Incrível a força que ainda tem o "Homem Alegria do Povo" de nos entristecer. O que será que aconteceu "ossos sumidos"?

Incrível a força que ainda tem o "Homem Alegria do Povo" de nos entristecer. O que será que aconteceu "ossos sumidos"?

Foi a semana do Garrincha.

Dias tristes.

Incrível a força que ainda tem o “Homem Alegria do Povo” de nos entristecer.

Mané, o bombeiro, Tancredo, Senna, Silvio Santos e São Marcos são as figuras mais queridas do Brasil.

Os políticos, em 91.27%, no outro extremo, os mais detestáveis.

Sim, Marcos pode ter sido exagero meu por questão de profunda admiração e gratidão por 2002 e pelas risadas que sempre provocou no rádio e na TV.

Claro, reconheço, Garrincha, os outros citados e os bombeiros (queridos em todo o planeta) ganham fácil do hoje auto-recluso boiadeiro Marcos Roberto Silveira Reis, lá em Oriente-SP.

Mas e Garrincha e seus “ossos sumidos”?

Só que não sumiram.

Um dos “milhares” de netos de Mané – teve 16 filhos, segundo “Veja Online” – garantiu que os restos mortais de seu avô famoso nunca deixaram o humilde túmulo em que foi sepultado em Magé-RJ naquele 21 de janeiro de 1983.

“A família é complicada”, disse.

E alerta o notável Ruy Castro: “É difícil extrair das filhas de Garrincha um pensamento coerente”.

Ele, o maior “garrinchista” do mundo, sabe das coisas.

Escreveu a brilhante biografia-homenagem ao número 2 do futebol do Brasil e foi... processado por algumas delas!

Queriam indenização!!!

Não sabem ou não sabiam que livro no Brasil não dá dinheiro, Paulo Coelho à parte.

Certo, amigo Marcelo Rezende?

Em meu livro recebi uns 2% do custo bancado de jantares-reunião com complicados editores.

Uma “fortuna”!

Mas valeu a pena e tenho até hoje comprado meus livros para alguns amigos ou para novos conhecidos também.

Só que, agora, passo a bola para Ruy Castro, que crava, com amplo conhecimento, a verdade sobre Mané, “O Inajudável”!

“Mas um fato como este traz de volta o velho mito nacional de que Garrincha morreu abandonado. Nossa vocação para o coitadismo precisa de um modelo, e Garrincha se presta bem a ele. A verdade, no entanto, é outra: Garrincha não morreu abandonado. E foi ajudado por muita gente —exceto por si mesmo”.

E mais: “Ninguém o ajudou mais que Elza Soares. Desde 1962, quando se conheceram, ela tentou organizar suas finanças, lutou para que não bebesse, escondeu seus porres e levou-o para clubes, cidades e países onde ainda acreditassem nele. Elza criou para Garrincha o "jogo da gratidão" no Maracanã, em dezembro de 1973, em que 131.555 pessoas pagaram ingresso, e a renda se destinou a casas para as filhas dele. Elza deu a Garrincha até um filho homem. Mas, ao fim de 15 anos, em 1977, separou-se —ou também seria destruída”.

E mais: “Garrincha foi ajudado por um empresário, um banqueiro, um juiz, o Itamaraty, o IBC (Instituto Brasileiro do Café), a LBA (Legião Brasileira de Assistência), a AGAP (Associação de Garantia ao Atleta Profissional) e até pela CBF, presidida por Giulite Coutinho. Médicos e psicólogos dedicaram-lhe tempo integral, sem cobrar; Garrincha foi assistido pelos grupos de AA do Catete e de Bangu e por jornalistas e ex-jogadores seus amigos; e, em seus últimos três anos, foi internado pelo menos 18 vezes em clínicas psiquiátricas. Todos queriam salvá-lo, mas de nada adiantou. Garrincha foi vítima da brutal ignorância brasileira sobre o alcoolismo”.

Trechos da coluna do notável Ruy Castro publicada pela Folha de S.Paulo na última sexta-feira (02).

Ave, Mané!

Foto: Portal TT

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