Além da distância que impede a torcida do time de se reunir como antes, muitas pessoas precisaram mudar de cidade

Além da distância que impede a torcida do time de se reunir como antes, muitas pessoas precisaram mudar de cidade

Show da Beyonce na abertura, recorde de público de 53 mil pessoas e torcedores fanáticos cantando sem parar. Essa era a realidade do Shakhtar Donetsk em seu estádio. Não é mais. Desde maio do ano passado, o poderoso time ucraniano não atua em sua casa. A guerra entre separatistas e os pró-Ucrânia transformou a cidade numa área de conflito, e o time que conta com 13 brasileiros teve que se mudar para o outro lado do país.

O Shakhtar, clube da Champions com mais brasileiros, conta com Bernard, Taison, Fred, Dentinho, Ilsinho, Luiz Adriano, Alex Teixeira, Marlos, Douglas Costa, Fernando, Wellington Nem, Azevedo e Ismaily. Eles não sabem mais como é jogar como anfitriões. A equipe agora manda suas partidas em Lviv, a mais de 1.000 quilômetros de Donetsk.

Sua torcida em campo deixou de ser tão numerosa, e a sensação é de ser visitante mesmo quando tem o mando (duelos da Liga dos Campeões são algumas exceções). Inaugurada em 2009 com um show da Beyonce, a Donbass Arena custou US$ 425 milhões ao Shakhtar, que não sabe quando poderá voltar a usá-la. Em vez disso, o time passou a morar em Kiev e a jogar em Lviv, numa arena que raramente fica cheia.

Enquanto isso, em Donetsk, o estádio do Shakhtar é usado por serviços humanitários e já foi atacado ao menos duas vezes. Na segunda, em outubro de 2014, um bombardeio danificou seriamente a fachada e estruturas internas de dois setores. O conflito entre separatistas e ucranianos já deixou mais de um milhão de desabrigados na região leste e matou cerca de seis mil pessoas.

"Quando você não tem uma casa fica muito difícil. Até dá para enfrentar isso por um ou dois meses, mas já faz mais de um ano, e é muito duro sobreviver a isso", opinou o CEO do Shakhtar, Sergei Palkin, ao Mashable.

Além da distância que impede a torcida do time de se reunir como antes, muitas pessoas precisaram mudar de cidade. Estão espalhadas pelo país para fugir do confronto. O Shahktar enfrentou até alguma resistência em seus primeiros jogos em Lviv, cidade pró-governo local e que tem o ucraniano como idioma principal. Em Donetsk, a influência russa é gigantesca, e o russo é a língua mais falada.

Em campo, o domínio do Shakhtar acabou. Depois de ganhar o Campeonato Ucraniano cinco temporadas seguidas, dessa vez viu o Dynamo Kiev ser campeão. O rival também levou a melhor na Copa da Ucrânia. Enquanto isso, o Shakhtar continua com a sua rotina longe de casa, de olho em mais uma temporada inteira com a sensação de ser visitante.

Foto: UOL

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