Há duas semanas este portal deu com exclusividade que Pelé, o mito, a lenda, o Atleta do século, havia abandonado os exercícios de fisioterapia. Cansado, desmotivado, sentindo dores, avisara a amigos, familiares, médicos que não queria mais se sujeitar às cansativas e, para ele, inúteis sessões de fisioterapia. Foi o grito de um rei extenuado de tantos exercícios, treinos e jogos que fez durante a sua carreira de 21 anos, 1.283 gols, cinco títulos mundiais, sendo três pela Seleção Brasileira e dois pelo Santos, clube em que começou a jogar aos 15 anos de idade.

A informação abalou o mundo do futebol. E entristeceu até quem não nutre simpatia pelo ex-jogador. Sim, há quem o critica muito por só ter reconhecido a paternidade da filha Sandra - que morreu vítima de câncer -, na Justiça.

Mas essa é uma outra história.

Nesta segunda-feira, 10/02, Edinho, o filho do Rei, que foi goleiro do Santos, clube em que hoje é funcionário, disse ao Globo.com que Pelé “está abatido por problema de saúde e não quer sair de casa”.

As dificuldades de locomoção deixam o ex-jogador “com certa depressão”, disse o ex-goleiro.

Segundo Edinho, Pelé está bastante fragilizado em relação à mobilidade.

“Ele fez o transplante do quadril e não fez uma reabilitação adequada, ideal. Então, ele está com esse problema de mobilidade, que acaba acarretando uma certa depressão. Imagina, ele é o rei, sempre foi uma figura tão imponente. E hoje não consegue mais andar direito. Ele fica acanhado, muito constrangido com isso. Mas está bem, tirando isso e tirando a natureza da idade e tudo mais”, afirmou Edinho, que acrescentou: “Ele não consegue andar normalmente. Só com o andador. Até melhorou um pouco em relação à época que apareceu de cadeira de rodas, mas ainda tem bastante dificuldade para andar. Ele fica constrangido, não quer sair, se expor, estar na rua, fazer praticamente nada que tenha de sair de casa. Está muito acanhado, recluso”, competou.

Além do problema no quadril, Pelé também tem lesões nos joelhos e na coluna. Como o próprio Pelé já disse, a conta pelos 21 anos nos gramados chegou para ele. A arte exibida em campo tem preço.

A vida de Pelé, nos gramados e fora deles, foi repleta de conquistas. Aclamado por multidões, reverenciado por reis e rainhas mundo afora, com poder até para parar uma guerra, Pelé não conviveu com o fracasso.

Sempre fez questão de frisar que o fato de ter começado a ter contato e conviver com fama desde os 16 anos de idade serviu para moldar a sua personalidade.

Parece que não é bem assim. Psicologicamente Pelé (ou seria o Edson?), mostra que não está preparado para enfrentar as dificuldades que a vida impõe. Edinho, na entrevista, disse que ele “não quer se expor. Está muito acanhado, recluso”.

Cabe aqui uma comparação com Maradona. Se, pelo menos para este repórter, Pelé foi inquestionavelmente melhor do que o argentino nos gramados, fora dele Diego leva a melhor. Maradona não tem medo de expor. Com muitos quilos a mais e andando com muita dificuldade, por causa de lesões nos joelhos, Maradona não se constrange em mostrar a cara. Atualmente é técnico do Gimnasia de La Plata. Maradona, por causa das drogas, já foi ao fundo do poço.

Depois de brilhar com a bola nos pés, conheceu o inferno, inclusive em sua vida pessoal, com brigas públicas com ex-mulheres e filhas.

Pelé, com exceção dos problemas que enfrentou com o filho Edinho, acusado de envolvimento com o crime organizado, e com o longo e rumoroso processo com a filha Sandra, esteve a maior parte da vida de braços dados com o sucesso.

Os percalços, as internações por causa da cocaína, fizeram de Maradona um forte no momento de encarar os obstáculos. Rei, Atleta do Século, o jogador que dominava todos os fundamentos do futebol, Pelé mostra a fragilidade dos mortais quando tem apenas de ser o que é.