“Honra a sua cor, rapaz”.
A frase foi dita pelo volante Matheus Jussa, volante do Internacional, na temperatura máxima de uma discussão com o atacante Luiz Adriano, que havia acabado de marcar o gol de empate (1 a 1), do Palmeiras contra os gaúchos, no Allianz Parque, na noite de quarta-feira, 2/9.
As palavras do jogador foram perfeitamente audíveis na transmissão da Rede Globo. Em casa, em quarentena, e assistindo ao jogo, que foi de baixo nível técnico e que só proporcionou um pouco de emoção no final, com o gol de Thiago Galhardo, em pênalti que, na minha opinião, não houve, e o empate de cabeça do Luiz Adriano, que gerou a confusão com Matheus Jussa, ouvi perfeitamente o que foi dito.
A frase, no entanto, caiu, enviazada nos ouvidos de Walter Casagrande Júnior, comentarista da Rede Globo. Casão interrompeu o narrador Cleber Machado para dar a sua versão sobre o que disse ter escutado.
Disse ter ouvido que “um dos jogadores” falou “olha a sua cor, rapaz”.
Apressado para dar uma opinião, Casagrande fustigou que teria sido um comentário racista, dita “não sei por qual jogador”.
Ou seja, ele ouviu mal, distorceu o que foi dito e ainda, açodado, emitiu uma opinião, chamando de racista “um dos jogadores”.
Pronto, a confusão estava pronta.
Matheus Jussa é negro, assim como Luiz Adriano. Foi uma discussão de jogo.
“Honre a sua cor, rapaz” é muito diferente de “Olhe a sua cor, rapaz”.
Após o jogo, Matheus Jussa utilizou a sua conta no Instagram para dar a sua versão sobre o que ocorreu.
“Com pesar afirmo que ser negro não é uma ofensa, é orgulho”, afirmou.
O fato é que o comentário de Casagrande gerou uma grande polêmica. O que poderia ter terminado no gramado, ganhou as rede sociais e os debates dos programas esportivos nas redes de televisão.
Se o objetivo do comentarista era provocar polêmica, conseguiu. O problema é que foi polêmica pela polêmica.
E, pior, sobre um assunto, o racismo, tão sério.
E tão em evidência nos dias de hoje, no Brasil, e no exterior.
Sim, não basta não ser racista.
É preciso, é necessário, urge, que, todos nós, sejamos antiracista.
O tema, claro, deve ser tratado com cuidado, principalmente por quem tem à disposição um microfone tão potente como o da Rede Globo.
É só um toque.
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