As histórias de Natal de todos nós

As histórias de Natal de todos nós

Foto: UOL

Com o Natal batendo à porta é difícil não cair no lugar comum. Confesso, não resisti...

A figura do bom velhinho, aquele que um dia me trouxe o Vertiplano e o Eletrodiversões da Estrela, o Piloto Campeão da Trol e o Automatma da Atma, entre outros, sempre me comoveu.

Um dia, meu bom pai me revelou uma história que me deixou triste e eu deixei de ser um pouco, só um pouco, menos sonhador do que eu era.

Recuperei o elã que havia perdido no Natal em que fui eu o bom velhinho do meu filho e percorri lojas em busca dos bonecos Buzz Lightyear e Woody, companheiros de jornada no desenho Toy Story. A tarefa foi árdua, os danados haviam sumido das prateleiras e os encontrei solitários, os dois últimos remanescentes quando eu já estava digamos, desesperado...

A carinha do meu filho, quando os viu, trazidos pelo tal "Papai Noel", é algo que vou me lembrar até o último dia da minha vida, como a imagem de Rosebud para o moribundo Charles Foster Kane, de Cidadão Kane, o filme dos filmes. Talvez eu morra dizendo Buzz!, Woody!, e ninguém entenda, achando se tratar de um delírio...

Talvez eu também diga "Zapara", "Pau-Brasil" e "Mundo da Lua". Se meu filho estiver por perto certamente vai entender. Só ele.

Quando escrevo uma crônica, como esta pretensa que o paciente leitor que chegou até aqui está lendo, costumo começar pelo título. Títulos bons ajudam.

"Bernie, o bom velhinho", considero um bom título. Chamativo, principalmente para os que acompanharam mais um ano meu escrevendo sobre automobilismo aqui no Portal Terceiro Tempo.

Bernie é o Ecclestone. Acho que todo mundo conhece, o chefão da Fórmula 1.

Ele é velhinho mas continua lépido. Não vou julgar se é pessoalmente bom ou mau, nem vou listar adjetivos para sua jovem esposa, mas enfatizar o bem danado que ele fez à categoria máxima do automobilismo.

Transformou corridas de carros em um negócio rentável e admirável.

Há controvérsias, claro. Em seus tempos de Brabham, sua equipe nos anos 70 e 80, tinha práticas pouco ortodoxas, para dizer o mínimo, como uma confessa na entrevista que Alex Dias Ribeiro deu a mim neste ano.

Bernie ofereceu um contrato ao brasileiro em 1975, sem que Alex pudesse levar a papelada a um advogado.

"Piloto que guia para mim não consulta advogado", decretou Ecclestone.

Alex pulou fora. Poderia ter ficado na "geladeira" por três anos em um contrato draconiano.

Outro ex-piloto, que também entrevistei, Wilsinho Fittipaldi, disse que a personalidade marcante em sua vida foi exatamente Bernie Ecclestone.

Antenado, Bernie acenou com uma possibilidade radical para tentar evitar o óbvio no próximo ano, que um piloto ganhe o Mundial com várias corridas de antecedência, sugerindo pontos dobrados na última etapa do ano (na verdade ele queria que a bonificação fosse nas três últimas).

Mas ele dá sinais de talvez deixar tudo como foi até agora.

Isso porque em 2014 dificilmente Vettel ou qualquer outro consiga disparar no campeonato como aconteceu ultimamente. Os motores turbo vão quebrar como nozes e castanhas no Natal. Aposto nisso.

E, mesmo que alguém dispare, talvez ele mude as regras do "jogo" por conveniência, para tornar o final do campeonato emocionante, e não modorrento como o Brasileirão deste ano, uma das coisas mais chatas que vi na vida.

No fundo, Bernie não faz por mal. É um bom velhinho.

Lida com o negócio F1 como ninguém e nunca terá um substituto à altura, no dia em que for consumida a última gota de combustível do seu trenó...

Já ia me esquecendo.

Quando eu estiver em meu momento "Cidadão Kane", além de balbuciar Buzz!, Woody!, Zapara!, Pau-Brasil! e Mundo da Lua!, talvez eu também diga Bella!

Alguém há de entender.

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