Márcio Della Maggiora, o ex-meia esquerda Márcio que jogou nos anos 60 e 70, nasceu em São Caetano do Sul em 11 de maio de 1943. Começou a carreira no infantil da Portuguesa em 1958.
Quatro anos depois, vestiu a camisa da Lusa pela primeira vez profissionalmente. Passou depois por Taubaté, Portuguesa novamente, Botafogo de Ribeirão Preto, Ponte Preta, Noroeste (conquistou o título paulista de acesso em 1970), e Saad, onde parou em 1974.
Longe da bola, foi trabalhar na GM, aproveitando-se dos anos de estudo de química industrial. Aposentado, reside atualmente em São Caetano. Tem três filhas (Marisa, Mirelle e Melissa) e três netos (Anderson, Bruno e Rogerinho). Leia abaixo, a entrevista que Márcio Maggiora concedeu ao Rudge Ramos Online, relembrando as principais passagens de sua carreira:
Aposentado, o ex-jogador mora em São Caetano do Sul, e falou sobre sua carreira ao Rudge Ramos Online.
Rudge Ramos Online- Como foi o início da carreira do senhor nas divisões de base da Portuguesa?
Márcio Maggiora- A Lusa sempre teve bastante estrutura para formar grandes jogadores. Meu treinador nas divisões de base foi o Ipojucan, que atuou na seleção na Copa de 50. Comecei com o Ivair, que ficaria conhecido como o Príncipe. Eu e ele nos destacamos e fomos para a seleção paulista juvenil. Acabamos sendo vice-campeões do Campeonato Brasileiro de Seleções. Perdemos pro time do Rio que tinha muita gente boa como o Carlos Alberto Torres, que foi tricampeão em 1970.
RRO- O senhor atuou no time profissional da Lusa?
MM- Sim. Inclusive eu estava me dando muito bem com os demais jogadores e com a torcida. Meu primeiro técnico no clube do Canindé foi o Oto Glória, um cara muito gente fina, paizão. Depois veio o Aimoré Moreira e tive um desentendimento com ele. Por isso, acabei saindo do time e fui pro Botafogo. RRO- O Botafogo foi o time que o senhor mais jogou?
MM- Sim. Lá eu fiquei três anos e cheguei a ser capitão da equipe. Participei inclusive do jogo de inauguração do estádio Santa Cruz. Teve uma partida em que nós empatamos com o Santos com Pelé e tudo em 1 a 1. Nesse jogo, ele me deu um chapéu. Depois, eu acabei fazendo uma falta feia nele. Quando acabou o jogo, eu pedi desculpas pro Pelé. Ele me falou: "Relaxa Márcio. Fica tranqüilo?. Pra mim, ele sempre foi o melhor de todos, no comportamento, nas atitudes, em tudo.
RRO- Como era a rivalidade do Botafogo de Ribeirão com o Comercial?
MM- Era grande, os dois times faziam o clássico da cidade, que chamava come-fogo. Quando a gente ganhava era bom, mas quando a gente perdia complicava bastante. Em Ribeirão Preto, existe a chopperia mais famosa do Brasil: a Pinguim. Quando era semana de clássico, jogador não podia ir no Pinguim, não podia ir em lugar nenhum. O time ficava todo concentrado no hotel. Quando eu joguei no Noroeste, os clássicos eram contra o Marília e o Garça.
RRO- Esses jogos também eram duros?
MM- Bastante, as cidades paravam. Em clássico no interior, se você jogasse mal, você era considerado vendido. Pra você ter uma idéia, numa partida entre Noroeste e Marília, um torcedor chegou a tomar um tijolo na cabeça e morreu. Na minha época, a gente que jogava em time menor ficava dois, três meses sem receber e continuava dando raça, correndo em todos os jogos. Hoje é bem diferente.
RRO- O senhor venceu o campeonato de acesso pelo Noroeste em 1970. Como foi isso? MM- No início do campeonato, nós empatamos as três primeiras partidas. No Noroeste, eu era o capitão e detinha grande prestígio com a diretoria. Eles me perguntaram qual jogador seria necessário para o time vencer a competição. Eu respondi: "Contratem o Fedato que está encostado no Comercial de Ribeirão?. Eles trouxeram o Fedato, que era um baita atacante e ele se tornou uma referência na frente. Nós fomos campeões e eu fui o artilheiro com 17 gols. Após o termino do campeonato, o Fedato foi pro Palmeiras, onde ficou por vários anos e acabou se tornando ídolo.
