O futebol é dinâmico e, nas últimas décadas, passou por diversas transformações. Aqui no nosso país, por exemplo, por contar com dimensões continentais, era impossível promover, até os anos 1970, um campeonato nacional como nos dias de hoje. 

Imagine só, com a aviação ainda muito precária, o Santos de Pelé jogar no seu auge, no início dos anos 1960, contra o Bahia em Salvador no domingo e enfrentar, na quarta-feira, o Grêmio em Porto Alegre. Por isso, os estaduais valiam tanto e até mais do que os torneios brasileiros que começaram a despontar em 1959, com o Bahia campeão da Taça Brasil. 

Mas hoje, com o mundo conectado por voos cada vez menos complicados, os estaduais obviamente perderam lugar para os nacionais e continentais. Atualmente, o Brasileirão é a meta dos times brasileiros e a Libertadores da América é a obsessão. 

Mas existe ainda um título para nós, brasileiros, que vale mais do que os dois citados anteriormente: o Mundial de Clubes. Sim, é inexplicável, já que para os europeus os duelos promovidos em países folclóricos da bola não tiram o sono de ninguém. Nem mesmo os vizinhos argentinos dão tanta pelota assim para o torneio organizado pela Fifa. 

Bem, mas e daí que o resto do mundo não liga? Para o torcedor brasileiro é uma delícia ver o seu time viajar para um país distante e bater na final um poderoso time europeu. 

Pergunte a qualquer são-paulino se ele guarda em sua memória mais momentos da final da Libertadores de 2005 ou do Mundial do mesmo ano, contra o Liverpool. Ou para os colorados que no ano seguinte venceram o torneio continental contra o Tricolor paulista e o Mundial simplesmente contra o Barcelona de Ronaldinho Gaúcho. 

Por isso, passa longe de ser “complexo de vira latas" seguirmos valorizando tanto o tal torneio, mesmo que os demais países não façam questão de ganhar. E, se o Palmeiras conquistá-lo mais tarde, será, sim, a taça mais importante de sua rica galeria. Ainda mais por todo contexto, envolvendo tantas provocações dos rivais nos últimos anos.