Hoje darei sequência à série “clássicos de todos os tempos”. Para realizar tão árduo trabalho, manterei a base dos principais jogadores, aqueles que mais de identificaram com a camisa que vestiram, mas modificando a formação do jeito mais atual possível, optando por escalar três jogadores no meio de campo e mais três no ataque. E geralmente terá um ponta fixo e um lateral ofensivo do outro lado.
Um detalhe que ainda preservarei é a obrigatoriedade de ter três recordistas na equipe titular. Quem tem mais anos de clube, maior número de partidas disputadas e o goleador principal, além de outros fatos marcantes.
No meu caso, continuarei a questão de não repetir o jogador, para que se possa ter uma idéia de um campeonato. Determinado futebolista foi muito importante em mais de um time, mas levarei em conta onde se destacou melhor.
Começarei com os times paulistas.
O Santos Futebol Clube, fundado na cidade do mesmo nome no dia 14 de abril de 1912, completou 105 anos em 2017. Desde o seu início seu time teve o DNA ofensivo, tendo grandes jogadores em sua fileiras e ótimos feitos internacionais. Mas foi na segunda metade da década de 50, principalmente depois que Pelé passou a fazer parte da sua equipe, que alcançou feitos formidáveis. No século XXI voltou a ter ótimos momentos com outra fase vitoriosa.
Na escalação santista resolvi ter como base a sua maior equipe, alterando apenas a lateral-direita (Carlos Alberto Torres) e incluindo mais um volante (Clodoaldo). Por sinal optei por ter dois volantes para que o meio de campo ficasse bem consistente e o ataque pudesse contar com quatro jogadores, a famosa linha atacante da primeira metade dos anos 60. Pelé, por sinal, na opção dos recordes, faturará todos, já que é o recordista de anos, partidas e gols.
No gol Gylmar dos Santos Neves sem dúvida foi o principal. Vinha de uma fase consagrada do Corinthians, clube que teve grandes momentos, mas também cobranças marcantes em seu início e fim. Ganhou muitos títulos, sendo um dos maiores ídolos, algo que também aconteceu no Santos, deixando pra trás o concorrente Laércio, pois era o melhor goleiro do Brasil. Seu reserva é Rodolfo Rodríguez, um dos jogadores mais queridos do título paulista de 1984, uruguaio de defesas históricas.
Como já mencionei, Carlos Alberto Torres é o representante da lateral-direita, escolha sempre óbvia pelo o que representei no Santos da segunda metade dos anos 60 e eterno capitão do Tri. Apesar de Dalmo ser do maior time, não tem como bater o Capita.
A zaga é composta pela clássica dupla formada pelo altamente técnico Mauro Ramos de Oliveira (da mesma forma que Gilmar, teve uma grande passagem pelo ex-clube, no caso dele o São Paulo) e Calvet, zagueiro gaúcho que veio bem recomendado do Grêmio. Os reservas não devem muito aos titulares, com Ramos Delgado e Joel Camargo, com o argentino muitas vezes entrando como titular na escalação de muitos, provavelmente havendo contestação de alguns santistas por não incluí-lo como titular ao lado de Mauro. Joel também foi um zagueiro de muita classe.
Pelo lado esquerdo considero que Lima é uma ótima alternativa, mesmo não sendo a lateral-esquerda sua posição mais famosa, setor esse que jogou na Copa do Mundo de 1966 e também atuando pelo time santista. Considero que o Rildo teve uma passagem maior pelo Botafogo do Rio, portanto não está incluído na minha equipe. Seu reserva é o Léo, um jogador-símbolo dos períodos mais vitoriosos do alvinegro praiano no período Pós-Pelé ocorrido no século XXI, tendo também muitas partidas disputadas pelo Peixe.
O meio de campo santista está bem armado, pois consta com dois volantes de peso como o já citado Clodoaldo e o incomparável Zito, que disputa com Pepe a condição de segundo maior jogador da história do Santos, um craque e líder inesquecível. Os reservas são o Mengálvio e Antoninho, com o primeiro fazendo parte do mítico time e tendo também características de volante mesmo sendo mais um meia-direita, enquanto que o segundo foi o principal ídolo e craque da década de 40 apesar de não conquistar o título paulista.
