No futebol moderno, é absolutamente normal ver um jogador patrocinado por uma determinada marca de material esportivo vestindo uniformes de equipes que são patrocinadas por empresas concorrentes. Messi é patrocinado pela Adidas, mas veste Nike quando defende o PSG. Cristiano Ronaldo tem contrato com a Nike, mas estampa a marca da Adidas quando defende o Manchester United.
No início dos anos 70, quando o marketing esportivo ainda engatinhava, um dos maiores jogadores de todos os tempos se recusou a fazer essa “concessão”.
Johan Cruyff, ídolo histórico do futebol holandês, surgiu para o futebol no Ajax, time de Amsterdã. Nascido em abril de 1947, Cruyff chegou à Copa do Mundo de 1974, disputada na Alemanha, como um dos principais jogadores do mundo. Tricampeão da Champions League com o Ajax e recém-contratado pelo Barcelona, o holandês tinha um impasse para resolver envolvendo duas marcas.
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Cruyf era patrocinado pela Puma, marca que lhe fornecia chuteiras. Enquanto a seleção da Holanda tinha contrato com a Adidas. E o histórico camisa 14 holandês foi parar no centro de uma brigar de muitos anos.
E para entender isso, precisamos voltar um pouco no tempo: Na década de 1920, os irmãos Adolf e Rudolf Dassler eram os proprietários da Dassler Brothers Sports Shoe Company, empresa alemã, que chegou a fornecer calçadas ao histórico corredor Jesse Owens, atleta negro que conquistou quatro medalhas de ouro na frente de Hitler nas Olimpíadas de Berlim, em 1936.
Após os Jogos de Berlim e o crescimento absurdo do faturamento da empresa, os irmãos Dassler se desentenderam (especula-se que a relação entre suas esposas não era boa, que os irmãos se desentenderam após Rudolf ser convocado para a II Guerra Mundial, enquanto Adolf, não, enfim) e decidiram dividir a empresa em duas no final dos anos 40, após a Guerra. Adolf criou a Adidas, enquanto Rudolf criou a Puma. Nasceu ali mais do que uma concorrência, surgiu uma verdadeira rivalidade, que tomou conta da cidade em que ficavam sediadas, na Alemanha: lojas que vendiam modelos de uma marca, não vendia da outra. Pessoas que tivessem alguma relação com uma das companhias acabavam não se relacionado com outras pessoas que tivessem vínculos com a rival.
A rixa atravessou décadas, até chegar a Cruyff. O holandês é uma das maiores figuras da história do futebol: Contestador, revolucionário em questões táticas, inteligente, líder, as vezes rebelde, Cruyff comprou a briga de sua patrocinadora e se recusou a estampar a marca da Adidas durante a Copa do Mundo de 1974.
Na época não era permitido que as empresas estampassem logomarcas nos uniformes, então a empresa alemã colocou suas tradicionais três listras nas mangas das camisas laranjas e nos calções. O eterno camisa 14 se recusou a carregar as “três listras” em seu uniforme.
Principal jogador do time comandado por Rinus Michels, Cruyff (ou teria sido a Adidas) achou uma solução simples para o entrave: vestiu o uniforme com apenas duas listras em suas mangas e no calção. E seguiu calçando chuteiras da Puma.
Vestindo seu fardamento “diferenciado”, o craque holandês comandou a seleção numa campanha histórica. A Holanda chocou o mundo ao apresentar o Futebol Total, conhecido no Brasil como o Carrossel Holandês. Foi o surgimento da “Laranja Mecânica”, que avançou até a grande decisão da Copa – batendo a seleção brasileira, atual campeã do mundo e então comandada Zagallo.
Na decisão, porém, acabou derrotada pela Alemanha, que levantou a taça após fazer 2 a 1 de virada.
Cruyff encerrou sua brilhante carreira sem conquistar uma Copa do Mundo, entrando para um hall de craques que não tiveram o prazer de levantar o troféu mais importante do planeta bola, ao lado de Puskas, Zico, Di Stefano, Yashin, Messi e Cristiano Ronaldo (os dois últimos pelo menos até os dias atuais). Mas se imortalizou como um dos jogadores mais revolucionários da história do esporte bretão, seja pela inteligência ao jogar futebol, ou pela rebeldia em atos como no episódio envolvendo a Adidas.
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