Barcelona e Real Madrid protagonizam um clássico que transcende o futebol (Foto: Barcelona/Divulgação)

Barcelona e Real Madrid protagonizam um clássico que transcende o futebol (Foto: Barcelona/Divulgação)

Duas camisas pesadas, marcas reconhecidas mundialmente, craques de diversas nacionalidades, expectativa de grande futebol e até um conflito geopolítico: poucos clássicos no futebol mundial têm tantos atrativos e transcendem o esporte como Barcelona X Real Madrid.

Primeiro “El Clásico” da temporada estava marcado para o próximo dia 26 de outubro e, após uma série de incertezas que rondaram o jogo, foi definido o adiamento do confronto. Tudo isso porque, mais uma vez, o conflito envolvendo Catalunha e Madri chega ao campo de futebol. Carregado de história dentro e fora das quatro linhas, o superclássico espanhol é aquecido pela tensão em terras catalãs que enfrentam diversos protestos desde a última segunda-feira (14), quando a Suprema Corte da Espanha condenou nove líderes separatistas da Catalunha por envolvimento na tentativa fracassada de independência na região em 2017. A decisão do Tribunal gerou manifestação formal até do Barcelona que se mostrou contrário à decisão, assim como o zagueiro Piqué.

Com protestos invadindo as ruas da capital da região, a Real Federação Espanhol de Futebol (RFEF) e LaLiga manifestaram-se contra a realização da partida na cidade catalã. Com isso, especulou-se a possibilidade de inverter o mando de campo, realizando a partida no Santiago Bernabéu – desse modo, o jogo do segundo turno passaria para o Camp Nou –; duas datas são cogitadas pelos clubes: 8 e 18 de dezembro.

Entenda mais sobre a tensão Catalunha X Madrid/Barcelona X Real Madrid:

A rivalidade entre barcelonistas e merengues ganhou força no final dos anos 30, início dos anos 40, quando a Espanha enfrentou a ditadura do general Francisco Franco. As duas equipes tornaram-se símbolos da disputa política no país: de um lado estava o Real Madrid, clube que sempre contou com a simpatia da realeza e do governo, simbolizando a Espanha como Estado maior. Enquanto isso, o Barcelona se tornou um ícone da resistência catalã que pede a independência até os dias atuais.

Governante espanhol entre 1939 e 1975, Franco, fã do Real Madrid, utilizou o clube da capital como aliado do governo. Durante a ditadura franquista, os merengues ganharam espaço na TV estatal, enquanto o Barcelona viveu sob muitos problemas, inclusive a morte de um dos seus presidentes, Josep Sunyol, assassinado por ter convicções de esquerda. No período, o Real viveu os grandes momentos de sua história, se tornando uma das principais equipes do planeta.

Histórico:

As regiões onde hoje ficam a Catalunha e Madri foram fundamentais para a composição da Espanha como país a partir do casamento de Fernando de Aragão (representante de onde é a Catalunha hoje) e Isabel de Castela (atual Madri) em 1469. Os territórios permaneceram unidos até o século XX. A partir dos anos 30 quando iniciou-se a Guerra Civil Espanhola, momento em que ficam evidentes as divisões entre as regiões espanholas que mostravam-se autônomas.

A partir da ditadura franquista o estado central, em Madri, tratou combater e reprimir movimentas autônomos. A Catalunha não conseguiu a sonhada independência, mas, no período de redemocratização, em 1975, com o rei Juan Carlos, uma nova constituição é votada dando relativa autonomia para as regiões que compõem o reino espanhol. Os movimentos separatistas, porém, jamais deram-se por satisfeitos e diversas disputas econômicas e culturais incentivam tal movimento. Os fortes laços culturais dos catalães explicam as posições do povo que pede a independência da região e o idioma simboliza bem essa posição – fala-se catalão na região –, e, além disso a economia legal representa cerca de 19% do PIB espanhol, fato que leva os independentistas a compreender que a região dá mais do que recebe ao governo central.

No esporte, são diversos os nomes que apoiam a independência catalã: Gerard Piqué e Pep Guardiola são alguns dos mais engajados. Na lado da capital, Rafael Nadal é um exemplo de esportista que defende a manutenção da unidade espanhola.

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