Rivais paulistas foram eliminados na Copa do Brasil e estão próximos do Z4 no Brasileiro. Foto: Ivan Storti/Santos FC

Rivais paulistas foram eliminados na Copa do Brasil e estão próximos do Z4 no Brasileiro. Foto: Ivan Storti/Santos FC

Eliminados da Copa do Brasil na mesma semana e na mesma fase, Santos e São Paulo tem muitos outros pontos em comum nesse momento da temporada. Além da queda do torneio mata-mata, os rivais vivem crise, apresentam resultados ruins recentes e estão situação delicada no Campeonato Brasileiro, próximos da zona de rebaixamento.

Outro ponto em comum entre ambos é que a análise das crises das duas equipes não pode se dar apenas por problemas técnicos, dentro de campo. As fases ruins da dupla San-São ultrapassa as quatro linhas e vão muito além de apenas uma má fase. O campo, aliás, é apenas um reflexo do que os clubes se tornaram foram dele!

No Peixe, a grande questão é o momento que o clube, como um todo, se encontra. O clube da Vila Belmiro vive profunda crise financeira e tem a política interna efervescente. Nesse contexto, o presidente Andrés Rueda não esconde que o Santos “vende o almoço para comprar a janta”, e pena todos os meses para pagar salários. Assim, peças importantíssimas que levaram a equipe até a final da Libertadores 2020 deixaram o clube e renderam pouco dinheiro aos cofres alvinegros (casos de Soteldo, Lucas Veríssimo, Luan Peres, Diego Pituca, Kaio Jorge)

Os problemas vividos pelo Santos hoje, e que entram em campo de uma forma ou de outra, vêm de muito de tempo, plantados por gestões passadas que destruíram o clube. a partir daí, surge a incapacidade de investimento, a instabilidade do elenco que convive com atrasos, a pressão da torcida (muitas vezes coordenada pela oposição). E nessa confusão, o Peixe já está em seu quarto treinador na temporada (Holan, Diniz e Marcelo Fernandes – que assumiu interinamente).

No São Paulo, a situação financeira também não é das melhores. Não por acaso o clube “abriu mão” de Daniel Alves ao ver a incapacidade de manter o jogador e pagar a dívida que tem com o mesmo. Mas no Tricolor, o problema maior parece ser outro. A equipe do técnico Hernán Crespo fez uma escolha no planejamento da temporada: priorizar o Campeonato Estadual e conseguir um resultado de curto prazo, para sair da tão incomoda fila sem títulos. Conseguiu. Mas a conta chegou.

Após o Paulista, o elenco tricolor, que não teve férias entre o fim da temporada 2020 e o início de 2021, “estourou”. O time do Morumbi é quem mais sofreu com lesões no Campeonato Brasileiro até aqui. A crise das lesões levou o técnico Crespo a criticar até mesmo a estrutura do clube, que parecia não estar pronto para dar suporte ao elenco da forma que a temporada exigiria.

A partir dos inúmeros e constantes desfalques, o time desandou. Perdeu organização e intensidade. Perdeu, mais do que tudo, confiança. O São Paulo aparenta ser hoje um time com emocional frágil, que se desestabiliza com as ações do adversário.

Mais do que resolver as questões táticas e técnicas, mais do que ajustar as coisas dentro de campo, Santos e São Paulo precisam dar estabilidade aos seus elencos. Precisam organizar suas casas. Criar um cenário de tranquilidade internamente. As duas equipes tem um turno inteiro para evitar um vexame histórico que seria o rebaixamento no Brasileiro. Ambos contam com elencos bons o suficiente para brigar na parte de cima da tabela. Mas as coisas precisam começar a funcionar na Vila e no Morumbi, e não falo apenas dentro de campo.

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