O Brasil passou os últimos cinco dias em grande expectativa para conhecer o posicionamento dos jogadores da seleção brasileira sobre a realização da Copa América no país. Abertamente insatisfeitos, jogadores e comissão técnica prometeram se manifestar após a partida contra o Paraguai e cumpriram... porém decepcionaram!
Por alguns dias, parte do país acreditou que os jogadores, protagonistas desse espetáculo chamado futebol, poderiam inverter a lógica do esporte no nosso país, e se colocar como figuras questionadoras, representantes da sociedade, pessoas engajados com os problemas que assolam a população.
Pois o tal “manifesto” publicado nas redes sociais de todos os jogadores após a vitória por 2 a 0 sobre o Paraguai, em Assunção, não cita uma única vez a pandemia do novo coronavírus. Em nenhum momento o texto fala da crise sanitária que o Brasil vive, com quase 500 mil pessoas mortas.
No segundo parágrafo da publicação está o trecho que mais se aproxima do assunto: “Somos um grupo coeso, porém com ideias distintas. Por diversas razões, sejam elas humanitárias ou de cunho profissional, estamos insatisfeitos com a condução da Copa América pela Conmebol, fosse ela sediada tardiamente no Chile ou mesmo no Brasil”, escreveram os atletas.
Questiono, então: quais são as questões humanitárias citadas pelo texto que colaboram para que o grupo não concorde com a realização da Copa América? Elas estão acima das questões profissionais? Porque o texto dá a entender que ambas têm o mesmo peso. O que é mais importante nesse momento?
Vivemos uma pandemia terrível e o “manifesto” dos jogadores não fala em, pasmem, pandemia!
“Todos os fatos recentes nos levam a acreditar em um processo inadequado em sua realização”, complemente o texto. Surge aqui outra dúvidas, senhores jogadores: quais fatos? Expliquem. Quais fatos recentes tornam inadequada a realização do torneio? Por que não falar abertamente da pandemia? Por que não se solidarizar com a dor do torcedor brasileiro que vê seus entes queridos partindo diariamente para a Covid-19?
Outro ponto importante é o fato de o “manifesto” destacar que não quer politizar a questão. Mal sabem os jogadores que ao “não politizar” o tema, politizado ele está! E que mal há em politizá-lo?
Não citar a pandemia e destacar o desejo de não politizar o caso diz muito sobre os jogadores. Diz muito sobre toda a situação que a seleção vem passando. Diz muito sobre a classe de jogadores do país.
E que fique claro, nenhum atleta (nenhum cidadão) tem a obrigação de se engajar com uma causa política. Ainda mais se pensarmos que são homens que cresceram saindo da pobreza, com formação precária e pouco acesso ao conhecimento. Mas solidariedade ultrapassa qualquer barreira. Empatia não está ligada a intelectualidade.
Ao não citar a pandemia e “não politizar” sua queixa, a seleção mostra pouca solidariedade e uma falta enorme de empatia com o país!
Vídeo: confira as imagens do embarque da seleção para a Copa de 1970
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