Da mesma forma que o Corinthians, a principal força do Flamengo está na sua torcida, que também é gigantesca, arrastando multidões por todo o Brasil. Mas ao longo da sua história formou grandes times e pode ter o orgulho de ter nas suas fileiras aqueles que são considerados os grandes craques do futebol brasileiro. Nomes como Arthur Friedenreich, Leônidas da Silva, Domingos da Guia, Zizinho, Garrincha e Zico vestiram o manto rubro-negro, além de Pelé, que em 1979 chegou a jogar uma partida. Mas dos jogadores que citei quem de fato marcou foi Leônidas, Domingos, Mestre Ziza e o Galinho, que fez parte da era dourada do clube.
URUBU: O símbolo foi adotado no final dos anos 60. Da mesma forma que a expressão “porco” era inicialmente de gozação contra os palmeirenses (o clube era conhecido pelo apelido de “periquito”), os flamenguistas adotaram o nome, principalmente por causa da gozação dos torcedores botafoguenses que chamava a sua torcida de “urubu”, já que não ganhavam do seu time depois da Era Garrincha. Então certa vez a ave foi solta no gramado com a bandeira do Flamengo amarrada nos seus pés, levando ao delírio os seus torcedores.
FLAMENGO DE TODOS OS TEMPOS
O Clube de Regatas do Flamengo foi fundado no 15/11/1895. Dedicava-se inicialmente às atividades de remo, justificando o motivo do seu nome. Em 1911 criou o seu departamento de futebol com atletas dissidentes do Fluminense. Três anos depois colheu bons frutos, conquistando o seu primeiro título, sagrando-se bi na temporada seguinte. Mesmo sendo hoje um time de massa, tal fenômeno começou de fato a partir da segunda metade da década de 30, quando teve no seu elenco os dois melhores jogadores do Brasil, que eram os negros Leônidas e Domingos da Guia. Nos anos 40, tendo Mestre Zizinho como o seu principal craque, montou uma bela equipe que faturou o seu primeiro Tricampeonato Estadual, algo que se repetiu na década seguinte com o excepcional artilheiro Dida. Mas foi na Era Zico que montou o seu esquadrão inesquecível, vencendo títulos estaduais, nacionais e internacionais. Na década de 90 teve Romário, montando boas equipes. E no século XXI continua conquistando alguns títulos de expressão, mas longe de lembrar aquele temido Flamengo de Domingos da Guia, Zizinho, Dida, Zico e Romário.
TITULAR: García, Leandro, Domingos da Guia, Mozer e Júnior; Andrade, Zizinho e Zico; Joel, Henrique Frade e Dida. Técnico: Fleitas Solich.
SINFORIANO GARCÍA (Puerto Pinasco – PARAGUAI, 22/08/1924) - Jogou no Flamengo de 1949 a 1958, disputando 276 partidas. Considerado por muitos o melhor goleiro da história do Flamengo. Titular da Seleção Paraguaia no Campeonato Sul-Americano de 1949, realizado no Brasil, destacando-se por suas grandes defesas, acabou chamando a atenção da diretoria flamenguista, que rapidamente o contratou. No ano seguinte sofreu uma contusão na clavícula que quase fez com que encerrasse a sua carreira de goleiro, mas conseguiu se recuperar, fazendo com que se tornasse o supremo guardião da meta rubro-negra, honrando a tradição de nomes como Amado (futebol amador) e Jurandir (tricampeão carioca na década de 40). Tinha ótima colocação, reflexos rápidos, sobriedade e valentia, não tendo medo de se atirar aos pés dos atacantes adversários. Peça fundamental nos títulos cariocas de 1953/54, também esteve no tri de 1955, mas perdeu a posição para Aníbal e Chamorro. Em terras brasileiras também jogou no Coritiba. Retornou ao Paraguai, voltando a atuar no clube que jogava que era o Cerro Porteño.
JOSÉ LEANDRO SOUZA FERREIRA (Cabo Frio, RJ, 17/03/1959) - Jogou no Flamengo de 1979 a 1990, marcando 14 gols em 416 partidas. Considerado por Telê Santana o melhor lateral-direito brasileiro de todos os tempos, mesmo o famoso técnico sendo contemporâneo como jogador de Djalma Santos e tendo depois Carlos Alberto Torres. Para os mais antigos pode haver exagero na declaração, mas sem sombra de dúvidas era um craque de grandes qualidades técnicas e certamente foi o melhor e maior que o Flamengo já teve. Revelado na Gávea, fez parte da grande geração rubro-negra, conquistando os títulos mais expressivos da história do clube ao lado de Zico, Júnior, Mozer, Andrade, Nunes, Adílio, Raul e tantos outros grandes jogadores da época. Mas Leandro não era um coadjuvante, pelo contrário, era dos mais importantes, pois possuía muita habilidade com ambos os pés, chutava bem, tinha classe e por ser um lateral moderno conseguia atacar bem executando ótimos cruzamentos. Logo em seu primeiro ano como titular venceu por duas vezes o Campeonato Carioca, já que o segundo foi um especial, repetindo a dose em 1981 e no ano de 1986. Mas o que de fato marcou foi vencer o Campeonato Brasileiro de 1980, 1982/83 e a Copa União em 1987. E também a única Libertadores e Mundial do Flamengo, vencendo com maestria no inesquecível ano de 1981. Com tal currículo esperava-se que brilhasse na memorável Seleção Brasileira da Copa do Mundo de 1982, mas teve uma discreta apresentação, tendo a infelicidade de voltar mais cedo pra casa com aquele fabuloso time que não conquistou o Tetra. Infelizmente não estava no grupo do Mundial de 1986. Também atuou como zagueiro devido às contusões no joelho, tendo ótimo destaque na função. Durante a sua carreira apenas defendeu o Flamengo, seu time de coração. Nunca recebeu um busto no clube, mas há uma estátua em sua homenagem na sua cidade natal.
