Waldemar culpa a má gestão de sua carreira e a forma de trabalho como pontos cruciais para nunca ter se firmado em um gigante brasileiro

Waldemar culpa a má gestão de sua carreira e a forma de trabalho como pontos cruciais para nunca ter se firmado em um gigante brasileiro

Oswaldo de Oliveira é um dos únicos técnicos no país a dirigir os oito grandes do eixo Rio-São Paulo. Renomado, ele construiu uma carreira de sucesso e sempre foi considerado um nome de peso no mercado. Só que pouca gente sabe ou lembra que o comandante do Palmeiras tem um irmão, quase um sósia, que também teve a chance de deslanchar como técnico, mas não obteve tanto êxito.

Mais velho do que Oswaldo, Waldemar Lemos teve a chance de dirigir o Flamengo em duas oportunidades, mas não obteve sucesso. Pior do que isso, ele ainda ficou marcado por um episódio nada amistoso com a torcida rubro-negra logo no anúncio oficial.

O ano era 2003. Oswaldo de Oliveira havia sido demitido, e o Fla optou pelo assistente e irmão para assumir o cargo de forma interina. Bastou a confirmação do então dirigente Vassoura para que alguns torcedores protestassem de imediato com um uníssono "Ah, ah, ah, fora Waldemar".

"A torcida estava irritada, mas não era comigo, sim com o Flamengo. Você não pode ligar para crise, porque você precisa ter decência e determinação para ter confiança das outras pessoas, para que você possa desenvolver o trabalho. Existem muitos interesses, dei continuidade ao trabalho do meu irmão. Me fortaleci dando continuidade a jogadores que a torcida não acreditava: Ibson, Andrezinho, André Bahia.", afirma Waldemar Lemos em entrevista ao UOL Esporte.

A experiência como técnico de um dos maiores clubes do Brasil não foi ruim. O clube carioca terminou o Campeonato Brasileiro em oitavo lugar – melhor colocação desde 1997. No entanto, o treinador acabou demitido no fim da temporada. Waldemar ainda voltou ao time em 2006 e conseguiu chegar à final da Copa do Brasil, mas foi substituído por Ney Franco antes mesmo da decisão – o Fla bateu o Vasco e foi campeão.

Hoje, quase 12 anos depois, o irmão de Oswaldo diz não guardar mágoa da torcida do Flamengo, mas acredita que alguns "interesses" atrapalharam sua permanência.

"Tive duas passagens lá, colocando jogadores no mercado, capacitados, colocando a cabeça no jogador. Mas todos querem o status, aparecer, se acham demais. Temos que trabalhar com o jogador. A escola que eu penso é isso. Temos jogador de bola, para você fazer o jogador de futebol, você precisa de formação. Continuamos jogando bola", analisou.

"Saí em menos de um ano porque eu interrompi interesses de outras pessoas no Flamengo, eu botava quem tinha condições, dei sequência, melhorava jogadores, tínhamos jogadores com problemas em geral. Aquele que achávamos melhor jogava, mas era um grupo desacreditado. Mas sempre tinha ingerência, eu não aceitava. Por mim está superado, o Flamengo é que continua se arriscando", aumentou.

Se o momento não foi dos melhores no Flamengo, as boas recordações ficaram nos tempos de Fluminense, em 2002. Enquanto Oswaldo comandou os titulares no Torneio Rio-São Paulo, Waldemar ficou encarregado de cuidar do time que disputaria o polêmico Campeonato Carioca daquele ano. O resultado foi o título estadual – confirmado só sete anos depois – e a projeção nacional.

Desde as passagens por dois dos quatro grandes do Rio, se firmar em uma equipe tem sido uma missão complicada para o técnico, diferente do trabalho realizado pelo irmão, que hoje está no Palmeiras. Teve passagem da Coreia do Sul até Recife, onde conseguiu um acesso para a Série A com o Náutico. Mas sempre por curtos períodos e sem grandes conquistas.

Waldemar culpa a má gestão de sua carreira e a forma de trabalho como pontos cruciais para nunca ter se firmado em um gigante brasileiro.

"Eu reconheço, nunca administrei bem a carreira. Sou parceiro do clube, da diretoria, penso na transição, mas eu nunca tive um contrato com empresários, assessoria de imprensa, e isso me prejudicou bastante. Eu sempre fazendo da minha forma e acreditando nas pessoas", disse.

"Sempre me achei atualizado. Eu tive sempre o jeito de trabalhar de sempre usar bola, situações de jogo, mesmo no físico. Eu acho que deveríamos ter uma verdadeira escola, que ela fosse formadora e não fosse suportada pela habilidade. Me parece que continuamos pensando da mesma forma", ponderou.

Atualmente, Waldemar tenta reencontrar os bons momentos no modesto Boavista-RJ, o 23º time da carreira. O treinador assumiu o clube recentemente e já pegou o elenco em situação difícil, na lanterna do Carioca. Mais uma vez na função de 'bombie

"Minha vida sempre foi assim, apagar incêndio. Temos uma condição muito boa de trabalho. A cidade é favorável e um grupo de qualidade. Tenho que impor minha maneira de ser, pegar firme e fazer o necessário para melhorar", espera.

Apesar disso, o técnico mantém o otimismo de que um dia pode retornar ao auge e até mesmo cogita a chance de repetir a dupla com Oswaldo.

"Se houver a possibilidade (trabalhar novamente com o irmão), se for interessante para mim e para ele, não tem problema algum. Tomara que seja em uma seleção brasileira", completa.

Foto: UOL

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