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Por Marcelo Cirino, médico formado pela USP e autor do livro de história da Ferroviária "Fonte Luminosa?


Se existe uma coisa que as crianças gostam é passar as férias na casa dos avós. Comigo não foi diferente. Me sentia acolhido e seguro na residência dos meus avós maternos em Borborema.Meu avô Francisco Inaco, palestrino e "udenista" fanático, tinha um armazém de cereais na frente de sua casa e um enorme quintal, nos fundos. Todos os dias íamos a um armazém de beneficiamento da família Zanchetta para onde os sitiantes levavam o arroz colhido e este era descascado, saindo da máquina (enorme, de madeira) limpo. A palha e a "quirela", pedacinhos de arroz quebrados, de pouco valor comercial, saiam por outros lados. Eu me esbaldava brincando no monte de palha de arroz.

Com ouvidos inocentes e imaturos ouvi, certa vez, meu avô comentar que existia um goleiro em Araraquara que não tomava gols. Fiquei curioso. Como era possível um goleiro que não toma gols? De tão bom goleiro que era, segundo noticiários da "Gazeta Esportiva", teria despertado interesse no Palmeiras em contrata-lo. Acreditei que seu nome fosse "Arrozan", marca de um arroz beneficiado no armazém de Borborema.

Passei, então, a executar defesas imaginárias, me jogando contra o seguro monte de palha de arroz e dizendo: "Defendeu, Arrozan!". Fui esclarecido pelos adultos, para minha infantil decepção, que seu nome verdadeiro era Rosan.

Florisvaldo Rosan fez, juntamente com Fia, Sérgio Bergantim, Abelha, Tino e Sandro, dentre outros, parte da encantada constelação de goleiros espetaculares que a Ferroviária sempre teve ao longo de sua história. Chegou a Araraquara vindo de São José do Rio Preto, sua cidade natal, contratado junto ao Rio Preto Esporte Clube.

Convocado para a Seleção Paulista para a disputa do Campeonato Brasileiro de Seleções, em 1960, foi reserva de Gilmar. Além da Ferroviária, jogou no Palmeiras, Prudentina, Comercial de Ribeirão Preto e América do Rio de Janeiro. Reside atualmente em Avanhandava, interior do Estado de São Paulo.

Rosan foi, sem dúvida, um dos maiores atletas que já atuaram pela AFE e ficou para sempre em minha memória como o goleiro que não tomava gols

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