RRO- O senhor chegou a ter propostas das grandes equipes?
MM- Eu fui comprado pelo Vasco pra fazer um teste. Fiquei quarenta dias concentrado em São Januário pra fazer pré-temporada. Na véspera do embarque, o administrador de futebol me falou: "Olha, o técnico falou que você não vai mais viajar. Ele vai pegar outro jogador, que também é meia-esquerda. Ele pretende fazer uma experiência pra saber quem ele vai contratar?. Eu respondi: "Se eu tenho que receber alguma coisa, vocês me pagam porque eu vou pegar o primeiro avião pra São Paulo. Eu não sou moleque, tenho responsabilidade?. Eu já era casado e tinha uma filha. Eles insistiram pra eu ficar, mas eu voltei logo pra São Paulo. Depois, eu soube que o meu concorrente na vaga tinha pago uma grana pro técnico pra jogar na equipe. Resultado: ele jogou quatro vezes no Vasco e nunca ganhou nome.
RRO- Qual foi o melhor técnico que o senhor teve na sua carreira?
MM- O Rubens Minelli. Ele me treinou na seleção paulista juvenil. Depois, ele se tornou famoso e foi tricampeão brasileiro dirigindo o Internacional e o São Paulo. Ele era ex-jogador e sabia falar com os atletas. O Minelli sabia orientar bastante o posicionamento e o comportamento dos jogadores. Ele sempre falava: "Não adianta você querer fazer certo. Você tem que fazer e bem feito pra não comprometer os outros componentes do time?.
RRO- Nos anos 60, os times do interior eram bem fortes. Hoje, quase todos tem grandes dívidas e perderam a força. Na opinião do senhor, por que isso aconteceu?
MM-. A Lei Pelé acabou com as equipes do interior. Tiraram tudo das equipes que formaram os jogadores e enriqueceram os empresários. Antes, os direitos sobre os jogadores eram dos clubes e hoje é dos empresários. Muitas vezes eles deixam os atletas passando necessidade.
RRO- Como foi sua passagem pelo Saad?
MM- Foi meu último clube como profissional. Fomos campeões do Paulistinha e conseguimos levar a equipe pra disputar o Campeonato Paulista da primeira divisão, juntamente com os grandes times. Joguei com gente muito boa lá como o Arlindo Fanzorlin que depois foi pro Santos e com o Leonetti, que foi pro Corinthians. Meu treinador no Saad foi o Baltazar, que foi ídolo no Corinthians nos anos 50.
RRO- O senhor encerrou a carreira com apenas 31 anos. Por quê?
MM- Isso foi devido alguns problemas na hora de acertar o meu contrato com o Saad. Eu ganhava mais que o restante do elenco. Por isso, ficou um clima muito chato e quando acabou o meu contrato eu pedi pra sair.
RRO- Como o senhor vê os times do ABC hoje?
MM- Estamos com duas boas equipes: o São Caetano e o Santo André. Na minha opinião, pra você ter um bom time você precisa de duas coisas: dinheiro e jogador. Se os dirigentes souberem investir corretamente e fazer boas contratações, a região estará bem representada.
