As semifinais jorram tradição, são quatro gigantes que chegaram na reta final aos trancos e barrancos, dependendo de atuações individuas brilhantes e/ou decisivas

As semifinais jorram tradição, são quatro gigantes que chegaram na reta final aos trancos e barrancos, dependendo de atuações individuas brilhantes e/ou decisivas

As paredes são construídas e respeitadas pelos tijolos que berram história na mesma medida de seu deteriorar, as capelas se embelezam e eternizam com as pinturas que, aos poucos, desbotam e dão charme à áurea clássica, os poemas “perdidos” no tempo são sofisticados na medida em que a erudição de linguagem desnuda nosso panorama sem cores, causado pela penumbra que o excesso provoca; só os idiotas da objetividade não enxergam a beleza na fragilidade, a mistura chocante entre o baluarte e o enferrujar, a arte atemporal com o pó e a traça que a consome, a insatisfação absoluta na fartura, a flor que teima em romper o asfalto na rua hostil. Essa mistura perturba e inebria, nenhuma mente sóbria passa incólume por ela.

As semifinais jorram tradição, são quatro gigantes (para os reféns do carimbo do título, não peço perdão, os pupilos de Nassau são sim um titã) que chegaram na reta final aos trancos e barrancos, dependendo de atuações individuas brilhantes e/ou decisivas (Messi, Robben, David Luiz, Kross). Não há um favorito que se destaque aos demais, as quatro equipes mostraram seus trunfos e lacunas durante o torneio. Como compreender facilmente que o Mundial no Brasil é exuberante por (ou apesar?) não possuir nenhum time excepcional? Dirão alguns que a lógica é contrária, o surpreendente nível técnico apresentado na maioria dos jogos advém de todos os times (com a devida exceção camaronesa) estarem demonstrando um futebol competitivo, com formações compactas e sem abdicarem da meta adversária. Tudo bem, aceito a réplica, mas acho que o motivo principal de haver tantas partidas parelhas, de resultado imprevisível até o fim da peleja, é por não haver nenhuma equipe excepcional, assim como não há seleções sofríveis. Quando há a junção de bons jogadores, equipes de nível similar fomentando a sensação de imprevisibilidade e um calor que não permite uma marcação transloucada em período integral, pronto, está formado a receita para jogos tão vistosos como temos presenciado. Essa será, sim, lembrada com a copa de grande jogos e seleções razoáveis; sinopse que não depõe contra o evento e nem minimiza o feito da equipe campeã, quem quer que seja. Reluz de modo mais sublime a simbologia da espada samurai, morrendo e matando entre os iguais, do que a vitória inconteste do míssil tomahawk sobre a aldeia. Mas isso é só uma partida de futebol. Será?

Foto: UOL

Últimas do seu time