A exemplo do que aconteceu no ano passado, o Grêmio jogou no lixo três pontos preciosos que poderão fazer muita falta no final do campeonato, para uma eventual classificação à Libertadores e até mesmo - por que não dizer ? - para uma necessária fuga da temível Zona de rebaixamento, que tem como ponto de destino o inferno da segunda divisão.

 

É claro  que ninguém esperava que Renato fosse mandar a campo, para esse confronto em que perdeu de 2 a 1 para o Botafogo, todos os seu titulares, haja vista o compromisso de terça-feria diante do Cerro Porteño pela Libertadores. 

 

Mas não precisava exagerar nos desfalques. Bem que poderia ter atuado com esse time de um só titular (Luan) até metade da etapa complementar, quando, apesar do menor volume de jogo, sustentava o 1 a 1, com alguma chance de saltar à frente no placar. 

 

Se o técnico gremista tivesse sido um pouco mais ousado, colocando Everton no ataque, Ramiro ou Arthur no meio de campo e Pedro Geromel na zaga, por volta dos 20 minutos da etapa final, teria qualificado substancialmente sua esquipe, com grande chance de se impor ao limitado time do Botafogo e buscar a vitória, com uma virada no placar.  

 

Nesses vinte e poucos minutos restantes da partida, a chance de o Grêmio chegar ao gol da vitória, em função de tais modificações, era muito maior do que o risco de desgaste físico e eventuais problemas de lesão que pudessem se abater sobre esses atletas imprescindíveis ao confronto na Arena pelo torneio continental. 

 

Outro equívoco de Renato, que classifico de erro crasso, foi escalar o goleiro Paulo Victor para poupar o titular Marcelo Grohe. 

 

Já é tempo de os técnicos de futebol se darem conta de que goleiro não se poupa, uma vez que atua numa posição onde os riscos de lesão e o desgaste físico são bem menores do que o dos jogadores das outras posições. 

 

Em primeiro lugar, goleiro não se vê sujeito com muita frequência ao corpo a corpo das disputas de bola sempre temerárias.  Em segundo, o desgaste físico de um goleiro, que passa em média 99% da partida se movimentando nos limites da grande área, é quase insubsistente no decorrer dos 90 minutos de jogo.

 

Eu diria até que, muito pelo contrário, a utilização de goleiro titular na composição de times reservas representa uma excelente oportunidade para ele treinar, haja vista que será exigido com maior frequência pelo fato de estar compondo um sistema defensivo respaldado por uma zaga menos qualificada. 

 

Em relação ao jogo deste sábado em que o Grêmio afundou, despencando na tabela do Brasileirão, arrisco dizer que se Renato Portaluppi tivesse escalado Marcelo Grohe no lugar de Paulo Victor, teria saído do Engenhão no mínimo com um empate diante do Botafogo.

 

Afinal o gol da derrota que o goleiro reserva levou do lateral Gilson, no final da partida, ocorreu num chute do meio do campo que, embora certeiro,  o titular Grohe, na excelente fase que atravessa, provavelmente defenderia.    

 

Essa derrota gremista,  perdendo uma invencibilidade de nove jogos, pode ser incluída entre aqueles resultados negativos em que a culpa é metade do time e metade do treinador. 

 

Positivamente, hoje não foi um daqueles dias em que tudo dá certo para o Grêmio. Renato não esteve inspirado no plano técnico e sua estrela não brilhou nas escalações e substituições que fez, que não passaram da velha troca de seis por meia dúzia. 

 

É verdade que Luan não estava bem na partida, mas ao invés de tirá-lo de campo, desqualificando ainda mais a equipe, o treinador gremista deveria ter mantido seu principal craque no jogo, escalando alguém do elenco principal que pudesse compor com ele uma dupla de ataque  capaz de levar perigo à meta defendida pelo veterano Jefferson.

 

Em consequência dessa derrota, o Grêmio dorme de sábado para domingo na 8ª colocação, podendo começar a segunda-feira que antecede o confronto diante do Cerro Porteño,  pela Libertadores, até na incômoda posição de 14º colocado, dependendo de uma combinação de resultados nos jogos desse domingo. .