E o ataque é formado pela mais famosa linha do futebol brasileiro: Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe. Creio ser desnecessário fazer citações, pois são jogadores que tem seus nomes exaltados até hoje pelos amantes do futebol-arte. Nas duas pontas tem pela direita o veloz Dorval, que tanto consagrou atacantes por causa dos seus cruzamentos e pelo lado esquerdo aparece o Pepe Canhão da Vila, com o seu poderoso chute e o jogador que mais vezes conquistou o título paulista, não somente pelo Santos, mas do futebol de São Paulo. Coutinho e Pelé é a dupla perfeita, com suas mortais tabelinhas, com um centroavante frio atuando ao lado daquele que foi o maior futebolista de todos os tempos. Neymar, Feitiço, Araken Patuska e Edu compõem uma reserva que é uma mescla de alguns períodos santistas. O principal jogador brasileiro da atualidade foi uma grata revelação da Vila Belmiro, empolgando seus torcedores com gols e jogadas de encher os olhos, algo que ele repetiu na Seleção Brasileira e Barcelona, pretendendo fazer o mesmo no PSG da França. Feitiço e Araken são os pilares do maior ataque santista antes do período áureo, o dos 100 gols de 1927, tendo um centroavante goleador e recordista na artilharia do Paulistão que só foi superado por Pelé e com o segundo tendo um êxito maior por estar presente no primeiro título paulista do clube (1935), além de ter sido revelado em suas fileiras, com sua família tendo grande influência no crescimento da agremiação. E Edu é o formidável ponteiro esquerdo, com uma habilidade que impressionava o próprio Rei do Futebol.
Lula obviamente tinha que ser o técnico santista, pois formou a base para os futuros triunfos santistas, treinando depois o histórico esquadrão.
SANTOS (1912 A 2017)
Titular: Gilmar, Carlos Alberto, Mauro, Calvet e Lima; Zito e Clodoaldo; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe. Técnico - Lula.
Reserva: Rodolfo Rodríguez, Dalmo, Ramos Delgado, Joel Camargo e Léo; Mengálvio e Antoninho; Neymar, Feitiço, Araken e Edu.
Mais anos: Pelé- 18 (1956 a 1974)
Mais partidas: Pelé - 1116
Mais gols: Pelé – 1091 (um dos poucos casos que o recordista aparece nas três opções)
O São Paulo Futebol Clube, fundado na cidade do mesmo nome no dia 16 de dezembro de 1935, completará 82 anos em 2017. Não levei em consideração a primeira fundação, em 25 de janeiro de 1930, quando treinava no Campo da Floresta, pois até hoje existe dúvidas se os dois times devem ser considerados os mesmos, além de não querer Arthur Friedenreich sendo questionado de não estar presente na minha equipe, pois entendo que foi no Club Athletico Paulistano sua principal fase. Seu início, na segunda metade da década de 30, foi difícil, tendo um grande crescimento nos anos 40 com a contratação de Leônidas junto com outros grandes jogadores. Depois construiu o Cícero Pompeu de Toledo (Morumbi), que por muito tempo foi o maior estádio particular do mundo. Nas décadas de 80 e 90 formou ótimas equipes, que fizeram com que São Paulo deixasse de ser um time mais regional (já tinha sido campeão brasileiro em 1977), vencendo mais títulos nacionais e internacionais, algo que voltou a acontecer na primeira década do século XXI.
Rogério Ceni pode não ser o melhor goleiro que o São Paulo teve, mas sem dúvida foi não somente o mais importante no gol, mas o maior jogador da história do clube, por sua personalidade, liderança e imbatíveis recordes, além de uma particularidade de poucos, de cobrar faltas. Na reserva está o Waldir Peres, que veio a falecer recentemente de infarto, um arqueiro que só está abaixo de Rogério em número de partidas disputadas, que tinha um estilo catimbeiro, muito importante nos triunfos são paulinos em títulos que eram disputados em cobranças de penalidade, fora tantas conquistas que esteve presente com o seu talento. Poy e Zetti são considerados por muitos os melhores no gol são paulino, sendo o argentino muito histórico em títulos dos anos 50 e o segundo de suma importância nas conquistas das duas primeiras Libertadores.
Cafu é o nome certo para a lateral-direita, pois além dos muitos títulos conquistados, era um jogador muito versátil, caindo como luva na escalação da minha equipe, que não tem um ponteiro direito fixo, sendo ele um lateral muito ofensivo. De Sordi, seu reserva, tem mais jogos disputados, mas mesmo sendo excelente, tinha características bem defensivas, com um currículo mais modesto, conquistando dois Paulistões.
