Participo de mídias sociais que discutem o SPFC desde que a internet engatinhava e os primeiros fóruns apareceram. Conheci muita gente, virtualmente. Algumas saíram da virtualidade internética e se tornaram amigos reais, presenciais. Outros, nunca vi.
Assim conheci o Alexandre Zanquetta: Virtualmente. Encontramos-nos apenas uma vez, quando estive no Rio de Janeiro, sete ou anos atrás, para assistir a uma partida do nosso time e ele foi me visitar no hotel em que estava hospedado com Arlete.
Naquela época enviava-lhe esporadicamente, algumas textos que ele publicava no “Blog do São Paulo”. Por gratidão fez-me a visita quando discutimos o time e o Clube durante mais de três horas, consumindo inúmeras caipirinhas, cervejas e refrigerantes. O tema central era o “golpe” do terceiro mandato. Ele estava pasmo de eu ter me postado frontalmente contra pois até ali, quase tudo o que escrevia era favorável e elogioso a Juvenal Juvêncio. Armei para o Blog, uma entrevista com o amigo Leco, que desde aquela época era o meu candidato a seceder Juvenal e presidir o Tricolor.
O “Zanca” é muito bondoso para comigo. Teceu elogios à minha atuação na diretoria adjunta do futebol de base em que estive cerca de 8 a 10 anos atrás. Tem elogiado minha postura ante os temas recorrentes no nosso time. Vibrou quando fui nomeado diretor pleno em Cotia, no ano passado e, quando fui para o CT da Barra Funda, no inicio deste corrente ano. Sempre compreensivo, sempre elogioso a mim e às minhas ações.
A reciproca não é verdadeira e por isto sou seu devedor. Critiquei-o e discutimos quando ele foi muito ácido em criticas ferozes a parceiros meus na gestão do futebol e do Clube. Ele nunca se moveu, nem eu.
Ah!… moveu-se sim, quando por poucos dias guardou as farpas e elogiou a gestão passada, talvez por terem me nomeado, O desfecho da gestão foi terrível e ele ficou mal mas nunca me culpou.
Muitas vezes pediu “furos” que sempre neguei.
Mas seu último pedido a este ex-diretor de futebol, não posso negar. Seja em retribuição a tanta gentileza dele para comigo, seja em compensação às negativas que lhe fiz.
Pediu-me um relato das minhas recentes atuações, que faço. Tanto em consideração a Ele, Zanquetta, um amigo muito mais virtual do que real; quanto a dar saber aos são-paulinos que seguem este Blog, do que fiz e do que pretendia.
Segue:
Minha mulher, filhas e netas enchem-se de ciúmes quando lhes digo que o futebol é a maior paixão da minha vida e que o SPFC representa o meu grande e maior amor.
Imaginem minha alegria e entusiasmo quando me convidaram para dirigir o futebol de formação (base) do meu Clube…… E depois? Quando me entregaram a diretoria do Futebol Profissional!!!???
Minha eterna gratidão ao Ataíde, ao Carlos Miguel e ao Leco, por isto.
E também, claro, aos queridos amigos/irmãos que sugeriram meu nome para tais tarefas que me entreguei de corpo e alma, 24 horas por dia. Sim, levei muitas lições para fazer em casa, atendendo aos reclamos de presença no lar, feitos com justiça pela Arlete. Mesmo na cama enquanto tentava dormir, ficava pensando em como resolver questões do SPFC, tendo idéias, formulando planos.
Sacrifíco? Não, Satisfação.
Ida e volta de minha casa em Arujá, até Cotia, cidades localizadas nos limites extremos Leste e Oeste da Capital de SP, demandava rodar 240 km diários através do Rodoanel trechos leste, sul e oeste, só para não me contrariar atiçando a ansiedade sempre presente, companheira de todas as horas; no trânsito da Via Dutra, Marginal Tietê e, Via Raposo Tavares. Nesta ultima rota poderia reduzir a distância a “meros” 160 km mas o tráfego intenso e quase sempre parado, não compensava .
Estou muito grato aos meus filhos Luiz Francisco (Chico) e Luiz Antonio Filho (Lú) e minha mulher Arlete, por me permitirem a entrega “full time”, de corpo e alma, ao SPFC, desde setembro de 2015 até maio deste 2016. Sãopaulinos de boa cepa, não se importaram em continuar pagando meu pró-labore nas empresas da família por apenas algumas consultas telefônicas para aconselhamento em poucos assuntos que julgaram precisarem de mim para resolver. Até gostaram e incentivaram minha presença no futebol porque me atribuíram parte dos sucessos das equipes que tive sob direção.
Grandes torcedores não ligam para questões “menores” como gastos e tempo despendidos em vitórias e glórias do time do coração. Vão ao estádio custe o que custar. Meus filhos são assim.
Valeu pra eles, valeu pra mim.
Caro? Não Barato: Amor Não Tem Valor Pecuniário.
Nada pra mim, tudo pro SPFC. Eis meu slogan, minha diretriz na relação com a Instituição. A conta do meu cartão de crédito mais do que duplicou: Combustivel. Manutenção de veículos. Refeições com ou sem pessoas com as quais negociei em nome do Clube. Passagens e estadias em hotéis a serviço ou acompanhando delegações. Etc. Fora as muitas multas de trânsito que a correria pelo time, me fizeram imputar. Muito caro, se contarmos apenas o valor monetário.
De graça, não porque tenha buscado ressarcimento como seria normal, natural. Nunca o fiz. Ninguém encontrará alguma nota fiscal ou relatório de despesas minhas, na contabilidade do SPFC; apenas porque não existem. Elas foram pagas com a satisfação que eu sentia em servir ao meu Time.
