Felipe Pereira
Do UOL, em São Paulo (SP)
Em busca do celular perdido de Najila Trindade, a Polícia Civil ouviu hoje (28) Yasmin Pastore Abdalla, segunda advogada da modelo que acusa Neymar de estupro. Pelo cronograma da investigação, ela foi a última pessoa a depor.
Na pauta de perguntas, havia questões a respeito do telefone que Najila disse que perdeu ao ser ouvida pela primeira vez, em 7 de junho. Os policiais civis insistem na procura do celular porque ele pode mostrar ligações e diálogos da modelo nos dias anteriores da viagem para a França, no período que ela passou em Paris e na volta. O conteúdo revelaria se ela mencionou a pessoas próximas que foi estuprada e serviria para comprovar as versões dela ou de Neymar.
Foi neste contexto que a segunda advogada de Najila foi intimada a comparecer na 6ª Delegacia de Defesa da Mulher. A modelo ficou na casa dela nos dias que sucederam o registro do boletim de ocorrência, feito em 31 de maio. Os investigadores queriam saber se o telefone estava com a ex-cliente de Yasmin.
Outro ponto a ser elucidado é o dia em que Najila afirma ter perdido o aparelho. Em seu segundo depoimento, a modelo lembrou que passou mal enquanto estava na delegacia, foi levada para uma unidade de saúde e depois para casa. Neste trajeto, o telefone teria sumido.
Najila esteve com Yasmin depois desta ocasião, e os policiais perguntaram se a modelo estava com o aparelho. A advogada saiu e entrou na delegacia sem dar entrevistas, sem dizer o que respondeu sobre o celular.
"Vou falar no momento oportuno", afirmou.
A chegada de Yasmin destoou do comportamento de outros depoentes. A maioria está acompanhada de advogados, se esconde e tenta parar o carro o mais perto possível da porta de entrada. Ela não. Desceu na calçada e atravessou o local caminhando sozinha mesmo com uma barreira de jornalistas à sua frente. Ao ouvir a primeira pergunta, anunciou que não daria declarações.
"Eu posso cumprir meu deve [depor] como pessoa, como brasileira, como ser humana? Posso passar?", disse, a uma repórter.
O depoimento é o último previsto pela Polícia Civil. O prazo para encerramento das investigações termina no domingo e, como não é dia útil, a delegada Juliana Bussacos tem até segunda-feira para entregar o relatório informando se indicia Neymar ou se pede arquivamento.
Caso não seja possível terminar o trabalho, ela precisa pedir prorrogação do inquérito policial. O procedimento é burocrático e pode levar duas semanas.
Foto: Feipe Pereira/UOL
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