Bruno Grossi e José Eduardo Martins
Do UOL, em São Paulo (SP)
Diego Aguirre deve inovar na escalação do São Paulo. Para enfrentar o Atlético-PR nesta quarta-feira (4), na Arena da Baixada, pela Copa do Brasil, o treinador uruguaio deve montar a equipe com três zagueiros. Tal sistema não é tão comum no país, sendo justamente no Tricolor, com Muricy Ramalho, no tricampeonato nacional (entre 2006 e 2008), a última vez que vingou.
Nos últimos anos, o São Paulo até flertou com a possibilidade de utilizar tal formação, mas o namoro não passou de algumas tentativas com Juan Carlos Osorio, em 2015, e Rogério Ceni, na última temporada. Especialista no assunto, Muricy acredita que com Rodrigo Caio, Arboleda e Bruno Alves o clube do Morumbi tem potencial para repetir o sucesso do passado.
"O Rodrigo Caio, com certeza, vai fazer bem a função porque jogou de volante e sabe sair jogando. Tenho dúvida com o outro zagueiro, o Bruno Alves, porque ele tem de sair jogando e não vi ele nessa posição. O Arboleda centralizado, pelo que vi no desenho que acompanhei do treino, é o homem ideal porque tem velocidade. Se adaptar o Bruno Alves, e quando tiver com a bola ele souber abrir para ajudar, ficou bom. O Jucilei e o Liziero são perfeitos para atuar desse jeito. O Jucilei por trás vai liberar Nenê, Cueva e Tréllez. O papel engana, mas o desenho tático que fizeram no treino é muito bom. Precisa de treino e tempo para acostumar, até porque o São Paulo não tem jogado desse jeito", disse Muricy.
Com Rogério Ceni, no ano passado, Rodrigo Caio atuou mais como volante. Desta vez, ele vai permanecer como zagueiro. Tal sistema também fez com que Militão passasse da zaga para a lateral direita - onde atua nesta temporada. Coincidentemente, o ex-goleiro abandonou tal formação após uma derrota por 1 a 0 para o Atlético-PR, no primeiro turno do nacional de 2017, com o trio Militão, Lugano e Rodrigo Caio. Sucessor de Ceni, Dorival Júnior dizia cogitar tal formação, mas jamais treinou o time desta maneira.
"Acho que você tem de ver os jogadores que o técnico tem para depois montar o esquema. Há pouco tempo, o Abel Braga tentou usar o sistema no Fluminense com três zagueiros e deu resultado. Mas ele fez isso porque tinha dois laterais que não eram muito laterais como a gente está acostumado, principalmente o Gilberto, que partia muito para o ataque. Então, ele liberou mais os jogadores", explicou Muricy.
No exterior, equipes com três zagueiros não são incomuns. A badalada seleção alemã costuma atuar desta maneira, e como clubes como o Arsenal, da Inglaterra, e a Juventus, da Itália, também usam a estratégia em algumas partidas.
"No Brasil se criou a ideia de que o sistema com três zagueiros é muito defensivo, mas não é assim. É claro que os zagueiros têm de saber jogar. A escola nossa que diz essa besteira de que é um time retrancado, mas a Alemanha chegou a fazer até linha de cinco jogadores na defesa durante a Copa das Confederações quando ganhou. É questão de ver como vai fazer com a bola no pé e quando está sem bola. Não quer dizer nada, essa história de que é um sistema de retranca, mas por isso no Brasil os técnicos se assustaram", afirmou Muricy, que montou um time ofensivo em 2007, mesmo com tal formação.
"Não sofri muita crítica quando usei esse sistema no São Paulo porque fui campeão e quando você vence tem menos críticas. Mas, mesmo assim, diziam que era muito defensivo. Assusta falar em três zagueiro, mas como o sistema libera laterais é a mesma coisa em número de jogadores", completou Muricy, que escalou o São Paulo em 2007 com Rogério Ceni; Breno, Alex Silva e Miranda; Souza, Hernanes, Richarlyson e Jorge Wagner; Leandro, Dagoberto e Borges.
Foto: Diego Padgurschi/Folhapress (Retirada do Portal UOL)
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