Em 1976, o GP do Japão em uma tela de 12 polegadas. Foto: Reprodução

Em 1976, o GP do Japão em uma tela de 12 polegadas. Foto: Reprodução

Madrugada de domingo, 24 de outubro de 1976.

A corrida que é a "cereja do bolo" do filme "Rush - No Limite da Emoção", de 2013, é a primeira que eu tenho na minha boa memória canceriana: o GP do Japão, que decidiu o Mundial de Fórmula 1 em 76, na pista de Fuji.

Certamente eu assisti outras antes dela, mas aquela madrugada foi especial.

Eu torcia para que Niki Lauda fosse o campeão.

Lauda morreu no último dia 20 de maio, aos 70 anos.

Lutou estoicamente contra a morte depois do acidente sofrido pouco mais de dois meses antes, em Nurburgring.

No meu quarto, que eu dividia com meus dois irmãos, em cima de um pequeno gaveteiro revestido de fórmica cor de gelo, repousava um aparelho de TV de 12 polegadas, marca Baby Empire, cor de laranja.

Na sala, já tínhamos um aparelho a cores, um dos mais imponentes da época, uma Philips de 26 polegadas.

Talvez por preguiça, talvez pelo conforto das cobertas, provavelmente as duas coisas, assisti o GP lá mesmo no quarto, em preto e branco na pequena tela da TV que meu pai tinha me dado um pouco antes, em 17 de julho, dia do meu aniversário.

Eu achava o Hunt um sujeito arrogante e pouco merecedor de ganhar um campeonato de Fórmula 1.

Lauda era o oposto disso na minha concepção de fã, para aquilo que já me encantava na infância.

Ok, havia os brasileiros também, no caso, Emerson e Pace.

Mas a decisão, o "mata-mata", era o que interessava: Lauda x Hunt.

Debaixo de um aguaceiro dos diabos, logo na segunda volta, Lauda entrou nos boxes e abandonou a prova.

Achava que era uma insanidade ficar na pista naquelas condições. 

Restava, para mim, a esperança de que Hunt (com três pontos a menos que Lauda), não conseguisse igualar o austríaco para ser campeão, pois tinha uma vitória a mais no campeonato.

Precisava de três pontos e marcou quatro, terminando em terceiro lugar, atrás do vencedor Mario Andretti e do segundo colocado Patrick Depailler.

James Hunt, campeão mundial de Fórmula 1 de 1976.

Frustrado, demorei para pegar no sono.

Em abril de 2013, entrevistei Alex Dias Ribeiro no meu Bella Macchina. 

O querido Alex havia participado da prova anterior, o GP dos Estados Unidos, em Watkins Glen, fazendo sua estreia pela F1 com um Hesketh patrocinado pela revista Penthouse.

Me disse, na ocasião da conversa, que assistiu James Hunt durante um treino e ficou impressionado com a maneira exuberante que o inglês estava guiando.

Daquele dia em diante, por conta do que o Alex relatou, passei a ter muito mais consideração por Hunt.

Mas, se eu pudesse viajar no tempo e voltar ao velho sobradinho da Rua das Palmas número 115, em Vila Guilherme, naquela madrugada de 24 de outubro de 1976, torceria para que Hunt ficasse pelo caminho.

Só para que o Lauda aparecesse campeão na tela da minha Baby Empire cor de laranja.

Niki Lauda abandonando o GP do Japão de 1976, na segunda volta. Foto: Divulgação


 

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