Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Foto: Lucas Figueiredo/CBF

O país tem visto nos últimos tempos um movimento de desinteresse pela seleção brasileira. O vexame do Mineirão na Copa de 2014, o decréscimo técnico da modalidade e os constantes escândalos envolvendo os dirigentes da modalidade – incluindo a CBF – tem servido para afastar cada vez mais o torcedor daquela que um dia foi considerada a principal equipe do planeta bola.

É compreensível este sentimento, mas não precisa ser aceitável. Acredito que há mesmo razão para se desgostar de algo que não desperta paixão, mas desrespeitar um importante símbolo nacional, algo que nos apresentou ao mundo como expoentes da principal modalidade esportiva do mundo, das poucas coisas que o estrangeiro sabia respeitar e admirar em nosso país; é preciso resgatar isso.

O auge dessa relação rompida aconteceu nesta terça-feira (13) no jogo do Brasil contra o Peru pelas Eliminatórias da Copa do Catar. Minutos antes da partida o torcedor não sabia onde poderia acompanhar Neymar e companhia porque nenhuma emissora de televisão de sinal aberto – ou fechado – chegou a um acordo com a Federação Peruana de Futebol por um acerto financeiro, somente um canal de streaming anunciava o duelo com um custo para o espectador. Ao final – e menos mal – coube à minúscula televisão estatal do país, o Canal Brasil, exibir o confronto.

Não é novidade emissoras estatais transmitirem futebol ou outros esportes. Peguemos dois exemplos dos mais conhecidos: a RAI, na Itália, e a BBC na Grã-Bretanha. Ali é possível conferir os principais campeonatos locais e internacionais.

No caso do Canal Brasil, o que se estranha é o fato de que a emissora tem muito pouca tradição em exibição de eventos esportivos ao vivo e uma pergunta que precisa ser feita: quem pagou pelos Direitos de transmissão? Se foi a CBF, como a própria transmissão do canal deu a entender, e a repassou à emissora estatal, por que escolher esta emissora e não qualquer outra – estatal ou privada? Se foi o próprio Canal Brasil quem adquiriu o direito, há de se questionar se este é um investimento necessário com o recurso do contribuinte.

O fato é que a seleção brasileira de futebol, sinônimo de tantas glórias e títulos, se viu diante de um cenário excepcional, experimentado anteriormente somente por modalidades com interesse bem menor no país. Nesse cenário, não é de se estranhar que o torcedor desacredita cada vez mais no time comandado por Tite e exalte com mais paixão seu time de coração ou até mesmo os grandes clubes europeus. O legado deixado pela CBF para a seleção é pífio e se não houver uma mobilização o desinteresse só irá aumentar cada vez mais.

Isso tudo em um momento em que Tite e seus comandados iniciam muito bem a caminhada rumo ao Catar, com dois jogos e duas vitórias. Mas para recuperar a confiança do torcedor será preciso muito mais do que vitórias em eliminatórias sul-americanas, se é que vocês me entendem.

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