Nesta quinta-feira, 18/06, enquanto o Flamengo derrotava o Bangu por 3 a 0, em um Maracanã vazio, bem em frente ao estádio, no Hospital de campanha Maracanã, as famílias de duas vítimas fatais da Covid-19 choravam suas mortes. Era o fim de mais um dia trágico para o Brasil e especialmente para o Rio de Janeiro.
Devastadora, a Covid-19, ao mesmo tempo em que Arrascaeta, Bruno Henrique e Pedro Rocha, comemoravam, sem esconder o constrangimento, os gols marcados contra o clube que se notabilizou por ser presidido durante longo período por um contraventor (o bicheiro Castor de Andrade), matou até o fim do dia no estado 274 pessoas. No total, até ontem, 8.412 pessoas no Rio de Janeiro já foram mortas por causa do coronavírus.
Hoje, a mídia mundial fala do Flamengo. Mas é o tipo do marketing que não interessa. Não acrescenta. Pelo contrário, prejudica. O jogo não foi mostrado pela televisão. Não teve público no estádio. Os patrocinadores do clube nada ganharam com a exibição de suas marcas. Perderam. O Flamengo, historicamente conhecido no país como o “Mais querido”, terminou a quinta e iniciou a sexta-feira como o “Mais odiado”.
Trata-se de uma mancha em sua história. Tudo por causa da atitude precipitada, que tem, claro, uma grande dose de soberba. Ganância? Não é, pois que o clube nada ganhou e nem vai ganhar com a iniciativa.
Soberba e ânsia pelo poder explicam a atitude de Rodolfo Landim. Quando ele disse em entrevistas que a iniciativa de fazer com que os atletas fossem poara o Ninho do Urubu visava submeter os atletas, os funcionários da área do futebol e seus familiares aos testes da Covid-19, mereceu elogios.
Trazer os atletas para o CT do Clube e alertá-los sobre o que deveriam fazer para evitar a contaminação, era, realmente, uma ação elogiável. O que não é razoável é forçar para que a bola começasse a rolar no Rio de Janeiro em meio à uma pandemia que ultrapassa e muito a média de mil mortes por dia no Brasil.
Rodolfo Landim foi á Brasília buscar o apoio do presidente Jair Bolsonaro para a sua causa. Não só dele, mas do presidente do Vasco, Alexandre Campello, também. Os dois posaram para fotos ao lado de Bolsonaro e, pior, sem máscaras, todos eles.
O presidente do Flamengo também articulou para que Bolsonaro mandasse para o Congresso Nacional a Medida Provisória (MP) 984 que, se aprovada, dá ao mandante de uma partida de futebol no país o direito exclusivo de vender ois direitos de transmiussão pela televisão.
A MP 984 atinge em cheio a Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão de competições como a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro, só para ficar nos mais importantes campeonatos de futebol disputados no país. Foi a forma que Landim encontrou para fustigar a Rede Globo, com quem discute melhores condições financeiras para que a emissora transmita as partidas de seu clube.
Encontrou em Jair Bolsonaro, que que não tem boas relações políticas com a Rede Globo, um parceiro ideal para as suas aspirações.
Landim joga pesado.
Trata-se de uma aposta.
Pode ganhar, corre o risco de perder.
Mas o certo é que a imagem do Flamengo neste momento está bem manchada.
Aqui e no exterior, como foi visto nos noticiários desta sexta-feira em todo o mundo a respeito da volta aos gramados do “Mais querido” em meio à pandemia.
Rodolfo Landim é o atual presidente do Flamengo.
Mas ele não é o Flamengo.
Rubro Negro é sinônimo de povo.
A imagem de clube soberbo, que passa por cima dos rivais para alcançar seus objetivos fora de campo não lhe cai bem.
O “Mais querido” não pode, por atitudes insensatas de dirigentes, passa a ser considerado o o “Mais odiado” do Brasil.
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