A partida de abertura das quartas de final do Campeonato Paulista marca um encontro, no mínimo curioso e improvável até oito meses atrás.
Pintado, atual técnico do São Caetano, era auxiliar técnico do São Paulo no período. Deixou o Tricolor após a chegada de Dorival Junior.
A saída foi conturbada. Duas semanas antes de ser demitido Pintado já havia sido afastado das funções junto à equipe principal. A contratação de novos profissionais precipitou a saída.
Hoje, com o time preparado para enfrentar o São Paulo neste sábado, às 16h, no Anacleto Campanella, o treinador confessa que a última passagem pelo Tricolor não foi como ele planejou.
“Muita coisa que eu indiquei que poderia dar errado acabou se concretizando. Costumo dizer que eu estava no lugar certo, na hora errada”, lembra o ex-volante.
Que vai ainda mais longe: “O São Paulo não precisaria passar por algumas dificuldades se tivesse dado ouvidos, não só a mim, mas a outros profissionais que estavam lá”.
Pintado, que enalteceu o poder de recuperação do São Caetano no Campeonato (a equipe estava na zona de rebaixamento quando ele assumiu depois da quinta rodada da competição), afirmou que pretende jogar no Anacleto Campanella se a equipe avançar às semifinais.
“Jogar em casa com o nosso torcedor, nosso gramado... o torcedor merece. Para nós é um grande momento e jogar em casa pode oferecer uma força extra para enfrentar o São Paulo. Se a gente puder jogar em São Caetano (se avançar de fase) a gente deveria continuar jogando aqui”.
Ouça a entrevista com o técnico do São Caetano:
CLIQUE AQUI E VEJA A PÁGINA DE PINTADO NA SEÇÃO QUE FIM LEVOU
Falta de tudo um pouco. E um pouco de tudo: calendário, organização, tabela, critérios...
As alterações promovidas pela Federação Paulista de Futebol para fase quartas de final do campeonato estadual mostram, claramente, que não há conexão de quem “faz” o futebol com a sociedade em diversas esferas.
Depois da definição (espero que não mudem mais nada até o fim do texto) fiquei me perguntando: de que adianta os presidentes e representantes se reunirem por três horas, discutirem e se exaltarem na busca de um consenso para, no dia seguinte, tudo ser alterado?
Todo mundo sabe, até quem nem acompanha futebol, que o desejo da televisão que detém os direitos de transmissão é o quesito a ser contemplado. Com correção, afinal a empresa está bancando a competição.
E todos sabem também, já que o assunto é explorado à exaustão, que a Polícia Militar e o Ministério Público tem preocupação especial com eventos de futebol na cidade.
Só para ilustrar lembro aqui que desde abril de 2016 os clássicos são disputados com torcida única. E que é impossível para a PM garantir a segurança do cidadão quando temos dois jogos na capital no mesmo dia.
Essa semana descobrimos que a zona de insegurança avançou para a região metropolitana, já que a partida do São Paulo ocorrerá em São Caetano do Sul. O argumento do encontro de torcidas (uma indo e a outra voltando) é válido. Quem sabe das deficiências e dificuldades da Polícia Militar além da própria?
Modestamente sugiro aqui dois procedimentos que podem minimizar atritos e problemas na próxima edição do Paulista:
1 – Que a PM e o Ministério Público sejam convidados a participar e apresentar propostas e soluções nas chamadas reuniões arbitrais da Federação para evitar que tudo aquilo que se discuta num dia de nada valha no outro.
2 – Que seja alterado no regulamento o item que trata da questão do mando de campo. Se for para utilizar, que seja criteriosamente analisado.
Hoje alguns clubes do interior pensam em chegar à segunda fase para tirar o mando de campo da própria cidade em nome de uma renda maior.
Nessa São Caetano, Novorizontino e Botafogo, foram bem. Deram aos habitantes de suas cidades a possibilidade de fazer festa recebendo os grandes.
Nos bons tempos, quando o futebol do interior tinha força e representatividade maiores, as partidas com a presença dos grandes se transformavam em verdadeiros eventos. Movimentavam a economia local (bares, restaurantes, turismo e serviços). Os estádios também lotavam. Tenho certeza que isso ainda existe.