Da esquerda para a direita, em pé: técnico Rubens Minelli, Reinaldo Lapão, Marcos, Luiz, Moacir, Santo, Barbosinha, J. Alves, Lúcio e Menotti. Agachados: Márcio, Antonio, Otávio, Dirceu, Ney, Cardoso, Nicolau, Benitez e Vítor. Foto: Arquivo pessoal
Em setembro de 1970, antes das finais do torneio que o Noroeste venceu e retornou ao futebol maior de São Paulo, toda a delegação fez uma visita à Aparecida do Norte. Na foto aparece a delegação noroestina frente à antiga Basílica de N. S. Aparecida, cujos integrantes são: Mário Augusto, Cardozinho, Romualdo é o terceiro sentado à frente, Odair, Roldon, Maica (massagista), Foguinho, Fedato, Márcio, Bonfim, Sebastião (massagista), Odair Cologna, Nascimento, Maquininha (enfermeiro), Carlos Luiz, Escurinho, Chiquinho, Dr. Danilo Campagna (médico), Ramos, Getúlio (mordomo), Luisão, Gualberto Pires (fisicultor), Muca (técnico), Ferrari (tesoureiro) e o motorista Julio Rossi Montebugnolli e Antonio. Foto reprodução do Jornal da Cidade/Luciano Pires, historiador da cidade de Bauru
Aspirantes da Portuguesa, em 1964. Em pé, da esquerda para a direita: Ulisses, Estevão, Édson, Wilson Pereira, Humberto e Henrique Pereira. Agachados: Mendes, Airton, Aloysio, Márcio e Martins. Foto enviada por Waldevir dos Santos
O Noroeste, campeão paulista da 1ª Divisão, em 1970. Em pé, da esquerda para a direita: o quarto é Luisão (foi beque da Portuguesa),o goleiro Chiquinho, Odair, Nascimento, Romualdo, Marco Antonio, o presidente Cláudio Amantini e o técnico Muca (que ganhou um relógio Rolex do presidente Amantini pelo título). Agachados: o terceiro é Odair Cologna. E na sequência: Márcio Maggiora, Fedato, Foguinho e Mário Augusto. O último é o professor Gualberto, preparador físico. Foto enviada por Zancopé Simões
Foto de 1972 do SAAD. O local é o Estádio Lauro Gomes, hoje é o Anacleto Campanella, do São Caetano. Em pé: Flávio, Oscar, Celso Cebolinha, Fininho, Coppini, Arnaldo e Luiz Peres. Agachados: os maqueiros Oswaldo de José Peres, Fernandes, Zanetti, Arlindo, Márcio, Valdir e o gandula Lelo.
Da esquerda para a direita, em 1965, no estádio do Morumbi: Almir, Ivair, Aloísio Mulato, Nair e Márcio.
Este foi o banco (legítimo) de reservas da Portuguesa, no Pacaembu, naquele Corinthians 4x3 Portuguesa, na quarta-feira de cinzas de 1966: Martin (sentado na grama), Henrique Pereira, Márcio, Amaro, Aloisio Mulato e Airton.
Em pé: Luizão, Chiquinho, Nascimento, Odair, Romualdo e Marco Antonio. Agachados: Odair Cologna, Márcio, Fedato, Foguinho e Mário Augusto.
Foto tirada em 1962 por ocasião de partida entre seleção paulista e seleção carioca no Rio de Janeiro. Neste dia, os cariocas venceram por 2 a 1. A imagem da seleção paulista mostra, em pé: Gilberto, Dirceu, Delfino, Santo, Mané, Waldir e o chefe da delegação, comendador Francisco Soares. Abaixados estão: massagista Blanco, Decio, Cardoso, Ivair, Marcio, Menotti e Noé Silveira, membro da comissão técnica
Em pé: Augusto, Vilela, Félix, Ditão, Amaro e Edilson. Agachados, Almir, Ivair (O Príncipe), Aloisio Mulato, Nair e Márcio. O técnico dessa Portuguesa de 1965, que estava em grande forma, era Aimoré Moreira.
Marcio reside em São Caetano do Sul
Em pé, Vilela, Adalberto, Felix, Ditão, Amaro e Edilson; agachados estão Almir, Aloísio, Nair, Wilson Pereira e Marcio
Posando com a camisa da Lusa, clube onde começou no infantil em 1958 e defendeu depois como profissional em duas oportunidades
Márcio passou pelo Botafogo em meados dos anos 60. Aqui, aparece em foto tirada antes de partida realizada em 1966. Em pé estão, da esquerda para a direita, Baldocchi, Toninho, Zé Carlos, Mario, Ferreirinha e Ditinho; agachados Quarentinha, Paulo Leão, Antoninho, Márcio e Jairzinho.
Na ADCGMSCS, em 18 de dezembro de 2013. Márcio Maggiora e Odair Vituri. Foto enviada por Odair Vituri
Márcio Maggiora na ADCGMSCS, em 18 de dezembro de 2013. Foto enviada por Odair Vituri
Márcio Maggiora na ADCGMSCS, em 18 de dezembro de 2013. Foto enviada por Odair Vituri
Márcio Maggiora na ADCGMSCS, em 18 de dezembro de 2013. Foto enviada por Odair Vituri
Time do Noroeste de 1970. Da esquerda para a direita: Luizão, Chiquinho, Nascimento, Odair, Romualdo, e Marco Antônio. Agachados: Maica, Odair Cologna, Márcio, Fedato e Mário Augusto. Foto reprodução