Fiasco da seleção sub-20, no Sul-Americano da categoria, no Chile, é a maior prova de que o futebol pentacampeão do mundo precisa de um banho de humildade e do resgate urgente de sua essência

Fiasco da seleção sub-20, no Sul-Americano da categoria, no Chile, é a maior prova de que o futebol pentacampeão do mundo precisa de um banho de humildade e do resgate urgente de sua essência

 
O que vou afirmar aqui é um duro golpe na arrogância da pachecada de plantão, mas o fato é que não brotam mais talentos no futebol brasileiro como em outrora.
 
O fiasco da seleção brasileira sub-20 (mais um!), no Sul-Americano da categoria, no Chile, prova que vivemos uma crise na formação dos atletas. Culpa da CBF, dos clubes e de todos os profissionais envolvidos no futebol brasileiro.
 
Vivemos um momento de jogadores “fakes”. Atletas que aparecem para o futebol mais preocupados com as cores das chuteiras e os brincos e tatuagens que podem e devem ser exibidos para a imprensa e torcida, afinal imagem é tudo. Já o futebol é o que menos conta.
 
A “necessaire” dos treinos, que sempre carregou a chuteira e os sonhos de qualquer novato no mundo da bola, agora dá lugar ao secador de cabelos. Sim, as madeixas compõem o visual de jogadores que menosprezam a parte técnica e tática em prol do topete, dos reflexos e dos cremes para o corpo e cabelos.
 
Como diria Muricy Ramalho, a bola pune, portanto, o fiasco nas categorias de base é a maior prova de que o futebol brasileiro deveria passar por uma revolução, sobretudo em seu nascedouro.
 
O futebol por aqui vestiu o manto europeu e abriu mão da sua essência. Faltam ginga e humildade, sobram arrogância e falta de comprometimento. O preço já está sendo pago e é alto.
 
A revolução deveria começar nos clubes e junto aos treinadores que condicionam desde cedo os garotos a acreditarem que os esquemas 3-5-2, 4-4-2, 4-1-4-1 são mais importante do que o drible, do que jogar com alegria na busca por gols.
 
A ginga e o improviso com a bola nos pés, as marcas registradas do futebol brasileiro pentacampeão do mundo, viraram uma espécie de maldição. Os garotos são orientados a trocarem os dribles pela obediência tática. É preciso detestar a bola e optar pela transpiração total.
 
Mais preocupante do que os fiascos vistos até aqui é a falta de comprometimento dos clubes e da CBF, que não pensam de forma conjunta na busca por uma solução do problema.
 
A entidade máxima do futebol brasileiro trata a seleção como um grande negócio e terceiriza a responsabilidade e o problema para os clubes, que por sua vez agem de forma desesperada na busca por fazer dinheiro para pagar o almoço, já que estão sem dinheiro, com o pires nas mãos.
 
O drama está na mesa. E seguirá assim, até porque, para muitos, ainda brotam talentos por aqui. Enquanto isso, seguimos batendo palmas para os europeus, que não nos copiam em nada, até porque não conseguiriam, principalmente na ginga com a bola nos pés, e nos condicionam a cair no erro de imitar um futebol que não é a nossa cara e está longe da nossa essência.
 
Confira os quatro últimas campanhas brasileiras no Sul-Americano Sub-20. Nos últimos 29 jogos disputados na categoria, o Brasil venceu apenas 11 partidas, o que representa 37% dos jogos. Em aproveitamento geral, soma mais 10 derrotas - três nesta edição, no Chile - e oito empates. Se fosse pontos corridos, seriam apenas 47% dos pontos conquistados.
 
2013 - não classificou para a fase final;
2015 - 2 vitórias / 1 empate / 2 derrotas (4º lugar);
2017 - 1 vitória / 3 empates / 1 derrota (5º lugar);
2019 - 0 vitória / 1 empate / 2 derrotas. Faltam dois jogos;
 
 
 
Twitter: @salgueirofc
 
Instagram: fsalgueiro72
 
Foto: UOL

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