Na noite quente do dia 6 de março de 1958, Santos e Palmeiras fizeram, no Pacaembu, uma das mais emocionantes partidas de futebol já realizadas naquele estádio municipal. O Santos, comandado por Lula, iniciava o jogo com Manga. Helvio e Ivã. Fiotti. Zito e Urubatão. Dorval. Jair da Rosa Pinto. Pagão. Pelé e Pepe. Era o grande time de Santos. O Palmeiras, treinado por Osvaldo Brandão, começava com Edgar. Edson e Dema. Waldemar Carabina. Fiume e Formiga. Paulinho. Nardo. Mazola. Ivan e Urias. Era um time que vivia à custa do centro avante Mazola. E o Santos favorito disparado.
Até aí, tudo normal. Mas quem poderia prever o que iria acontecer naquela noite
E quem começou a festa foi o Palmeiras. Um ponta esquerda Urias que veio para Parque Antártica, de Rio Preto, sem nenhuma fama, foi quem abriu a contagem. A resposta veio através de um garoto de dezessete anos que já despontava como um craque. Pelé empatou.
Ainda no primeiro tempo aconteceu uma seqüência impressionante de gols. Pagão fez 2x1 para o Santos e Nardo empatou para o Palmeiras. Dorval, Pepe e Pagão colocou o Santos em boa vantagem: 5x2. Vergonha, pura vergonha, reagiram os torcedores palmeirenses. Mas, aquela era a noite dos milagres. Para o segundo tempo, Osvaldo Brandão tirou o goleiro Edgar e colocou o jovem Vitor.
Também colocou em campo um jogador negro uruguaio, de nome Caraballo. Não era jogador de pose nem de firula, mas debochava da cara feio do inimigo. Jogando ao lado de Mazola, o milagre começou a acontecer. De perdedor de 5x2, o Palmeiras passou a vencedor de 6x5. Mazola, Paulinho, Urias e Ivan foram os goleadores. Narradores consagrados como Edson Leite, gritava ao microfone de sua emissora: "Milagre no Pacaembu. Estamos testemunhando o maior espetáculo que já vi no futebol ".
Só que, diante da máquina do Santos, milagre tinha mesmo que durar pouco. E lá se foi a esperança dos palmeirense, de jeito inesperado.
Não pela reação santista, mas pela ação fulminante de Pepe, um menino que tinha uma canhota tão poderosa que era chamado de Canhão da Vila.
E Pepe empatou em 6x6 e fez o gol da vitória de cabeça. Santos 7 x Palmeiras 6, um placar incrível, e a emoção maior pintada com a ilusão do rádio, no clássico incomparável. Foi um dos maiores jogos da história deste clássico, num tempo em que sobravam gols e talentos.
Nesta equipe do Palmeiras, seis jogadores participaram do fabuloso jogo contra o Santos
Em pé: Zito, Ramiro, Manga, Urubatão, Getúlio, Dalmo e o massagista Macedo. Agachados: Dorval, Jair Rosa Pinto, Pagão, Pelé e Pepe. Este é praticamente o time do Santos que aplicou a virada histórica sobre o Palmeiras. O "desfalque" é Fioti, na foto substituído por Getúlio.
Pelé comemora no vestiário do Estádio do Pacaembu, a vitória fantástica, de virada, sobre o Palmeiras.
Manchete da partida no jornal A Gazeta
Santos 7 x 6 Palmeiras - Veja detalhes do maior jogo da história entre os dois clubes
Escalações:
Santos: Manga; Hélvio e Dalmo; Fioti, Ramiro (Urubatão) e Zito; Dorval, Jair, Pagão (Afonsinho), Pelé e Pepe. Técnico: Lula.
Palmeiras: Edgar (Vitor), Edson e Dema; Waldemar Carabina, Valdemar Fiúme e Formiga (Maurinho); Paulinho, Nardo (Caraballo), Mazzolla, Ivan e Urias. Técnico: Oswaldo Brandão.
Local: Estádio Municipal do Pacaembu, em São Paulo. Data: 06/03/58.
Horário: 21h00.
Árbitro: João Etzel Filho (SP)
Renda: CR$ 1.676.995,00
Público: 43.068 pagantes
Gols: Urias, aos 18, Pelé aos 21, Pagão aos 25, Nardo ao 26, Dorval aos 32, Pepe aos 38 e Pagão aos 46 minutos do primeiro tempo. Paulinho aos 16, Mazola aos 19 e 27, Urias aos 34, Pepe aos 38 e 41 minutos do segundo tempo.
* Apesar da súmula do jornal ter anotado 07 de março de 1958, os históriadores do Palmeiras, Jota Christinini e Guilherme Guarche, do Santos Futebol Clube, confirmaram que a partida aconteceu no 06 de Março de 1958.