Depois de fazer muito barulho com um protesto em redes sociais e sua decisão de não cobrir a Copa do Mundo, o jornalista dinamarquês Mikkel Jensen publicou nesta quinta-feira o documentário gravado em sua recente passagem pelo Brasil. O vídeo (assista abaixo) é fruto de suas idas ao Rio de Janeiro e Fortaleza e nele as críticas ao Mundial de futebol são ampliadas e detalhadas.
Jensen, de 27 anos, recebeu críticas e elogios no meio de abril, quando compartilhou uma foto e um texto, "A Copa - uma grande ilusão preparada para os gringos", dizendo que havia desistido de permanecer no Brasil para cobrir o evento, principalmente pelo que descobriu durante as gravações de seu vídeo.
O documentário "O Preço da Copa do Mundo" foi publicado no Youtube, nesta quinta-feira, e tem quase 30 minutos. Nele, o dinamarquês traz entrevistas com crianças de rua, pessoas desalojadas por conta das obras da Copa e políticos.
A maior crítica, como já havia ocorrido, vem na acusação de que grupos de extermínio tem matado moradores de rua em Fortaleza. O documentário cita isso por meio de Manoel Torquato, coordenador de um projeto social. Ele conta casos em que "carros pretos" passaram com indivíduos atirando em mendigos e cita que que, oficialmente, não há registros de mortes de crianças de rua, mas que apenas em um levantamento de seis entidades, o número encontrado era de 121 mortes. Ainda aparecem no vídeo casos como o do pedreiro Amarildo, desaparecido em uma favela carioca, que virou símbolo na luta contra o abuso de autoridade de policiais.
"Estou muito feliz de finalmente publicar o documentário, especialmente em poder mostrá-lo para os brasileiros. Sei que é um tópico que milhões de brasileiros apoiam. Espero que o filme possa dar mais foco aos problemas do Brasil e criar um debate. Espero que para os que duvidaram da minha existência vejam que sou real e que minhas fontes existem. Também espero abrir os olhos dos europeus que não sabem muito sobre o Brasil e sobre como a Copa afeta o país", disse Jensen, ao UOL Esporte.
Jensen teve negociações com TVs dinamarquesas para a exibição do filme, mas decidiu não vender o material, pois ficaria impedido de espalhá-lo de maneira global.
FOTO: UOL