Pensar em engordar o cofre num momento em que o clube pode, esportivamente, tirar algum proveito se jogar em casa (e quem já foi ao estádio do Bragantino sabe como é difícil a vida do visitante lá) é ir contra lógica do desporto.
Futebol, como qualquer esporte, é competição. Quem entra para competir quer vencer e não ganhar dinheiro. Óbvio que os clubes estão passando o chapéu. A realidade é cruel sim. Mas, para vencer (princípio do esporte de competição) é importante também aproveitar a vantagem que lhe for conferida. Não é garantia de resultado, lógico.
Quer fazer dinheiro vá trabalhar na Casa da Moeda.
Não é por nada não, mas o Tite, sempre coerente em suas declarações e pensamentos merece aqui uma criticazinha: nunca ter chamado o Vanderlei, o Buffon da Vila (sim, fui eu que ensinei Milton Neves a chama-lo assim), para um período de testes na seleção é o maior pecado de sua gestão.
Goleiro é uma posição de confiança, eu sei. E não há, de fato, unanimidade nessa questão. Marcelo Grohe, Fábio, Cássio, Diego... são tantos bons jogadores.
Não estou aqui pedindo Vanderlei na Copa do Mundo. Estou questionando os motivos que levaram a comissão técnica do Brasil a, sequer, tê-lo convocado ao longo desse tempo.
Desde que assumiu a seleção Tite já chamou mais de 60 atletas. Mas, vamos nos ater aos goleiros. Foram nove nomes convocados, incluindo Neto, que figura na lista para os amistosos contra Rússia e Alemanha.
Como ele tem apenas uma dúvida para o terceiro goleiro do grupo, imagino que esse deva ser, no mínimo, experiente. Neto, por exemplo, já tem 28. Saiu do Brasil ainda jovem, depois de ser convocado por Mano Menezes em 2010, quando tinha 21 anos e estava no seu primeiro ano como titular no Atlético Paranaense. Os garantidos são novos: Alisson tem 25 e Ederson apenas 24 anos.
Além de Neto, que vive bom momento no Valência, Tite ainda chamou: Alisson, Weverton, Ederson, Alex Muralha, Cássio, Diego Alves, Marcelo Grohe e Danilo Fernandes.
Volta lá na lista de goleiros e leia outra vez. Você viu né? Até o Muralha teve a oportunidade de ser testado com o grupo da seleção. Até o Muralha! E o Vanderlei não mereceu essa consideração?
Tem lá um grande goleiro na função de preparador que é o Taffarel. Aliás, um dos maiores de todos os tempos quando o assunto é goleiro de seleção. E é óbvio que o Taffarel tem acompanhado os goleiros brasileiros. Andou até visitando o CT Rei Pelé. Será que não gostou do que viu? Não foi o suficiente?
Pode ser campeão vencendo por 1 x 0, nos pênaltis, com o goleiro defendendo as cinco cobranças do adversário, mas eu nunca vou entender como é que Tite e sua comissão nunca chamaram o Vanderlei.
Hoje fiquei pensando em uma atleta que represente historicamente a mulher brasileira no esporte. A primeira que veio a cabeça foi Maria Esther Bueno, uma das maiores tenistas de todos os tempos. O mundo a reverencia.
Entretanto, graças a Deus, temos mulheres atletas maravilhosas em várias modalidades e eu ficaria esse post todo lembrando seus nomes e feitos. Sintam-se abraçadas neste dia no registro de Maria Esther Bueno. Vale pra todas. Com admiração.
Mas o que sinto falta mesmo, nesse mundo sombrio do futebol, é de mulheres administradoras. Precisamos mais lideranças femininas no esporte.
Por isso enalteço aqui Marlene Matheus, que presidiu o Corinthians na década de 90 e Patrícia Amorim, a ex-nadadora que dirigiu o Flamengo entre 2010 e 2012. Ou seja, os clubes mais populares do país compartilham essa experiência.