Há “séculos” não usufruo da social nem ao menos para jogar uma pelada; Nunca usei meu programa (de primeira hora) de Sócio Torcedor para comprar um ingresso que fosse; Distância e agruras para chegar, estacionar e sair do Morumbi, me fizeram abandonar o uso das quatro cadeiras cativas cujas taxas pago com prazer. Uso socialmente, produtos com o distintivo do SPFC mas sempre os oficiais buscando com isto, mais ainda, ajuda em custear as finanças e, a pagar bem nossos jogadores. Três assinaturas de pay-per-view (em Arujá, São Sebastião e, na sala de trabalho na empresa), para não perder nada, nenhum jogo do SPFC ou de ex-jogadores com os quais me relacionei, sobretudo na formação.
Doar, Sempre.
Examinava minuciosamente os balancetes em busca de gastos desnecessários, tentando diminuir as despesas na formação de jogadores do CFA de Cotia. Muita coisa foi ajustada para melhor com a grande ajuda do Sr. José Innocencio. O consumo de água nos custava a fortuna de R$ 20 mil, todos os meses. Busquei empresas que nos fornecessem a perfuração de um poço artesiano mas os cofres estavam à mingua. Mandei fazer e paguei doando-o ao Clube. Penso que com isto deixo uma marca física valiosa além do meu trabalho gratuito. Quem sabe quanto custa um destes poços, sabe que não sai barato. Resultou em mais de 5 mil litros de água pura, por hora, grátis.
Para atenuar o desgaste de tanta rodagem, ida e volta todos os dias, busquei e encontrei um sobradinho na cidade de Cotia, onde pretendia pernoitar ao menos três ou quatro noites por semana. Poderia assim doar mais, o tempo de percurso em todos os trechos. Encontrei algo bem cômodo. Quando pedi à Arlete cópias dos documentos necessários para o contrato ela reclamou que eu estava pensando só em mim, isto porque não admitia que não pernoitássemos juntos. Iria ela então, deslocar-se do serviço (comanda o setor financeiro das empresas) para lá, voltando logo cedo para o escritório que fica em uma das fábricas, pertinho de casa. De fato não era justo.
Pensei em solução alternativa. Já que ela fazia questão de dar sua parcela de sacrifício, pedi-lhe que fosse pela Via Dutra e Av. Marginal até que percorresse a metade do caminho total de 80 km. Onde quer que o odômetro do carro apontasse 40 km, pouco mais, pouco menos, procurasse por ali um apartamento para alugarmos. Tudo em nome de bem servir ao SPFC.
Esperta, viu que havia nas imediações do CT da Barra Funda um empreendimento com bons apartamentos à venda. Julgou que os preços estavam bons devido à crise na economia nacional e que uma aquisição seria um bom investimento.
Concordei, compramos mas ainda não pudemos habitar devido a demora na entrega das chaves e agora, fazendo pequenos ajustes antes de usar. Acho que nunca usarei.
Para não ter que fazer inventários, coloquei em nome de uma das minhas filhas pensando em doação futura sem burocracia e gastos cartoriais. Agora tenho outro problema: Para ser justo, terei que comprar mais um, em nome da outra filha.
Menos mal que vendi a minha outra paixão, o ELEONORA, veleiro com o qual naveguei desde Portugal até Ilhabela, quatro anos atrás. Por absoluta falta de uso devido a ausência do litoral, vendio-o recentemente. Usarei o valor, complementando, para a compra do outro apartamento mas, dispondo agora de tempo nos finais de semana, não mais terei o veleiro para minhas saídas mar adentro, do que tanto gostava.
Sacrifícios? Não, satisfação, respondo sempre a quem me conhece e nota o quanto me dedico (dediquei), ao time amado.
Sacrifício? Sim, estava ficando sacrificante, viver e conviver com algo que precisava ser mexido, reestruturado, modificado, melhorado, atualizado, para ser mais moderno, ágil, translúcido, prático, útil e muito, muito menos oneroso. Meu ideal de governança corporativa a ser implementada na gestão do futebol, (esperando que o grupo comandado pelo conselheiro Silvio Médici finalize, se conseguir, a implementação do “Compliance” Institucional), inclusive encorpada pela excelente ajuda dos planos da McKinsey – que veem no mesmo sentido – os quais implementaria em breve (tinha até um diretor adjunto encarregado disto), resultando ademais, em economia mensal de cerca de R$ 200 mil. Uma verdadeira reengenharia no setor.
Não deu, saí.
Estou bem, com a leveza do dever cumprido, de ter ajudado e deixado um legado que não foi somente patrimonial.
Gostaria de nominar todas as pessoas mas seria impossível relembrar e portanto, injusto com muitos. Nominarei poucos porque não dá pra deixar de dizer alguns nomes:
Rodolfo, Serginho Rocha, Mayara, Jardine, Kako, Orlando, Foguete, Banguelê, David Neres, Lucas Fernandes, Luis Araújo, Denis, Diego Lugano, Maicon, Paulo Ganso, Alan Kardec, Michel Bastos, doutores Sanches e Auro, Sassaki, Juca Pacheco, Pintado, Patón Bauza; representam muita gente, centenas de pessoas cujo convívio me fez bem, muito bem, e que levarei prá sempre no meu coração.
Muito Obrigado, SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE por dar um tempero muito gostoso à minha vida.
Por: Luiz Antonio da Cunha, ex Diretor do São Paulo FC
Foto: UOL
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