Menino Nickollas é um dos presentes que 2019 nos deu para refletirmos sobre o esporte. Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação

Menino Nickollas é um dos presentes que 2019 nos deu para refletirmos sobre o esporte. Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação

Títulos, premiações caras, recordes nas arquibancadas, troféus, transferências milionárias, altíssimos salários... há quem acredite que esses são os elementos que sustentam o futebol. O que muitas vezes deixamos passar é que de nada vale nenhum dos itens citados se não estiveram aliados ao principal combustível do esporte bretão: o amor.

O rico e poderoso Palmeiras alcançou a média de 28.774 torcedores por jogo em seu estádio no Campeonato Brasileiro. Mas a grande história contado no Allianz Parque em 2019 foi sobre um único torcedor (na verdade dois): o menino Nickollas, deficiente visual e autista que acompanha e sente os jogos do Verdão das arquibancadas do estádio enquanto sua mãe, Silvia Grecco, descreve a partida para o garoto.

O Flamengo ganhou quase tudo que disputou no ano, mas qual taça valeu mais do que a surpresa de um pai que presenteou o filho com uma passagem para o Catar, para que pudessem acompanhar juntos o time na disputa do Mundial de Clubes. Ah, mas o Flamengo perdeu o Mundial. Dane-se! Nada vai apagar da memória desse garoto a aventura que viveu ao lado do pai. No final das contas, o que vale é o que pai e filho viveram juntos para acompanhar o time do coração.

Jorge Sampaoli fez um grande trabalho no Santos e levou a equipe até uma posição que poucos acreditavam. Mas será que a segunda posição e o bom desempenho da equipe superam o que o treinador argentino fez pelos “meninos da árvore” (grupos de crianças que acompanhavam os treinos do Peixe em cima das árvores ao lado do CT e que viraram amigos de Sampaoli)?

O Figueirense não ganhou nada em 2019, pelo contrário, esteve muito (muito mesmo) próximo de ser rebaixado para a Série C do Brasileirão. Mas sua torcida talvez tenha sido a grande torcida do futebol nacional no ano ao abraçar, declarar amor e empurrar a equipe na luta contra uma situação que poderia levar o alvinegro catarinense à falência.

Em tempos de profissionalização extrema, de discursos vazios e pouca identidade, o ano de 2019 nos presenteou com lindas lições que nos fazem refletir: futebol não é, nunca foi e nunca será sobre “ganhar” ou “perder”. No final das contas, o que importa de verdade nesse tal futebol é como se “ganha” ou se “perde”, é o caminho até o resultado final. O que vale, de verdade, são as histórias que torcedores, jogadores, jornalistas e todos os outros envolvidos nesse esporte vivenciam rumo ao placar final de um jogo ou de um campeonato. O resultado é frio, os números são gelados. As emoções, o amor, a paixão pelo esporte ou por um time são os verdadeiros combustíveis. Desfrutem. Vivam o futebol.

Últimas do seu time