Os anos dourados do primeiro time da Holanda a vencer a Liga dos Campeões da Europa

Os anos dourados do primeiro time da Holanda a vencer a Liga dos Campeões da Europa

Perguntar a um torcedor do Feyenoord sobre a “Era Dourada” é trazer na memória o período mais vitorioso do clube de Roterdã. Entre as décadas de 60 e 70, o time que já era temido no cenário nacional traçou voos maiores, continentais e gloriosos. No protótipo do que seria o Carrossel Holandês, De Trots van Zuid (O Orgulho do Sul) derrubou gigantes e se tornou a primeira equipe da Holanda a conquistar a Europa.

O Feyenoord entrou na década de 60 com uma seca de títulos que já durava 20 anos. Com a conquista do Holandês de 1960/61, o clube inaugurava uma nova era em sua história. Mais dois títulos nacionais nos três anos seguintes e uma semifinal de Liga dos Campeões fizeram com que a equipe sonhasse mais alto.

Por isso, apostou em Ben Peeters para comandar o time em 1967. Dois anos depois, ele traria para a cidade os títulos do Campeonato Holandês e da Copa da Holanda, no que seria a temporada mais emblemática do clube. Também em 1969, o Ajax, maior rival do Feyenoord chegava à final da Liga dos Campeões e teve a chance de se consagrar o primeiro time do país a vencer a competição. Na decisão, derrota de 4 a 1 para o Milan e mais um motivo para o time de Roterdã comemorar.

Com vaga assegurada para a Champions de 1969/70, tinha chegado a vez do Feyenoord tentar um feito para a Holanda. Ben Peeters voltou a treinar as categorias de base e a diretoria apostou no austríaco Ernst Happel, que havia conseguido bons resultados nos anos em que treinou o ADO Den Haag. O técnico que inspiraria o Carrossel Holandês de Rinus Michel e Johan Cruyff na Copa do Mundo de 1974,viu no elenco uma defesa sólida, grande marca da equipe nos títulos nacionais, e um ataque versátil e de muita técnica, o suficiente para montar uma equipe que jogasse um futebol muito diferente do que a Europa estava acostumada.

Cinco confrontos, todos em mata-mata de dois jogos, definiriam o campeão daquela edição de Liga dos Campeões, que pela primeira vez contou com o “gol fora de casa” e o fim da partida extra. Se duas equipes se igualassem em pontos, saldo de gols e gols marcados fora de casa, avançaria de fase quem tivesse mais sorte no cara ou coroa.

Na primeira rodada, contra o fraquíssimo KR, da Islândia, vitória por 12 a 2 (a maior goleada da história da competição até hoje) na ida e 4 a 0 na Holanda. Depois, o primeiro grande teste para o Feyenoord. Contra o Milan, que defendia o título da competição, as coisas não saíram bem no San Siro: 1 a 0 para os italianos. Na volta, e para um público absurdo de 60 mil pessoas, Jansen e van Hanegam marcaram, a defesa segurou os rossoneros e o Feyenoord surpreendia a todos ao derrubar o gigante de Milão.

Nas quartas de final, diante do Vorwärts Berlin, da Alemanha Ocidental, derrota por 1 a 0 fora e, novamente, 2 a 0 em Roterdã (Kindvall e Wery). Contra o Legia Varsóvia, que contava com as lendas Gadocha e Deyna, a defesa mostrou sua força na Polônia e segurou o 0 a 0. Na Holanda, as 63 mil pessoas que foram ao Feijenoord Stadium empurraram a equipe para a vitória (2 a 0) e primeira final de Liga dos Campeões do clube.

A decisão colocou frente a frente dois estilos de jogos bem distintos. Os escoceses com a força física e a bola aérea de um lado; os holandeses com toque de bola, movimentação e muita velocidade do outro.

No San Siro, em Milão, Happel armou muito bem sua equipe e deu um nó tático no Celtic que dois anos antes havia conquistado a Liga dos Campeões. O time sólido e com sangue frio dominou toda a partida e não perdeu o foco nem com o gol sofrido aos 30 minutos em cobrança de falta ensaiada dos escoceses. Dois minutos depois, o zagueiro e capitão Rinus Isräel igualou o marcador de cabeça. Dali em diante, o Feyenoord deu aula de jogo coletivo, Jansen e van Hanegem com passes pelo meio e Moulijn com dribles e velocidade pela esquerda, deixavam Kindvall em condições para marcar, mas o gol teimava em sair. Foram duas bolas na trave e uma sequência de defesas difíceis de Evan Williams, antes da história finalmente chegar a seu capítulo final.

Quando o duelo já se encaminhava para o final da prorrogação, Isräel lançou para Kindvall, um lançamento preciso, que nem as mãos de Gemmell puderam impedir, que fizeram o árbitro ignorar o pênalti claríssimo e dar continuidade ao lance. O artilheiro sueco foi implacável, dominou no peito e encobriu o goleiro. Feyenoord campeão.

Naquela 06 de junho de 1970, o time colocava Roterdã no mapa do futebol europeu, quebrava mais uma marca para o futebol holandês e ainda mostrava para o maior rival como se vencia a Liga dos Campeões.

(Em pé: Eddy Treytel, Guus Haak, Theo Laseroms, Piet Romeijn, Rinus Israel, Henk Wery, Cor Veldhoen, Eddy Pieters Graafland; abaixados: Rob Theuns, Ove Kindvall, Franz Hasil, Ruud Geels, Wim van Hanegem, Wim Jansen, Coen Moulijn)

Fotos: Reprodução

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