Não só de vitórias vive um clube. Mas de luta, de raça, de brilhos, de desejo por conquistas e de crescimento. Tais virtudes fazem com que a torcida crie laços e se identifique com o time do coração.

Não só de vitórias vive um clube. Mas de luta, de raça, de brilhos, de desejo por conquistas e de crescimento. Tais virtudes fazem com que a torcida crie laços e se identifique com o time do coração.

A equipe do São Paulo, sempre elogiada pela estrutura, pela administração, pelos títulos e principalmente pela conduta, tem tido uma série de problemas recentes evidenciados principalmente na gestão desta diretoria ou mesmo por conta dela que acabaram trazendo uma série de dissabores à torcida, que acostumada com inúmeras ações de sucesso que trouxeram o clube para a grandeza e o agigantamento que ainda o caracterizam não encontra caminhos para protestar e ajudar a agremiação a reencontrar o rumo.

Não só de vitórias vive um clube. Mas de luta, de raça, de brilhos, de desejo por conquistas e de crescimento. Tais virtudes fazem com que a torcida crie laços e se identifique com o time do coração. Cada torcedor tem uma história de um jogo, de um gol, um impedimento, uma penalidade, uma vitória ou uma derrota que marcaram. Enfim, tanto nos sorrisos quanto nas lágrimas o amor pela agremiação apenas cresce. O São Paulo dos últimos tempos está longe disso. Apático, sem vontade, sem gana, sem qualquer identificação com os menores valores do esporte.

Emerson Leão, técnico do São Paulo - Crédito: Divulgação/VIPCOMM

Leão veio para chacoalhar. Depois de vários insucessos da atual diretoria que já começou errando em demitir Muricy Ramalho, que apenas tinha conquistado três Brasileiros seguidos, fato inédito no futebol, vários nomes contribuíram para um verdadeiro show de horrores que se estabeleceu no Morumbi. Ricardo Gomes, Sérgio Baresi, Carpegiani, Adílson Baptista, enfim, várias tentativas foram feitas e por diferentes razões o time não apresentou qualquer sinal de que poderia voltar a praticar um futebol de qualidade. Leão era a aposta na reconstrução do clube. Com fama de bravo, com espírito de cobrança, a esperança era o retorno do tal time "cascudo? que conquistou o campeonato Paulista no distante 2005.

Não há como saber o quanto daquela conquista se deve a Cuca, ou a Rojas, autor do esquema que se manteria por anos no tricolor, o famoso 3-5-2, que fora resgatado desde que Vadão o utilizou com êxito em 2001, ao vencer o Rio-SP. Fato que nem Leão, nem Autuori, para citar dois técnicos que não gostam do esquema, conseguiram modificar esta estrutura. Foi com ela que Leão conquistou o Paulista e foi com ela que Autuori conquistaria a Libertadores e o Mundial. Hoje parece claro que Leão, se tivesse ficado naquele momento ? o técnico saiu para ajudar um amigo no Japão, no fim da primeira fase da Libertadores ? não teria conquistado tanto. Com seu temperamento difícil, o técnico já dava mostras de desgaste com o elenco, com a diretoria e com a torcida. Teve sorte que o sucessor não era tão vaidoso e permitiu alguns créditos daqueles títulos. Por isso a estranheza de parte da imprensa na escolha dele, Emerson Leão, para reassumir o São Paulo.

Quase aposentado, sem projeção alguma e longe dos holofotes, Leão retornou ao clube sem o poder de cobrança que sempre caracterizou seus trabalhos. Alguns atribuíam o fato ao contrato de prazo determinado que tirava o poder do treinador. Mesmo com a extensão do mesmo, Leão parecia mais calmo, o rugido era quase um miado e o elenco, praticamente remodelado, parecia ainda absorver a apatia e o atabalhoamento que caracterizou o time nas temporadas anteriores.

Leão cismou com Lucas, cismou com Denis, abraçou Paulo Miranda e Cícero, este último com cadeira cativa no elenco, e conseguiu irritar jogadores, torcida, diretoria e qualquer pessoa apaixonada por futebol. Colecionou uma série de fracassos e poderia ter o nome gritado... pela torcida adversária. É óbvio que o problema do São Paulo vai muito além do técnico. Vários nomes passaram com o mesmo insucesso. E o pior é que a torcida nem está cobrando apenas títulos, mas, sobretudo empenho, vontade e capacidade de conquistas. Ganhar ou perder faz parte do jogo. Falta de vontade e apatia não têm lugar no esporte. Em qualquer um.

Leão é apenas um sintoma de algo mais grave e ainda não inteiramente desvelado para os torcedores. Tem questões políticas, administrativas que parecem travar o clube que sempre foi pioneiro em projetos, mas que agora está sendo superado pelos principais rivais. Ainda há tempo para mudanças, a torcida acena com protestos, com discussões e com ideias. Cabe agora aos que detém o poder no clube, escutar e remodelar a conduta. Que o São Paulo volte a ser o time que está acima dos homens que o comandam e não mais o contrário. Isso deve bastar para que o clube volte ao caminho das vitórias.


Por Flavio Padovani

Flavio Padovani, mais conhecido como Repórter Bandana é a terceira geração de uma família que torce para o São Paulo desde o avô. Responsável pela comunicação do Arquibancada Tricolor, espera ainda pela volta de Lugano e pelas conquistas da América e do Mundo, ainda com Rogério Ceni atuando no gol.

Acesse o Portal: www.arquibancadatricolor.com.br | Siga no Twitter: @arqtricolor e @reporterbandana | Curta no Facebook: facebook.com/reporterBandana

Imagem: @CowboySL

Últimas do seu time