Acabou a novela, o suspense e toda a frescurada. Neymar finalmente vestiu a camisa do PSG e há muitos elementos para ser analisados nesse momento histórico. É bom deixar claro que a transferência de Neymar para o clube francês envolve algumas questões que não estão necessariamente ligadas somente à bola rolando.
A ida do brasileiro para o Paris Saint-Germain envolve, principalmente dinheiro, é claro, mas também questões políticas importantes.
O que se diz em todo o mundo é que o governo do Catar tem muito interesse na ida de Neymar para o PSG, vale lembrar que o clube é comandado por um grupo do catari, e o brasileiro seria usado como um símbolo da Copa do Mundo de 2022, que será disputada no país do oriente médio, e que é um evento politicamente muito questionado desde sempre. O novo camisa 10 do PSG serviria para amenizar a imagem ruim da Copa no Catar, e esse aspecto ajuda a entender todo o esforço do time francês em contratar o ex-barcelonista.
Quando o PSG desembolsa 222 milhões de euros para ter Neymar vestindo a camisa 10, a expectativa é que o brasileiro faça história e se torne o maior jogador da história do clube no futuro. Então o clube parisiense está olhando esperta o retorno técnico, óbvio mas vê no atacante o grande centro para suas ações de marketing. Desse modo, o negócio se torna realmente viável.
Já no lado do jogador a coisa é diferente. Os mais românticos, aqueles que veem o futebol de forma mais lúdica e os torcedores do Barcelona, claro, enxergam na atitude de Neymar uma postura mercenária.
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É claro que todos gostaríamos de ver jogadores identificados com os clubes, o que é importante que a gente entenda é que se ele toma uma decisão baseada basicamente na questão financeira, não tem problema nenhum.
O jogador certamente vai justificar sua transferência destacando o desafio técnico no PSG (foi exatamente o que ele fez em sua coletiva de apresentação). E o que tem que ser debatido é, para entender o desafio que será encontrado pelo brasileiro, é: pelo quê o PSG briga no cenário mundial?
Convenhamos que quando um clube gasta 222 milhões de euros pra contratar um jogador, espera-se, no mínimo, que esse cara leve a equipe pelo menos até um título europeu. E se isso não acontecer num período de médio prazo, talvez essa transferência seja considerada quase que um fracasso. Afinal, Neymar não vai ao PSG pra ficar ali ganhando campeonato francês, como aconteceu com o Ibrahimovic.
O desafio na França é menor, ele vai sobrar por lá, até porque estará em um campeonato muito mais fraco e isso não tem como questionar. O desafio técnico pra ele, então, é ser o cara desse time na Champions League, onde, cá entre nós, o PSG se mostrou um time mediano até hoje.
É óbvio que o jogador faz o que bem entender da carreira dele. Mas, sinceramente, acho que cabe uma crítica importante ao Neymar nessa novela que foi sua transferência.
Claro que não espero que ele aja como um Totti, um Gerrard, um Rogério Ceni, um Maldini, ou um Marcos, jogadores que dedicaram suas vidas aos times em que jogaram e foram exemplo de conduta. Até porque o Neymar e seu pai nem tem toda essa capacidade humana e intelectual pra pensar como esses caras.
Mas, sinceramente, faltou o mínimo de sensibilidade do brasileiro com o clube que fez de tudo pra contar ele (e isso não é uma defesa ao Barcelona, que é um clubea antiético em muitos momentos). Neymar não precisava pensar no diretor, ou no presidente do Barcelona. Mas poderia ao menos ter um pouco de compaixão com o torcedor barcelonista que o apoiou e o idolatrou durante os últimos anos.
E isso não significa ficar preso ao Barcelona pelo resto da vida. Mas significa que o atacante poderia ao menos ter sido honesto com aqueles que depositaram tanta confiança nele. O grande problema nessa história toda não é escolher o dinheiro, jogar ao lado dos amigos, ou qualquer outra coisa. O problema está no jogador se calar, causar problemas dentro do clube, fazer de tudo pra sair e não dar uma declaração, sendo honesto com o torcedor que, no fundo no fundo, é o personagem que mais importa.
É lamentável que pela sua postura Neymar tenha conseguido ir de ídolo a mercenário nos dois clubes que defendeu na sua carreira até hoje.
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