Entre os chamados "fenômenos eleitorais" - aqueles que mesmo sem ter nada de especial ganham todas nas urnas - conheci um chamado Ildo Meneghetti, que venceu duas vezes as eleições para prefeito de Porto Alegre e Governador do Rio Grande do Sul
Nessas disputas ele 'nocauteou', em ambas as eleições, nada menos do que o 'populesco' Leonel Brizola, aquele cunhado do Jango que liderou a Rede da Legalidade, contra a intervenção dos militares ocorrida após a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961.
Aliás , aquele movimento de resistência política não deu em nada, porque o 'cunhadão' do Brizola assumiu a presidência em regime parlamentarista, retomou o presidencialismo através de um plebiscito e, pouco tempo depois, deu adeus ao trono do Planalto, deposto pela Revolução de 31 de março de 1964, liderada pelos quartéis.
E o que é que isso tem a ver com o futebol ? - alguns haverão de perguntar. Tem sim. Eu explico por quê.
Acontece que aquela escaramuça quixotesca do velho " Briza", que tinha seu foco de mobilização nos três estados do sul, rendeu um torneio de futebol chamado "Taça da Legalidade", envolvendo clubes do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.
O evento esportivo, organizado pela Federação Catarinense de Futebol, teve como vencedor o Grêmio, que usa esse título e outro de um torneio da Região Sul, organizado pela CBF, para contraditar o alarde colorado, dizendo-se "campeão de tudo", já que o Inter não possui nenhum título de campeão do Sul do Brasil.
Mas eu comecei esse comentário falando de Ildo Meneguetti e desviei o foco, estendendo-me a um fato ligado a Leonel Brizola, seu "freguês de caderno" nas principais disputas eleitorais do Pampa.
Volto então a me reportar sobre Meneghetti, que além de candidato imbatível nas urnas foi presidente do Internacional em três oportunidades: 1929, 1934 e 1954.
Político e desportista de fala curta, o velho condutor colorado tinha por hábito não se estender muito acerca de qualquer questão, por mais polêmica que ela fosse.
Mais ou menos como Dino Sani, que dizia “em futebol se ganha, se perde e se empata”, Ildo Meneguetti costumava responder as perguntas que lhe faziam acerca do maior clássico gaúcho, dizendo simplesmente “Gre-Nal é Gre-Nal”.
Na verdade, a conotação que ele dava ao termo ia bem além do embate dos gramados reunindo esse dois clubes gigantes do sul do país. Estendia-se a toda e qualquer forma de disputa onde tivesse um gremista de um lado e um colorado do outro, ainda que esse confronto não passasse de uma queda de braços numa mesa de bar ou um jogo de bocha num bolicho de campanha.
Deve-se à força dessa enraizada rivalidade esportiva o fato de o Rio Grande do Sul possuir, de longa data, dois grandes estádios de futebol particulares, algo que recém Sâo Paulo, maior centro futebolístico do país, logrará alcançar, a partir da inauguração do Itaquerão corintiano, que irá fazer par com o Morumbi em termos de grandiosidade.
Quando o Grêmio inaugurou o Olímpico, em 1954, menos de 15 anos depois o Inter empatou o “Gre-Nal dos estádios", inaugurando o Beira-Rio.
Não conformado, o Grêmio do presidente Hélio Dourado, tentou dar o troco, remodelando o velho Olímpico, que passou a ter o anel superior totalmente coberto, mas não conseguiu evitar que os colorados tachassem de remendão aquele que fora rebatizado com o nome Olímpico Monumental
Aí veio a Copa de 2014 e a FIFA dá aos colorados a chance de desempatar esse jogo, ignorando o Olímpico e escolhendo o Beira-Rio para sediar jogos desse Mundial que se realiza no Brasil em meados deste ano.
Paulo Odone, então presidência do Grêmio, não gostou nenhum um pouco dessa “pisada da FIFA no pala tricolor” e partiu para a construção da Arena, em parceria com a OAS.
Sabia que não haveria chance de reverter essa escolha que feriu profundamente o orgulho gremista. Mesmo assim Odone optou pela concretização da obra que hoje dá aos gremistas o direito de devolver aos rivais o termo “remendão” atribuído ao Olímpico, em função da reforma do Beira-Rio para a COPa que vem aí.
Recentemente os colorados tomaram um susto, quando a mídia gaúcha publicou que o o secretário geal da FIFA e principal gerente da Copa, Jérôme Valcke, consultou a OAS e o Grêmio sobre a possibilidade de o novo estádio gremista sediar jogos da Copa, substituindo a Arena da Baixada, de Curitiba, caso não consiga ter suas obras concluídos a tempo de ser aproveitada no certame mundial.
Se isso viesse a acontecer, seria um ‘desmancha prazer’ nos meios colorados, que precisam aproveitar ao máximo essa exclusividade que lhes concedeu a FIFA., até porque se trata de uma vantagem provisória, que serve para lhes compensar o ônus que vem depois, quando terão que conviver, sabe-se lá até quando, com os rivais chamando o seu estádio de “remendão” e com menor capacidade de público do que a Arena novinha em folha.
Para não dizer que não falei de bola rolando, fica o registro da vitória do Corinthians, por 4 a 0 sobre o Linese, e do São Paulo pelo mesmo placar diante do
“tiki-taka” do Grêmio Audax, de Osasco, o que seria uma covardia passível de punição, se não se tratasse de jogos de futebol.
Com esses resultados, o São Paulo saltou para a próxima fase. O Corinthians ainda precisa desbancar o Ituano, que está um ponto à frente, pegando a segunda colocação no grupo, para continuar na disputa desse regional desigual onde "quatro Golias" enfrentam um punhado de "Davis"!.
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Foto: UOL
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