Tite, técnico da seleção brasileira. Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Tite, técnico da seleção brasileira. Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Até poucos dias atrás, falávamos que podiam ser apontados inúmeros defeitos em Tite, mas que ninguém deveria reclamar de seus números na seleção. É verdade que, analisando friamente os resultados, eles ainda são expressivos e impressionantes. Afinal, são apenas duas derrotas em jogos oficiais desde que assumiu a seleção brasileira, há cinco anos (contando também amistosos, são agora 61 partidas, com 45 vitórias, 11 empates e cinco derrotas [três em amistosos], o que rende ao comandante um aproveitamento de 79,7%). 

Mas acontece que, inegavelmente, a seleção “negou fogo” justamente quando encarou equipes de ponta do mundo em duelos decisivos. Uma coisa é vencer a Alemanha, como aconteceu em amisto de 2018, ou a Argentina, como nas Eliminatórias em 2016. Outra é pegar uma Bélgica em quartas de final de Copa do Mundo ou mesmo nossos “hermanos" em uma decisão de Copa América. 

Tenho para mim que Tite é genial em pontos corridos, mas emocionalmente muito instável para competições disputadas no sistema mata-mata. E seu desempenho no Corinthians, time onde teve sua melhor fase, pode provar isso. 

Em 2011, por exemplo, o Timão de Tite, que ainda contava com Ronaldo e com Roberto Carlos, acabou eliminado da pré-Libertadores pelo inexpressivo Tolima. Porém, no Brasileirão, já sem o Fenômeno e com uma equipe consistente, foi campeão superando o Vasco por dois pontos. 

No ano seguinte, não há o que se falar da equipe que conquistou a América e o Mundo. Foi o grande momento de Tite como técnico. Mas já em 2013, o Timão não conseguiu sequer ultrapassar as oitavas de final da Libertadores. 

De volta ao Timão em 2015, Tite montou a maravilhosa equipe que venceu o Brasileiro com um pé nas costas, com uma pontuação até então recorde no Nacional: 81 pontos. Mas, naquela temporada, caiu na mesma fase (oitavas de final) tanto na Copa do Brasil, para o Santos, quanto na Libertadores, para o fraquíssimo Guarani-PAR. 

Ou seja, a derrota na final para a Argentina só reforça a tese de que Tite é espetacular em pontos corridos (a seleção brasileira é a líder das Eliminatórias com 100% de aproveitamento), mas pouco confiável em mata-matas. E isso provavelmente por lhe faltar inteligência emocional para sair de resultados adversos, “travando” ao perceber que aquilo que ele tinha planejado não surtiu efeito. 

Ainda assim, com todos essas críticas e mesmo sabendo que a Copa do Mundo é disputada pelo sistema mata-mata, não defendo a demissão do técnico gaúcho. Ele está roendo o osso - e muito bem - até agora e nada justificaria o desligamento de um treinador que tem 100% de aproveitamento na Eliminatória que disputa.  

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