Noite fria num Pacaembu lotado, 37.894 pagantes nas arquibancadas do emblemático estádio paulistano para testemunhar a história sendo escrita: Santos x Peñarol voltavam a decidir a Libertadores da América quase cinquenta anos depois da final de 1962, quando as duas equipes fizeram a grande final do torneio, vencido pelo Santos. E quis o destino que mais uma vez o Alvinegro da Vila Belmiro levasse a melhor.
Há exatos 11 anos, o Santos fazia 2 a 1 sobre os uruguaios – na época comandados por Diego Aguirre, hoje treinador do Cruz Aazul, do México, com passagens por Inter, Galo e São Paulo – e conquistava a Libertadores pela terceira vez em sua história.
Com o Rei Pelé e Milton Neves nas arquibancadas, o Peixe – que tinha empatado a partida de ida em 0 a 0 em Montevidéu – foi soberano, mandou no jogo, criou as melhores oportunidades e, após primeiro tempo tenso, abriu 2 a 0 com gols de Neymar e Danilo. O Peñarol descontou com gol contra de Durval.
QUASE ELIMINADO NA PRIMEIRA FASE: RELEMBRE A CAMPANHA SANTISTA
Quem viu a festa alvinegra ao final da partida naquela noite de 22 de junho de 2011 no Pacaembu, talvez não tenha se lembrado da dificuldade enfrentada pela equipe em sua campanha na competição.
O Peixe iniciou o torneio sob o comando de Adilson Batista, que acabou demitido em 27 de fevereiro daquele ano. O treinador chegou a comandar o time na estreia diante do Deportivo Tachira, na Venezuela, quando empatou por 0 a 0. Sem Adilson, o time passou a ser comandado interinamente por Marcelo Martelotte: com o auxiliar no comando, o Santos empatou por 1 a 1 com o Cerro Porteño na Vila, jogo em que os santistas venciam até os 45 do segundo tempo, e perderam para o Colo Colo por 3 a 2 em Santiago. A derrota para os chilenos complicou a vida do Peixe que contratou Muricy Ramalho.
No segundo jogo diante do Colo Colo, com Muricy das arquibancadas, a equipe, ainda comandada por Martelotte, fez 3 a 2 e ganhou sobrevida na competição. na sequência, já com Muricy no comando, o Peixe bateu o Cerro por 2 a 1 no Paraguai, vitória muito marcante na memória do torcedor santista, quando a equipe jogou muito desfalcada, sem Elano, Neymar e Zé Love, que contou com ótima partida de Ganso e um golaço de Danilo. Com a classificação encaminhada, o alvinegro fechou a primeira fase com vitória por 3 a 1 sobre o Táchira no Pacaembu.
Veio o mata-mata e o primeiro desafio foi o América, do México. Na Vila, vitória santista por 1 a 0. Já em solo mexicano, 0 a 0 com atuação épica do goleiro Rafael. O adversário das quartas de final foi o Once Caldas. Com vitória por 1 a 0 no jogo de ida, na Colômbia, e empate em 1 a 1 no Pacaembu, o time de Muricy avançou e reencontrou o Cerro Porteño nas semifinais: mais uma vez, melhor para o Peixe, que venceu a ida por 1 a 0 no Pacaembu, e empatou em 3 a 3 o jogo de volta, no Paraguai, carimbando vaga na grande decisão.
NEYMAR BRILHA NA FINAL E VIRA REI DA AMÉRICA
Grande nome do elenco santista na campanha alvinegra do tri, Neymar foi o dono da Libertadores de 2011. O camisa 11, que tinha apenas dois anos como jogador profissional, marcou 6 gols e anotou 6 assistências na campanha santista. Na grande decisão, o atacante então com 19 anos foi decisivo. Principal peça do ataque alvinegro, Neymar brilhou justamente no pior momento santista na partida: os donos da casa terminaram o primeiro tempo errando muitos passes, mas logo aos 2 minutos da segunda etapa, Arouca arrancou pelo meio, tabelou com Ganso que devolveu de letra para o volante que serviu Neymar. Com um poder de finalização extraterrestre, o camisa 11 bateu cruzado, no canto do goleiro Sosa, e abriu o placar. Aos 23 minutos da segunda etapa, Danilo recebeu bola pela direita, cortou para o meio e bateu de fora da área para marcar o segundo. Estava batido o martelo. Nem o gol contra de Durval aos 34 minutos ameaçaram o título santista e o prêmio de melhor jogador da competição para Neymar.
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