Mazinho

Ex-zagueiro do São Paulo

por Rogério Micheletti

Um dos zagueiros mais técnicos que o São Paulo já revelou, Joldmar José Alves, o Mazinho morreu em 29 de setembro de 2023, aos 52 anos, em Américo de Campos, interior paulista, sua cidade natal e onde residia.

Mazinho não teve tempo de se profissionalizar no clube do Morumbi. Um acidente de carro interrompeu a carreira do jogador, que chegou a defender várias seleções de base no final dos anos 80. Mazinho ficou tetraplégico e hoje mora com os pais, Oderino e Darli, na cidade de Américo de Campos, interior de São Paulo.

"Graças a Deus, ele não ficou uma pessoa revoltada. Foi difícil para ele e para todos nós. Mas o Mazinho ainda tem alegrias, principalmente quando ele vê as vitórias do São Paulo. Ele torce muito pelo clube e fica bravo quando a equipe perde", contava a mãe do ex-jogador, a dona de casa Darli.

Além dos jogos do São Paulo transmitidos pela TV, Mazinho gostava de jogar video-game. "Ele adorava jogar. Pediu até para eu comprar uns jogos novos para ele, porque dizia estar cansado de brincar com os mesmos. Ele fazia muito esforço para brincar. Utilizava o rosto e uma das mãos que ele tinha um pouco de movimento. E jogava bem", disse Itamar Prado, amigo de infância de Mazinho. "Nós sempre torcemos para o São Paulo e jogávamos bola juntos. O Mazinho era fera. Tinha tudo para ser um craque", concluiu o amigo.

Nascido no dia 12 de agosto de 1971, na própria Américo de Campos (SP), Mazinho chegou ao São Paulo depois de uma peneira realizada em Mirassol (SP). "O Mazinho sempre foi louco por futebol e descobriu que o São Paulo estava realizando uma peneirada. Foi fazer o teste e passou", disse dona Darli.

Mazinho ficou no São Paulo entre 1986 e 1990. Teve experiência internacional defendendo a equipe juniores do São Paulo em torneio no Japão e a seleção brasileira, também juniores, na Espanha. "Estava planejado para ele assinar o primeiro contrato profissional junto com o Cafu, mas ele sofreu o acidente uma semana antes", lamenta a mãe de Mazinho.

O acidente aconteceu na cidade de São Carlos (SP) no dia 16 de junho de 90. Até aquela data, Mazinho já tinha jogado 10 partidas na equipe principal são-paulina. Lançado pelo técnico Pupo Gimenez, que acompanhava o jogador desde as categorias de base, Mazinho também foi aproveitado em alguns jogos pelo técnico Pablo Forlan.

O zagueiro estava em um Fiat 147 guiado por Anílton, então ponta-direita do São Paulo. Além dos dois atletas, estavam no carro também os irmãos do atacante. "O Anílton também ficou um bom tempo hospitalizado, mas o problema do Mazinho foi mesmo mais sério. Meu filho ficou 45 dias no Hospital das Clínicas e em nenhum momento perdeu a consciência", lembra dona Darli, que é mãe de outros três filhos: Carlos Alberto (o mais velho) e os gêmeos Leandro e Érica (mais novos).


Segundo ela, o desespero tomou conta da família ao saber que Mazinho tinha ficado tetraplégico, mas o São Paulo Futebol Clube em nenhum momento o abandonou. "No mesmo ano, o presidente do São Paulo, o Mesquita Pimenta, disse que o clube daria uma ajuda de custo ao jogador e ajudaria no tratamento. O São Paulo cumpriu mesmo a palavra. Nós podemos contar com o Doutor Sanches (médico do São Paulo) a qualquer hora e também com Doutor Marco Aurélio Cunha (superintendente de futebol) que é uma pessoa maravilhosa", conta.

Em 2005, logo após as conquistas do São Paulo, Marco Aurélio Cunha foi responsável por fazer uma "vaquinha" entre os jogadores do São Paulo para ajudar a família de Mazinho. "Até jogadores que não conhecem o meu filho, casos do Mineiro e do Lugano, nos ajudaram. Por tudo isso que o Mazinho tem ainda mais amor pelo São Paulo", diz dona Darli.

Para Marco Aurélio Cunha, o São Paulo tem prazer em ajudar um ex-atleta. "Isto é uma obrigação de qualquer grande clube, mas o São Paulo realmente é especial. Jamais deixa de lado seus ex-jogadores", diz o dirigente.

Poucas lembranças do acidente
Mazinho conta que não tem muitas lembranças do acidente. "Tínhamos jogado em Ribeirão Preto e o Anílton me convidou para conhecer a sua família em São Carlos, interior de São Paulo. Fomos. Decidimos dar uma volta na cidade. Quando entramos na avenida, não me lembro de mais nada", conta o ex-zagueiro.

Fã de Rogério Ceni e Lugano

Segundo Dona Darli, Mazinho é fã de carteirinha do goleiro Rogério Ceni e admira o futebol do uruguaio Lugano, que joga na mesma posição em que atuava antes de sofrer o acidente. "O Mazinho gosta muito do Rogério Ceni, que chegou ao São Paulo depois do Mazinho ter saído. O meu filho também admira o futebol do Lugano, um zagueiro como ele", revela Dona Darli.

Amizades
Mazinho fez muitos amigos dentro do futebol, alguns deles ainda entram em contato com o jogador. "Acho que eles só não nos visitam tanto, porque estamos no interior. Mas o Cafu, o Raí, o Zetti, o Antônio Carlos, o Elivélton, o Ronaldão e o Anílton sempre foram grandes amigos dele. O Raí, o Zetti e o Cafu compraram até uma cadeira de rodas especial para ele", diz a mãe.

Um amigo mais jovem de Mazinho é Thiago Ribeiro, jovem atacante que defendeu o São Paulo em 2006. "O Thiago Ribeiro é de Ponte Gestal, cidade que fica muito próxima de Américo de Campos. Ele já nos visitou e ficou amigo da nossa família", diz a mãe.

Ajuda do São Paulo
A família de Mazinho recebia em 2007 aproximadamente R$ 700 por mês do São Paulo Futebol Clube. A quantia, bem vinda, esbarra no problema do custo com os remédios que  é alto, segundo afirma Itamar. "A tia Darli é realmente uma mulher guerreira. Ela vive para o Mazinho", fala Itamar.


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