Não importa quem vencerá a Copa! Calma, não questiono a relevância histórica e esportiva do evento, muito menos a qualidade dos jogos

Não importa quem vencerá a Copa! Calma, não questiono a relevância histórica e esportiva do evento, muito menos a qualidade dos jogos

Não importa quem vencerá a Copa! Calma, não questiono a relevância histórica e esportiva do evento, muito menos a qualidade dos jogos; é inegável o bom nível técnico demonstrado na maioria dos jogos e o estilo de jogo impetuoso que seleções de menores expressões tem demonstrado. Jogos como Coréia do Sul X Argélia, Honduras X Equador, tem demonstrado equipes que não se contentam com o jogo amarrado e, mesmo com indiscutíveis limitações por ambos os times, proporcionam um espetáculo emocionante e agradável de se assistir, bem diferente das recentes Copas que antecederam à do Brasil, onde testemunhávamos verdadeiras sessões de tortura com times do naipe da China em 2002, Coréia do Norte em 2006 e da eficácia hostil e truculenta dos brutamontes da Nova Zelândia em 2010.

A frase que iniciou o texto refere à mania intermitente e cansativa de fazer da Copa a juíza do panteão, imantada com o espírito da infalibilidade papal; quantas vezes já ouviu a balela: “Ah, mas para ser comparado à Pelé, Maradona, Zidane, tem que vencer uma copa, fazer isso e aquilo”? Entretanto, essa copa tem demonstrado que por mais que haja o destaque individual, é imprescindível um senso coletivo que ofereça os dispositivos necessários para o triunfo. Os três maiorais exemplificam essa tendência ao fim do “ganhou sozinho”, Neymar tem jogado muito bem, a criação e arremate com qualidade passam sempre pelos seus pés; Cristiano sofre pelas suas limitações físicas após uma temporada muito puxada e por ser o astro de uma equipe somente mediana; Messi, mesmo longe de estar em seu esplendor físico mostrado em temporadas passadas, tem sido decisivo como sempre se cobrou do mesmo na seleção, levando uma equipe que está mais para arremedo vulnerável à postulante ao caneco. O que os três têm em comum além da obviedade de serem craques? Todos eles não poderão serem responsabilizados por uma eventual queda, ao contrário, se essas seleções ainda estão vivas e com sobras (com exceção lusitana, as pernas cansadas de Cristiano e a companhia medíocre que o cercara, impediram uma campanha digna) é pela genialidade absoluta da “Pulga” e de Neymar. O resultado ficará na história, será celebrado e cantado em versos épicos com a fantasia de Homero, mas para esses três rapazes, a história já escancarou um lugar no salão de festas onde só entram Drummond`s, Beethoven`s, Bach`s, Ali`s, Jordan`s, Pelé`s, Maradona`s. Após provar suas façanhas transmitidas via satélite ou os dribles impensáveis onde só o cachorrinho tolerado no CT de treinamento pôde admirar, o senhor Mané (zelador dessa casa onde a festa acontecia), amante da arte pela arte, esbravejou: “ Nessa festa, o resultado final da copa é irrelevante para validar ou não a entrada triunfal, quem elevou à níveis estratosféricos a habilidade de se fundir a uma bola, é muito mais do que a bola e os rumos que esse objeto sem vida (será?) toma em um torneio”. O que pode ser já é a plenitude do ser, o que é morre na consumação do fenômeno. Messi, CR7 e Neymar sempre podem mais, nunca nos satisfazemos, somos escravos mentais do devir do gênio.

Foto: UOL

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