Puskas, Di Stéfano, Eusébio, Gento, Yashin, Zico, Weah, Baggio, Ademir da Guia, Neeskens,Cruyff, Cerezo, Platini, Rummenigue, Gullit, Van Basten, Redondo, Careca, Francescoli, Hagi, Boban, Stoichkov, Bergkamp, Riquelme, Véron, Raúl, Batistuta, Zola, etc. O que todos esses lendários jogadores têm em comum? Além do fato de todos serem grandes jogadores (alguns muito bons, outros excepcionais e alguns antológicos), todos frequentam o balaio dos não campeões mundiais por seus respectivos países. Os motivos para a ausência desse título são tão diversos quando o repertório técnico dos personagens. As causas por esse “fracasso” vão desde a “condenação” por ser um gênio nascido na Libéria, Romênia, Bulgária, Croácia – o que praticamente impossibilita qualquer craque de aspirar triunfos em escala global por seus escretes-, passa pelas contusões e problemas de relacionamento com os treinadores (basta lembrar Ademir no banco em 74 e Redondo com suas madeixas que causavam repulsa em Passarela, impedindo-o de jogar na Copa de 1998, os problemas físicos de Van Basten e a bagunça que foi a seleção holandesa na copa de 90) e culminam na explicação mais lógica e, por isso, mais dolorida de ser aceita; para um craque e uma geração ser consagrada é necessário que outras, do mesmo nível ou até melhores, fiquem pelo caminho. A Alemanha de Fritz Walter e Beckenbauer eleva seu patamar histórico ao vencer, respectivamente, a Hungria de Puskas e a laranja mecânica de Cruyff e Rinus Michels. O que seria de Aquiles sem Heitor, e Alexandre, o Grande, sem Dario III? A mitologia é construída como uma escada feita pela carcaça de gigantes.
Uma apreciação minuciosa e fria da Copa do Mundo dos anos 90 em diante demonstra que o valor simbólico exacerba a importância qualitativa do torneio. Sendo um fundamentalista da racionalidade, não seria descabido afirmar que é uma competição de no máximo sete jogos; realizada no fim da temporada europeia, ou seja, os melhores jogadores chegam exaustos para a competição; não existe tempo de entrosamento para as seleções construírem um bom padrão. Mas viver não é só pensar com razoabilidade, penso, logo existo, existo e logo concluo, pensar não me basta. As emoções constroem ideais, ideais são subjetivos, a subjetividade ampara os símbolos, os símbolos são cravejados em cada poro que expele sujeira, pavor, cansaço. Tolice é tentar separar a tricotomia humana (corpo, alma e espírito).
A Copa do Mundo ainda, por um bom tempo, terá uma importância sobrenatural no processo de validação de heróis e no carimbo inapagável de vilão. Algo execrável, ninguém em sã consciência concluiria que o Mundial de seleções tem um nível técnico superior ao da UEFA Champions League, mas cegados pela rica história das Copas, acabamos por mitificar algo que naturalmente é imenso, não precisa de fermento e sacramentalização. Larry Bird, Magic Johnson, Michael Jordan, Barkley, são legendas do basquete não por fazerem parte do dream team, mas por suas carreiras na NBA; Djokovic já está no roll dos maiores do tênis não por levar a Sérvia a um troféu da Davis, mas pelos seus títulos de slans e seus triunfos épicos sobre o toro Nadal no Austrália Open e em Flushing Meadows. Por que no Futebol só um curto torneio que ocorre de quatro em quatro anos serve de parâmetro legitimador da galeria histórica que determinado jogador habitará. O futebol retém resquícios indomáveis da natureza humana, fragmentos que nem a educação formal e nem a civilidade foram capazes de depurar. Que Messi, Neymar ou Cristiano triunfe ou os perdoe, “eles não sabem o que fazem e o que falam”. É a massa medíocre que faz coro e número. O eco é um efeito sonoro delirado, não só pelos escribas e fariseus (em sua hipocrisia, pelo menos se utilizam de “verdades” estatísticas típicas do sofismo decifrável e letrado), mas também pela manada de estultos e acriançados torcedores da CBF, AFA, etc. Quanto cansaço, quero um país sem bandeira e um hino sem letra, não serve a Espanha.
Foto: UOL
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