Vinicius Castro
Do UOL, em Doha (Qatar)
Os executivos da Fifa e os responsáveis pela Copa do Qatar têm uma importante reunião em junho para deliberar se o Mundial de 2022 será com 32 ou 48 seleções. A entidade máxima do futebol mundial já definiu pela segunda opção em 2026, mas nutre o desejo público de aumentar o número de países logo no primeiro torneio no Oriente Médio.
Anfitrião, o Qatar evita briga com a Fifa, mas sabe bem o que deseja. Em visita ao país, a reportagem do UOL Esporte ouviu dos organizadores e do estafe a preferência por 32 seleções e sem a divisão do Mundial com outros países. Mais do que isso: a nação assinou contrato com a Fifa que possui algumas cláusulas importantes na discussão.
Entre elas: a realização da Copa do Mundo entre os dias 21 de novembro a 18 de dezembro de 2022 e um torneio com 32 times. Desta forma, qualquer mudança precisaria ser aprovada pelo Qatar. A questão vai além de uma imposição da Fifa e passa até pelo conflito diplomático na região.
O Qatar é alvo do bloqueio de países vizinhos, casos de Arábia Saudita, Emirados Árabes, Egito e Bahrein. Eles alegam que o governo tem relações com terroristas. Aviões que possuem o Qatar como destino, inclusive, não podem cruzar o espaço aéreo desses países. Tal fato já afeta a economia das companhias de aviação, que precisam desviar as rotas e voar por mais tempo para chegar ao destino.
O contrário, porém, não ocorre. Aviões de Arábia, Emirados, Egito e Bahrein podem sobrevoar o espaço aéreo catari. Porém, a fronteira em terra com a Arábia Saudita também está bloqueada. A ideia da Fifa em aumentar o número de seleções para a Copa do Qatar se dá em cima de uma divisão com mais um ou dois países. O panorama, no entanto, torna inviável qualquer operação nesse sentido.
Com oito estádios e 28 dias de competição nos planos, uma Copa do Mundo no Qatar com 48 seleções se torna praticamente inviável. A logística seria alterada de forma profunda, o que não agrada aos organizadores.
Publicamente, os responsáveis pelo Mundial evitam o conflito, mas estão decididos: querem o cumprimento do contrato e uma Copa com as 32 seleções acordadas desde que o país foi escolhido como sede em 2010. A Fifa não pode tomar uma decisão unilateral. O "sim" do Qatar é necessário para qualquer aprovação de mudança.
"O nosso planejamento sempre foi receber o evento para 32 seleções, em 28 dias. Houve um estudo da Fifa para aumentar esse número. Conversamos sobre as consequências da mudança, como trânsito e horário das partidas. Tudo será resolvido em junho, mas o nosso planejamento está pronto. Depende muito da operação, dos pedidos feitos, acomodações e campos de treinamento. Seria possível aos times saírem de um país para outro? São apenas hipóteses", afirmou o porta-voz do Comitê de Entrega e Legado da Copa do Qatar, Khalid Al-Naama.
"Preferimos o que a comunidade internacional do futebol desejar. O objetivo é ter uma competição que reflita a beleza do Oriente Médio. A Copa do Mundo não é apenas do Qatar. Somos a sede, mas representamos todos os países árabes. Sempre estivemos abertos para ideias que possam melhorar o torneio", completou o dirigente.
A Copa do Mundo do Qatar terá oito estádios climatizados, todos entregues até dezembro de 2020. Apenas nas obras das arenas e dos centros de treinamento, o investimento do país está na ordem dos 7 bilhões de dólares (R$ 28 bilhões). Além disso, inúmeros hotéis seguem em construção, e seis cruzeiros estarão atracados para o cumprimento da exigência de 90 mil quartos disponíveis durante o Mundial. Três linhas do metrô serão interligadas, fazendo com que o torcedor possa assistir de dois a três jogos por dia.
(Foto: Rhona Wise/AFP - retirada do UOL)
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