Evidente que ambas tiveram problemas para administrar os dois gigantes. Marlene, por exemplo, foi candidata graças a força do marido, o ex-presidente Vicente Matheus, talvez o mais emblemático da história corintiana. Ela soube conviver com isso porque tinha seu próprio carisma. Tanto que anos depois, em 2007, foi convidada por Andrés Sanches, em sua primeira gestão, para fazer parte da diretoria.
No Rio, Patrícia Amorim assumiu a responsabilidade de trabalhar politicamente antes, durante e até depois (quando tentou se reeleger) do mandato que cumpriu.
No futebol foi responsável pela contratação de Ronaldinho Gaúcho, vencendo concorrência dura com Palmeiras e Grêmio. A negociação teve repercussão internacional e festa na chegada do jogador. A parceria com a Traffic, que auxiliou na negociação, naufragou e o clube acabou devendo dinheiro para o jogador. Mas valeu a tentativa.
Ambas demonstraram a capacidade romper barreiras, enfrentar desafios e desconfianças. Que venham mais Patrícias e Marlenes nesse mundo majoritariamente de marmanjões que são sempre mais do mesmo.
Clique aqui e veja a página de Marlene Matheus na seção Que Fim Levou.
Clique aqui e veja a página de Patrícia Amorim na seção Que Fim Levou.
No domingo, durante o clássico alvinegro, pensei, verdadeiramente, em elogiar o Romero pela evolução do futebol apresentado por ele. Especialmente depois que Carille assumiu o time e o fez entender e cumprir, bem, funções táticas importantes para o time.
Romero deixou de ser um atacante passivo e passou a ser um marcador incansável, para alguns um secretário do lateral. Mas não importa porque ele conseguiu subir de produção e fazer seu futebol chamar atenção. Foi recompensado com títulos, gols importantes e participações relevantes em clássicos.
Óbvio que a atitude grotesca de chamar o Santos de time pequeno me demoveu da ideia de elogia-lo.
Entretanto, desde sua chegada ao Brasil, Romero vem sendo tratado como chacota. Como se não tivesse capacidade de jogar em um time com a grandeza do Corinthians. Hoje o corintiano o adora, claro. Ele ganhou a confiança do seu torcedor se dedicando dentro de campo.
Mas não deve ser fácil mesmo ouvir/ver/ler reiteradas vezes questionamentos a sua qualidade técnica e relacionar isso a sua nacionalidade. Romero foi guardando essa mágoa e se viu a ponto de explodir quando foi criticado, corretamente criticado, ao menosprezar o Santos e sua história.
A tentativa de se desculpar não ficou clara no pronunciamento realizado na sala de imprensa do CT Joaquim Grava. Porque, enquanto falava, Romero misturou as estações e foi soltando a indignação por não se considerar um estrangeiro bem-vindo aqui.
O caso de Romero, entendo eu, é pontual. Por tudo que passou e passa desde a chegada. E a relação que se faz de sua capacidade com sua nacionalidade.
Erramos Romero. O Paraguai não merece tratamento de menosprezo como nos acostumamos a fazer de vez em sempre. Utilizar a expressão “cavalo paraguaio” é tão corriqueiro e consagrado no dito popular que nem percebemos que estamos fazendo referência a uma nação, a uma pátria.
Teremos a medida do nosso nível de preconceito quando outros estrangeiros se pronunciarem sobre o assunto. Lembrando que desde 2014 a CBF autoriza a utilização de até cinco gringos em cada clube, o que aumentou em escala o número de atletas vindos dos outros países da América.
Romero levantou o assunto em meio ao turbilhão de críticas que recebeu. Mesmo assim vale a nossa reflexão. E a melhor maneira é se colocar no lugar dele por um instante.
Que as coisas melhorem pro Romero e para todos os estrangeiros que, por ventura, se sintam vítimas desse preconceito em nosso país.
E que o pedido de desculpas ao Santos, sua história, seus jogadores, torcedores, ex-atletas e diretoria não seja esquecido. Esperamos algo formal.
Noite de heroísmo de Cássio e ruindade de Benedetto. Por Wladimir Miranda
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