e o atual técnico do Boca, Julio Cesar Falcioni, estão entre os desafetos ilustres de Riquelme. O camisa 10 do mais popular time da Argentina ainda acumula experiências como discussão ao vivo na TV com jornalista de "mesa redonda", bate-boca em entrevista coletiva e uma quase surreal discussão com um jovem torcedor, após fazer golaço em La Bombonera.

MAL-ESTAR ESCANCARADO COM O ATUAL TÉCNICO DO BOCA JUNIORS

Quem frequenta as dependências do Boca Juniors sabe que não é possível convidar Riquelme e Julio Cesar Falcioni para a mesma mesa de jantar. O ídolo já peitou o atual técnico da equipe em mais de uma oportunidade, na frente do elenco e diante de microfones da imprensa.

Em 2011, o meia foi escalado na equipe reserva em um treino coletivo. Visivelmente contrariado, marcou o gol da vitória de seu time e festejou de forma acintosa na frente de Falcioni, com gritos e punho cerrado.

Ao final da atividade, Riquelme foi chamado para conversar com o técnico e a equipe titular. O veterano se manteve de costas para o grupo durante o diálogo e acabou cortado da partida contra o All Boys.

Em fevereiro deste ano, Riquelme disparou em uma entrevista coletiva: "Faz oito meses que Falcioni me faz correr como um idiota aqui". A declaração pública gerou crise interna no clube, que, com esforço diplomático, conseguiu demover o técnico do pedido de demissão.

CHOQUE DE ÍDOLOS DO BOCA COM MARTÍN PALERMO

Eles ganharam títulos juntos, mas a amizade que um dia foi sólida ruiu. Cenas da vitória do Boca na decisão da Libertadores de 2007, diante do Grêmio no Olímpico, mostram um efusivo Martín Palermo carregando Riquelme, em uma das maiores atuações da carreira do meia de 34 anos. No entanto, a desavença dos ídolos dentro do clube se tornou pública meses mais adiante.

"Não sou amigo [de Riquelme], não tenho relação. A única coisa que nos une é jogar no domingo e defender as cores do Boca", disse Palermo certa vez, no final de seu período de atividade como jogador.

Maior artilheiro da história do Boca, Palermo hoje frequenta os camarotes de La Bombonera, na nova vida como torcedor. As câmeras de TV adoram flagrar as comemorações contidas do ex-atacante após gols de Riquelme, em manobra de transmissão para apimentar os boatos sobre a desavença.

FOI TIRAR SATISFAÇÃO DE TORCEDOR APÓS FAZER GOLAÇO

Em um jogo do Apertura de 2008, Riquelme fez um golaço que assegurou a vitória do Boca em casa sobre o Racing. Na comemoração, o meia abriu mão de abraços e sorrisos e partiu furioso em direção a um torcedor que supostamente havia xingado o ídolo instantes antes.

Identificado por Riquelme, Agustín Pozzetti, então com 21 anos, foi interpelado rispidamente por outros torcedores e acabou sendo retirado das tribunas pela polícia. O jovem foi à TV argentina dias depois, afirmando que o ídolo havia interpretado equivocadamente seu gesto.

Após o incidente, um promotor de Justiça da Argentina manifestou publicamente sua intenção de processar Riquelme por incitamento de violência, mas a polêmica não foi adiante.

RIXA COM MARADONA INCLUI BOATO SOBRE FILHA DO MITO

Riquelme renunciou à oportunidade de defender a Argentina na Copa de 2010, em decisão que motivou uma série de especulações no país sobre a relação do meia com o então técnico Diego Maradona.

Oficialmente Maradona chegou a tratar a renúncia como um problema de adaptação ao esquema tático, pois o técnico queria Riquelme jogando de forma diferente da do Boca, avançado em campo, perto de Messi, Tevez e Aguero.

No entanto, a boataria na Argentina colocou a filha de Maradona na história. Uma versão indica que Riquelme teve convivência estremecida com o técnico e com Kun Aguero em razão do relacionamento do atacante com Giannina Dinorah.

Aguero teria "roubado" a filha de Maradona de um irmão mais novo de Riquelme, Cristián. Então, o jovem de coração frustrado teria passado a incomodar Giannina em insistentes telefonemas, em fato que motivou uma conversa desagradável do técnico com o então meia da seleção argentina.

MUITAS "TROCAS DE GENTILEZAS" COM A IMPRENSA

Na Argentina, Riquelme é tratado como um jogador esclarecido, que, apesar de sua aversão à exposição na mídia, concede entrevistas bem mais interessantes do que a média geral dos jogadores do país. Mas a sinceridade e o temperamento quente do jogador de 34 anos incitam pequenas polêmicas.

Em 2011, Riquelme abandonou uma entrevista coletiva no Boca Juniors após ser questionado insistentemente pelo jornalista Martín Arevalo sobre a manutenção de sua decisão de não defender a seleção argentina [vídeo abaixo].

Em outro caso, o jogador ligou para uma famosa "mesa redonda" na televisão do país para discutir ao vivo com um jornalista que pouco antes havia revelado seu salário no clube. Riquelme disse que o comentarista Elio Rossi era um irresponsável, citando o episódio do sequestro de um de seus irmãos.


CURIOSIDADES DE RIQUELME

VILÃO NA ESPANHA: Defendendo o Villarreal em 25 de abril de 2006, perdeu pênalti nos últimos minutos contra o Arsenal, no segundo jogo da semifinal da Liga dos Campeões. A defesa do goleiro Lehmann assegurou a classificação do time inglês à decisão.

MENTOR BIANCHI: Exalta o técnico Carlos Bianchi, com quem conquistou as Libertadores de 2000, 2001 e 2003: "Tive sorte de ser liderado pelo melhor de todos. Me ensinou a crescer como jogador e pessoa."

ATUAÇÃO DE GALA NO BRASIL: Em 20 de junho de 2007 teve uma das melhores atuações da carreira, ao anotar duas vezes na vitória do Boca em Porto Alegre na decisão da Libertadores contra o Grêmio.

Foto: UOL

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