Se em terra de cego quem tem um olho é rei, então, em terra de quem possui dois neurônios que tem três ou é gênio ou faz letra de axé music.

Se em terra de cego quem tem um olho é rei, então, em terra de quem possui dois neurônios que tem três ou é gênio ou faz letra de axé music.

Se em terra de cego quem tem um olho é rei, então, em terra de quem possui dois neurônios que tem três ou é gênio ou faz letra de axé music.
Há uma grande diferença entre ser gênio e ser genial. O gênio é sempre genial; o genial é um gênio eventual.
Qualquer um de nós pode, num dado momento, ser genial na criação de uma frase ou até de uma piada.
Certo dia, ouvi uma produtora de televisão dizer que não entendia por que Chaplin era considerado um gênio se ele havia criado apenas um personagem, Carlitos, em toda a sua carreira. Perguntei como ela conhecia Carlitos e a resposta foi "ora, conheço porque tenho a coleção de todos os filmes dele?. Ela possuía a resposta à sua própria dúvida. Só não tinha percebido. O gênio, às vezes, faz algo uma vez só e aquilo se perpetua. O genial pode fazer muitas coisas, mas nenhuma dura para sempre.
O gênio não é gênio porque transforma em fácil o que nos parece ser difícil. Ele é gênio porque faz o fácil antes que qualquer um perceba que não era difícil. O gênio não só vê como antevê e vê além do que é visível.
No humor brasileiro, por exemplo, acredito que o primeiro gênio foi o Barão de Itararé, de quem se originou nosso DNA humorístico. Aparício Torelly (1985-1971) criou o jornal "A Manha?, tabloide que circulou entra 1926 e 1948, com períodos alternados de estiagem por causa da prisão do seu dono. Aparício Torelly, que se autodenominou Barão, foi sempre crítico, irônico e satírico sobretudo com os governos de Getúlio Vargas. Não foram poucas as vezes que a polícia de Vargas invadiu a redação de "A Manha? destruindo tudo e distribuindo porrada em Aparício. Foi depois de uma dessas invasões, que o Barão de Itararé mandou fixar na porta a placa "Entre sem bater?. A frase, ao mesmo tempo educada e satírica, estava ao alcance de todos. Ele foi o primeiro a vê-la e a usá-la. Aliás, usa-se até hoje.
Fred Astaire e Gene Kelly foram gênios da dança porque dançavam com a mesma facilidade com que se respira.
Nem sempre os gênios têm vida fácil. Foi assim com Mozart, Choppin e Beethoven. Mas a obra deles está aí desde e para sempre. Michel Teló e Luan Santana também têm suas obras para sempre... descartáveis.
No futebol o gênio maior foi Pelé, seguido de perto por Garricha e Maradona de quem Messi parece ter herdado o lugar. São gênios porque fazem, ou fizeram, o que é simples. Muitas vezes subverteram conceitos, tal como o que diz que a menor distância entre dois pontos é uma reta, transformando essa distância num ponto ainda menor. Já Neymar ainda não é gênio. Genial, sim. Mas, ao contrário, Neymar parece querer transformar o fácil em difícil. Muitas vezes tão difícil que nem ele consegue executar.
Infelizmente hoje, talvez pela necessidade dos meios de comunicação de produzirem matérias e notícias com a mesma rapidez com que são devoradas e consumidas, o que é genial ? às vezes nem isso ? já é rotulado como gênio. É enorme a lista de gênios não genais no esporte, no cinema, na televisão e por aí a fora.
Há vários tipos de gênio e poderíamos passar horas dissertando sobre suas classificações. Termino o texto falando de um tipo de gênio capaz de falar sobre nada e mesmo assim dar a impressão a seus ouvintes de que disse muito. E todos darem-se por satisfeitos. Nisso, Maluf foi um gênio. Do mal, é verdade, mas um gênio.
Magalhães Jr. ? o Maga
Imagem: @CowboySL

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