Bastou a pista da Catalunha ser liberada nesta semana nos primeiros ensaios da pré-temporada da Fórmula 1 para que ficasse claro que a Racing Point é praticamente idêntica à Mercedes da temporada passada. O carro (RP20), que terá Sergio Pérez e Lance Stroll como dupla de pilotos, já ganhou a alcunha de "Mercedes rosa".
Na pista, empurrada pelo mesmo motor Mercedes, e contando com outros elementos do time vencedor da estrela de três pontas, a Racing Point demonstrou que terá boas chances de andar no pelotão da frente, sobretudo no começo da temporada.
Ao longo do ano, com um orçamento menor, é possível que não consiga acompanhar o ritmo dos times mais abastados.
NADA SE CRIA, TUDO SE COPIA...
Parafraseando o apresentador Chacrinha, que dizia que na televisão "nada se cria, tudo se copia", na F1 a história das equipes que "beberam" em outras fontes não é novidade.
FITTIPALDI E ENSIGN
Entre os casos mais gritantes de cópias, alguns se relacionam à extinta equipe Fittipaldi.
Em 1977, o time capitaneado por Wilsinho Fittipaldi e Emerson Fittipaldi contratou o engenheiro britânico David Baldwin, que trabalhou ao londo daquele ano no projeto do carro (F5) que estreou apenas no GP da Bélgica, em Zolder.
Baldwin se alinhou ao brasileiro Ricardo Divila, outro projetista da equipe brasileira. Baldwin havia projetado o carro da equipe britânica Ensign daquele mesmo ano de 1977, o N177.
Trabalhando para Wilsinho e Emerson, Baldwin fez para o time brasileiro um carro praticamente igual ao Ensign N177.
Com carros tão parecidos, não foi de se estranhar o fato de que a Fittipaldi e a Ensign terminassem o ano bem próximas entre os construtores. A equipe brasileira fechou a temporada de 1977 em nono (com 11 pontos) e a equipe britânica em décimo, com dez. Porém, vale a ressalva que o modelo F5 estreou somente na sétima etapa e a Ensign tinha dois carros no campeonato.
FITTIPALDI E WOLF
A mesma equipe Fittipaldi comprou a equipe Wolf ao término da temporada de 1979 e não pensou duas vezes em utilizar o mesmo chassi do time canadense naquele ano para a temporada de 1980.
A Wolf havia estreado de maneira vitoriosa na Fórmula 1 em 1977, com Jody Scheckter, vencendo justamente no GP número 1 da equipe, na Argentina. Scheckter terminou o campeonato como vice-campeão mas o time não mais repetiu esta performance nas temporadas de 1978 e 1979. Em 1978, com Scheckter e em 1979 com James Hunt e Keke Rosberg, este que acabou vindo no "pacote" da Wolf para a Fittipaldi e formou dupla com Emerson em 1980.
LIGIER E BENETTON
A Benetton, campeã com Michael Schumacher em 1994 e vice entre os construtores, competiu naquela temporada com o motor Ford Zetec V8, mas o time italiano comandado por Flavio Briatore tinha como objetivo acoplar o Renault V10 no ótimo chassi desenhado por Rory Byrne. O meio que Briatore conseguiu, com toda astúcia que lhe era particular em seus tempos de chefe de equipe, foi comprar a Ligier, que tinha contrato com a Renault. O time havia sido vendido para um obscuro empresário francês, Cyril de Rovre, que acabou preso por sonegação fiscal ao término de 1994. O time voltou para as mãos de seu fundador, Guy Ligier, que acabou vendendo as ações a Britatore.
Porém, como a FIA não permitia que um dirigente comandasse duas equipes, Briatore utilizou Tom Walkinshaw como "testa de ferro". Assim, tudo se concretizou. O motor Renault passou da Ligier para a Benetton em 1995 e Briatore conseguiu trazer o Mugen-Honda para a Ligier.
A FIA também não permite que chassis iguais estejam disponibilizados para equipes diferentes, mas Briatore contou com "vistas grossas" da entidade máxima do automobilismo e a Ligier teve em 1995 o mesmo carro que a Benetton, diferenciada apenas pelo motor.
No campeonato, como era de se supor, a Benetton dominou. Michael Schumacher foi o campeão e o time levantou a taça entre os construtores.
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