Antes do GP Brasil, que normalmente abria o calendário, equipes aproveitavam o verão para ganharem quilometragem

Antes do GP Brasil, que normalmente abria o calendário, equipes aproveitavam o verão para ganharem quilometragem

Não é de hoje que as equipes de Fórmula 1 realizam testes antes do início de um campeonato, a chamada pré-temporada.

O Brasil, tanto em Interlagos quanto no extinto Jacarepaguá, foi palco dos chamados testes de pneus que muitas equipes utilizaram, sobretudo nas décadas de 70 e 80, por conta das altas temperaturas de verão, que levavam os compostos à condições extremas de durabilidade e desempenho.

A logística também era levada em consideração, óbvio, uma vez que a abertura do campeonato normalmente acontecia no Brasil ou na Argentina.

Claro, embora a ação priorizasse os pneus, as escuderias também aproveitavam a ocasião para desenvolver motores e apurar a aerodinâmica, em uma época em que os recursos eletrônicos eram extremamente acanhados se comparados aos padrões atuais. 

Em 1986, por exemplo, Ferrari, McLaren, Lotus, Brabham, Willians, Benetton, Ligier, Arrows e RAM, tiveram seis dias de treinos sob o escaldante calor carioca, visando o GP do Brasil, que aconteceu no dia 23 de março, que teve dobradinha brasileira, na vitória de Nelson Piquet (Williams-Honda) e o segundo lugar de Ayrton Senna (Lotus-Renault). O francês Jacques Laffitte (Ligier-Renault), completou o pódio, em terceiro.

A reportagem, da TVE do Rio de Janeiro, ficou a cargo dos repórteres Sérgio Du Bocage e Tino Marcos, que entrevistaram Nelson Piquet e Ayrton Senna. As equipes presentes ao circuito de Jacarepaguá foram apresentadas na matéria, que destacou a revolucionária Brabham BT-55.

O carro, de perfil aerodinâmico extremamente baixo, com uma caixa de câmbio de sete marchas e impulsionado pelo motor BMW turbo, acabou sendo um fiasco, marcando apenas dois pontos no campeonato, ambos com Riccardo Patrese. O outro piloto da equipe, Elio de Angelis, acabou morrendo em um acidente durante um teste no circuito francês de Paul Ricard. A asa traseira da Brabham se soltou e ele bateu violentamente, provocando um incêndio. De Angelis aspirou muita fumaça e não resistiu.

Ao término da temporada, Alain Prost conquistou seu primeiro título, com dois pontos de vantagem para Nigel Mansell, o vice-campeão. Nelson Piquet terminou em terceiro e Ayrton Senna em quarto, em seu segundo pela Lotus, ainda preta e dourada. No ano seguinte, a Lotus mudou de patrocinador, saindo a John Player Special e entrando a Camel. A equipe inglesa, então, teve seus carros pintados de amarelo e passou a contar com motores da Honda, no lugar da Renault.

Ainda sobre Senna e a Lotus, vale destacar que o brasileiro conquistou oito poles em 1986, das 16 possíveis, mas venceu apenas dois GPs, na Espanha (Jerez) e EUA (Detroit). O motor turbo da Renault, embora poderoso nas qualificações, pecava pelo alto consumo de combustível e pouca durabilidade.

Curiosidades:

* Embora e equipe RAM estivesse presente aos testes, onde enfrentou muitos problemas, acabou não participando do campeonato.

* Na época, dois fornecedores de pneus calçavam os carros da categoria, no caso a Pirelli e a Goodyear.

* Jacques Laffite encerrou sua carreira na F1 naquela temporada, após um grave acidente na largada da nona etapa, no GP da Gran-Bretanha, em Brands Hatch, quando fraturou os dois pés. Sua equipe, a Ligier, contratou o também francês Phillippe Alliot, formando dupla com o compatriota René Arnoux.

* A Benetton, que já exibira seu layout multicolorido nos carros da Tyrrell e Alfa Romeo, formou sua própria equipe para aquela temporada, comprando a Toleman, a mesma por onde Ayrton Senna havia estreado dois anos antes.

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