Por Fábio Piperno
Há 50 anos, Zagallo era escolhido para comandar a seleção. Mais um trecho do meu livro "99 Dias para o tri".
No dia seguinte, Antonio do Passo fez contato com Dino Sani, que recusou o convite de imediato. No Rio de Janeiro, Havelange conversou com Zagallo. Ganhador dos cariocas em 1967/68 e da Taça Brasil de 1968 com o Botafogo, o bicampeão do mundo como jogador estava com a cotação em alta. E não hesitou em aceitar a oferta para retornar à seleção, agora como técnico e a 76 dias da estreia no mundial.
A apresentação ocorreu já no dia seguinte. A comissão técnica estava mantida, à exceção do supervisor Russo, que havia saído com Saldanha. De início, Zagallo anunciou cinco novos convocados. Como era esperado, o goleiro Félix, ainda sem contrato renovado com o Fluminense, estava de volta. O zagueiro Leônidas (Botafogo) e os atacantes Arílson (Flamengo), Roberto (Botafogo) e Dario (Atlético Mineiro) também passavam a fazer parte do grupo. Com isso, o ídolo do presidente da república se tornava jogador de seleção. O quinteto chegou, mas ninguém saiu de imediato. Assim, logo a seleção teria cinco cortes. Um dos cortados quase que certamente seria o do goleiro Leão, já que o novo treinador gostava de Félix e considerava o palmeirense muito jovem. Preterido, Aimoré Moreira apoiou a escolha de seu ponta- esquerda em 1962 e defendeu que fosse feita uma nova convocação, para que Zagallo ficasse mais à vontade para chamar seus preferidos. Porém, a ideia foi rechaçada.
Se no Rio de Janeiro o ambiente em que estava imerso a seleção havia entrado em ebulição, em Brasília o governo monitorava tudo, de forma bem atenta. Perto de completar seis anos no poder, o regime liderado pelos generais reforçava a repressão aos grupos da resistência armada. E claramente não interessava aos militares a instalação de outro front de luta, mesmo que fosse no bem menos belicoso campo esportivo. Em ano eleitoral, de votação para deputados e senadores, a ditadura precisava capitalizar o sucesso da seleção. Com inúmeros militares instalados em postos de comando do esporte, e com presença até mesmo na comissão-técnica nomeada pela CBD, a cobrança pelo êxito do Brasil no México se tornava mais explícita. Assim, não foi surpresa a convocação de João Havelange para que o dirigente fosse a Brasília prestar contas ao ministro da Educação, Jarbas Passarinho, a quem eram subordinados os órgãos de comando do esporte, como o Conselho Nacional de Deportes (CND) e, por tabela, a CBD
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