A dupla de zaga tem dois gigantes, que são o uruguaio Darío Pereyra e Roberto Dias. Darío era um bom meio-campista, mas quando passou a atuar como quarto-zagueiro, descobriu sua verdadeira posição, sendo um monstro no setor e ícone de dois brilhantes times, o da Máquina e o dos Menudos. Dias era um dos melhores marcadores de Pelé, que também dispunha de muita técnica, um ídolo isolado dos complicados anos 60, sendo depois bicampeão paulista em 1970/71, compensando a falta de títulos de antes, além de ser muito brilhante na cobrança de faltas. Jurandir e Lugano são seus reservas, com o primeiro sendo um dos parceiros do brilhante Dias e o segundo fazendo parte do atual elenco, mas sem dúvida lembrado mais pela sua primeira passagem, não tendo a mesma categoria do conterrâneo Darío, mas com um estilo de jogo de muita disposição.
Noronha não tem concorrente na lateral-esquerda, participando do time da década de 40, para muitos o melhor que o São Paulo teve, um jogador muito preciso nos passes e de ótima técnica. Seu reserva é o bom Nelsinho, muito importante nos anos 80, especialmente no período dos Menudos, sendo considerado o melhor da posição no futebol paulista. Outros nomes que também podem ser lembrados são os de Alfredo Ramos, Gilberto Sorriso e Serginho.
Claro que para preservar a histórica linha-média são paulina, não poderiam falta Ruy e Bauer no meio de campo, clássicos jogadores que atuavam igualmente bem como zagueiros e volantes, tendo Mineiro e Dino Sani como seus reservas, um sendo um dos principais nomes do título mundial de 2005 e Dino dando a famosa categoria que vinha desde os seus tempos de meia. O meio de campo são paulino, com dois volantes, está muito bem armado, com o famoso Raí completando a formação, conhecido inicialmente apenas como o irmão de Sócrates, mas que depois se tornou um jogador com o seu próprio talento, fundamental na conquistas dos maiores títulos tricolores. Escolhi o talentoso Pita como seu reserva, que teve grande destaque no já citado período dos Menudos. Nomes como do argentino Sastre, Zizinho e Gérson também serão lembrados, mas principalmente o do magistral Pedro Rocha, que estará no meu Peñarol de todos os tempos.
Optei no ataque por Leônidas, Serginho e Teixeirinha, com dois centroavantes e um ponta-esquerda fixo. Leônidas da Silva, o marcante Diamante Negro da Copa do Mundo de 1938, vinha de uma excelente passagem pelo Flamengo, muitas vezes também escolhido em seu time de todas as épocas, mas foi no São Paulo viveu em um time sua maior fase, repetindo seus lances de bicicleta, sendo importantíssimo por incluí-lo entre os grandes do futebol bandeirantes, não sendo a toa que surgiu o que ficou conhecido como Trio de Ferro. Serginho Chulapa é maior goleador da história do clube, de estilo bem diferente ao do Diamante, mais trombador. Apesar do incontestável talento de Canhoteiro, vejo que Teixeirinha merece ser o titular, pois era antes de Ceni o recordista de temporadas e também quem até hoje conquistou o maior número de Estaduais, um patrimônio do clube sem dúvida. Müller e Gino formam com Canhoto o banco de reservas, com o primeiro sendo um jogador de muitos títulos e o segundo só é superado por Chulapa na artilharia geral.
Telê Santana, que nunca foi jogador do São Paulo, sem dúvida tem que ser o técnico, pois além de treinar as equipes de forma diferenciada, sempre optando pelo lado ofensivo e a arte, treinou o time em seus maiores títulos.
SÃO PAULO (1935 A 2017)
Titular: Rogério, Cafu, Darío Pereyra, Dias e Noronha, Ruy, Bauer e Raí; Leônidas, Serginho e Teixeirinha Técnico – Telê Santana.
Reserva: Waldir Peres, De Sordi, Jurandir, Lugano e Nelsinho; Mineiro, Dino Sani e Pita; Müller, Gino e Canhoteiro.
Mais anos: Rogério Ceni - 22 (1993 a 2015)
Mais partidas: Rogério Ceni - 1237
Mais gols: Serginho – 243 em 401 jogos (1973 a 1982)
Imagem: Reprodução
Memória: em 1971, Santos abriu 3 a 0, mas Timão buscou o empate
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