Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

O Flamengo é o clube-modelo do futebol brasileiro. A administração saneadora iniciada há cinco anos, tendo o presidente Eduardo Bandeira de Mello no comando, colocou o time de maior torcida do Brasil no topo da América do Sul. E pode alcançar o mais alto patamar da bola mundial. Para isto, terá de passar pela semifinal e final do Mundial Interclubes, em cuja competição estreia dia 17/12.

Já há quem aposte que chegará mesmo ao bicampeonato mundial, mesmo que o adversário seja o fortíssimo Liverpool, de Salah e Mané.

Exemplo a ser seguido, sim, principalmente na parte administrativa. Bandeira de Mello assumiu um clube cheio de dívidas. Colocou as finanças em dia. E ainda deixou dinheiro em caixa. A gestão que veio depois, comandada por Rodolfo Landim, foi ao mercado com verba suficiente para comprar jogadores consagrados no exterior, como Rafinha e Filipi Luís, com potencial para brilhar, que é o caso do meio-campista Gerson, e outros que estavam no futebol brasileiro, mas que poderiam se tornar estrelas. É aí que entram De Ascarreta, Bruno Henrique e Gabigol.

Nem vou falar de Pablo Mari, pois que este passou por times sem expressão da Espanha, tais como o B do Mallorca, Gimnastic, Girona, Breda e La Coruna, que já viveu dias melhores no futebol espanhol, antes de desembarcar na Gávea, indicado por algum empresário visionário.

Do futebol brasileiro, o Flamengo levou também Rodrigo Caio, chamado no São Paulo de “zagueiro de condomínio”, dada a sua falta de garra na época em que vestia a camisa do Tricolor do Morumbi.

De Arrascaeta nunca chegou a ser um jogador de ponta no Cruzeiro. Nem na seleção uruguaia. Bruno Henrique, após um ano de 2017 estupendo no Santos, viveu péssimas jornadas em 2018 na Vila Belmiro. Foi muito criticado. A desconfiança a respeito de seu futebol era tamanha, que muitos críticos chegaram a duvidar se o atacante voltaria a mostrar um grande futebol. Eram fortes os comentários de que a bolada que levou no olho direito, no início do Campeonato Paulista de 2018, teria comprometido a sua visão.

O futebol de Gabigol era o que despertava as maiores desconfianças. Tinha, é verdade, realizado boas partidas pelo Santos. Mas ainda era muito recente a sua frustrada passagem pelo futebol europeu. Foi execrado na Inter de Milão, onde construiu a fama de rebelde. Foi também muito mal no Benfica. Enfim, fracassou na tentativa de virar estrela no milionário futebol europeu.

Jorge Jesus, hoje festejado como um técnico inovador e sinônimo de vitórias e títulos, nunca conseguiu atingir o primeiro escalão dos treinadores europeus. Jamais foi almejado por clubes de ponta como Real Madrid, Barcelona, Manchester United.

A contratação do mister deve-se mais à sugestão de algum empresário do que a uma possível astúcia de algum cartola ilumionado do clube carioca.

Bruno Henrique, Gabigol, De Arrascaeta, Pablo Mari, Rodrigo Caio, Gerson, todos eles, ou alguns deles, poderiam ter fracassado no Flamengo. Sem o brilho do futebol deles, o risco de Jorge Jesus não ter dado certo seria gigantesco.

Técnico não ganha jogos e muito menos títulos só com as suas sacadas geniais. Jorge Jesus pode até ser um treinador acima da média. Não discuto isto. Mas nada seria e não conquistaria os títulos que já conquistou por aqui não fossem os lances e os gols maravilhosos de Bruno Henrique, Gabigol, De Arrascaeta, e futebol exuberante de Gerson, Rafinha e Filipi Luís.

Caso as suspeitas sobre Bruno Henrique, Gabigo e De Arrascaeta se consumassem e Pablo Mari e Rodrigo Caio fossem um fiasco, a administração colocada em prática no clube da Gávea seria apenas um ótimo assunto para ser debatido nos programas esportivos e nos bares.

O futebol não é uma ciência exata. Não basta fazer tudo certo para que a bola entre no gol adversário. O tal equilíbrio pregado por técnicos de fala fácil não passa de balela.

O trabalho de Jorge Jesus tem de ser ressaltado. Ele dá provas de que é um ótimo treinador. Mas é inquestionável que o acaso colaborou, e muito, para o sucesso flamenguista em 2019.

 

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