Arboleda chegou ao São Paulo no fim do mês de junho e sempre foi titular

Arboleda chegou ao São Paulo no fim do mês de junho e sempre foi titular

Bruno Grossi e José Eduardo Martins
Do UOL, em São Paulo (SP)

O São Paulo mantém o discurso de caça aos 47 pontos no Campeonato Brasileiro para eliminar qualquer risco de rebaixamento. Faltam, então, dois pontos para que a paz seja oficializada no Morumbi. Depois de dois empates seguidos, contra Chapecoense e Vasco, a nova chance de alcançar a modesta meta será às 19h30 desta quarta-feira, em Porto Alegre, contra o Grêmio. Vencer fará o Tricolor Paulista superar o próprio objetivo e manterá acesa uma breve esperança de classificação para a Copa Libertadores da América.

"Acho que primeiro a cabeça de nós todos está em conseguir os pontos para sair do grupo debaixo. Esse é o pensamento: conquistar os pontos que faltam e jogar partida a partida. Depois pensamos em Libertadores. Precisamos colocar as coisas no lugar", ponderou o zagueiro Robert Arboleda, que rasgou elogios ao técnico Dorival Júnior. Entre outras coisas, disse que o treinador "tirou o medo" do time, que viveu grave crise na temporada. Se agora pode sonhar mais alto, a torcida deve um pouco ao equatoriano, que concedeu entrevista ao UOL Esporte na última terça.

Para voltar à Libertadores após um ano de ausência, o São Paulo tem dois caminhos: ficar entre os sete primeiros - desde que o Cruzeiro, campeão da Copa do Brasil, esteja nesse grupo - ou entre os nove. No segundo cenário, é preciso que Grêmio e Flamengo sejam campeões, respectivamente, da Libertadores e da Copa Sul-Americana. Pelo primeiro formato, apenas uma campanha perfeita de quatro vitórias nos últimos quatro jogos poderia levar os são-paulinos aos G7, mas ainda assim seria preciso torcer outros resultados.

Por toda essa dificuldade, Arboleda tenta manter os pés tricolores no chão. A realidade do clube paulista, para o equatoriano, é de celebrar a permanência na Série A e iniciar a preparação para a próxima temporada:

"Anteriormente, estávamos com a cabeça muito carregada de problemas. Queríamos sair, mas a rodada terminava e sempre estávamos entre os últimos. Agora já conseguimos ficar mais felizes, posso dizer assim, porque melhoramos, conseguimos jogar as coisas ruins para longe. Estamos jogando melhor, temos mais confiança, algo que faltava muito antes. Estamos mais soltos, pensando que temos qualidade para irmos para casa tranquilos e termos um ano bom em 2018. Um ano em que podemos conseguir coisas grandes com o São Paulo, que não merece lutar na zona de rebaixamento. O time é grande e precisa estar em cima sempre. Eu sinto que às vezes nos faltava algo para levar o São Paulo ao lugar que merece".

Arboleda é um dos símbolos de mais uma reconstrução do São Paulo - a segunda somente nesta temporada. Em campo, é rápido e técnico, características perseguidas pela comissão técnica de Dorival Júnior. Ainda é jovem - tem 25 anos - e passou a ser convocado constantemente pela seleção do Equador, o que pode potencializar o investimento de US$ 2 milhões para o futuro. Para a torcida, já um dos atletas mais queridos. Mas a instabilidade vivida pelo clube poderia ter atrapalhado toda essa ascensão. O zagueiro, então, agradece a Dorival pelo trabalho executado até aqui.

"Com o `profe´ Dorival, o time todo mudou. Antes não tínhamos muita posse, agora temos. Creio que o posicionamento do time ficou melhor. E creio que a motivação e as palavras de confiança que Dorival nos passa são muito importantes para os jogadores. Isso ajuda a não ter medo no campo de jogo, a fazer coisas com humildade, sacrifício e simplicidade. Aprendi com ele a jogar com mais personalidade e menos medo de errar, jogando como sei", valorizou.

A estreia de Arboleda pelo São Paulo foi no dia 9 de julho, em clássico contra o Santos. Rogério Ceni havia sido demitido seis dias antes, o time tinha Pintado como técnico interino e Dorival estava sendo contratado. Diante de toda essa turbulência e com poucos dias de treino, o equatoriano chegou, foi titular e ainda marcou um gol na derrota por 3 a 2. O time ainda tropeçaria nas duas partidas seguintes, já com Dorival, chegando a nove jogos sem vencer. Viria ainda uma vitória magra sobre o Vasco e, também na marra, um empate contra o Grêmio. Um turno depois, Arboleda acredita que o Tricolor tem condições de apagar a imagem deixada pelo primeiro confronto com os gaúchos no Brasileirão, marcado por domínio dos visitantes no Morumbi.

"Quando jogamos contra eles, o time ainda estava se conhecendo, se formando. Ainda nos conhecíamos, tínhamos três jogos com Dorival e pouco entrosamento. Desde então mudamos muito, desde a forma de jogo... Muitas coisas mudaram! Estamos jogando melhor em casa e fora. O jogo será muito diferente do que foi no primeiro turno. Agora temos melhor posse de bola, melhor posicionamento. Tomávamos muitos gols e agora já não é como antes. Estamos melhorando. A partida será boa para o São Paulo e para o Grêmio. Acredito em um grande espetáculo", analisou .

Mas para jogar bem e voltar a vencer, os comandados de Dorival Júnior precisam mudar a escrita de visitante ruim neste Brasileirão. Foram apenas três vitórias e três empates, além de 11 derrotas atuando fora de casa. Arboleda, que só não foi titular quando defendeu a seleção equatoriana e já soma 21 partidas pelo Tricolor, sabe as razões para essas estatísticas negativas, mas acredita que o time já conseguiu deixar os obstáculos para trás.

"O trabalho que o São Paulo tem feito está bom. Professor Dorival sabe muito de futebol. Antes nos deixávamos levar muito pelo desespero, queríamos ganhar de qualquer jeito. O desespero fazia a gente cometer erros que não desejava. E no futebol uma pequena falta de concentração te custa tudo. Creio que isso nos atrapalhou muito em jogos fora de casa. No Brasil, todos os estádios ficam cheios de torcedores dos times locais e não sentimos o apoio que sentimos em casa, sempre com nossa torcida motivando. E eles vão aos outros jogos, mas como visitantes não sentimos a mesma vibração", explicou.

Foto: Bruno Grossi/UOL Esporte

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