DOMINGOS ANTÔNIO DA GUIA (Rio de Janeiro, 19/11/1911 – 18/05/2000) - Jogou no Flamengo de 1936 a 1944, disputando 228 partidas e sem marcar gols. Mesmo jogando em uma época de transição do futebol amador para o profissional e não ter sido campeão do mundo pela Seleção Brasileira, Domingos da Guia é até hoje considerado o melhor zagueiro que pisou em gramados do Brasil. Revelado pelo Bangu, vindo de uma família de irmãos futebolistas (Luiz Antônio, Ladislau e Médio), fez jus à estirpe, tendo inclusive um filho genial, o Divino Ademir da Guia. Se Ademir ganhou tão belo apelido foi também porque o seu pai era o Divino Mestre. De fato o seu futebol não era comum. Inicialmente na posição de volante, mas foi como zagueiro-central que se tornou uma lenda. Mesmo sendo lento, era dono de um domínio de bola incomparável, matava a redonda com a maior facilidade do mundo, sem nunca se desesperar com a presença de um grande atacante, saindo com ela dominada aos seus pés, aplicando dribles desconcertantes em quem aparecesse na sua frente e lançando para um companheiro no meio de campo. Jogou assim por todos os clubes que atuou, como o Bangu, Vasco, Nacional Uruguaio, Boca Juniors e Corinthians, sempre afirmando com orgulho que se sagrou campeão nos três maiores centros futebolísticos da América do Sul. Mas foi no Flamengo que viveu os melhores anos da sua carreira. Contratado praticamente junto com Leônidas da Silva no ano de 1936, os dois mais importantes jogadores do Brasil na época contribuíram para que o Mengo se tornasse de fato um clube popular. Na ocasião o melhor time do futebol carioca e brasileiro era o Fluminense, então o Fla-Flu tinha um charme especial. Mesmo demorando três anos pra ser campeão com a camisa flamenguista (1939) era ao lado do Diamante Negro o principal ídolo, não somente do time que jogava, mas de todo o país. Com o companheiro foi um dos destaques da Copa do Mundo de 1938, deixando uma ótima impressão, mesmo ficando apenas com o terceiro lugar. Quando Leônidas saiu em 1941 tornou-se o principal jogador da equipe, mesmo já contando com o talento do novato Zizinho, sendo bicampeão carioca em 1942/43. Era também titular absoluto da Seleção Carioca, ganhando alguns campeonatos. No início de 1944 é contratado pelo Corinthians, algo que causou muita surpresa, por ser um jogador tipicamente carioca, mas como já havia atuado no Uruguai e na Argentina, sabia que dava pra se adaptar. Não foi campeão paulista, mas teve uma ótima passagem pelo clube do Parque São Jorge, encerrando depois a carreira no time que o revelou, o Bangu. Muitas vezes é escolhido na seleção banguense e corintiana de todos os tempos, mas considero que é no Flamengo que de fato mereça estar, ganhando mais títulos, disputando um número maior de partidas, atuando por mais temporadas e tendo o melhor desempenho técnico.
JOSÉ CARLOS NEPOMUCENO MOZER (Rio de Janeiro, RJ, 19/09/1960) - Jogou no Flamengo de 1980 a 1987, marcando 23 gols em 293 partidas. Outra cria do Flamengo. Bom quarto-zagueiro que tinha um estilo clássico e habilidoso, marcava bem, facilidade no cabeceio e boa participação no ataque, sendo que também não dispensava de dar chutões quando o lance permitia. Foi campeão carioca (1981 e 1986), brasileiro (1980 e 1982/83) e conseguiu ganhar a América e o Mundo em 1981. Jogou no futebol português e francês, sendo campeão nacional em ambos os países. Mesmo tratando-se de um bom zagueiro, o principal motivo que tem feito dele escolhido em muitas enquetes do melhor Mengo de todos os tempos foi uma entrevista que concedeu ao programa Grandes Momentos do Esporte da TV Cultura, declarando aos prantos todo o seu amor ao clube e sua gratidão aos jogadores que atuou junto, em especial a Zico.
LEOVEGILDO LINS GAMA JÚNIOR (João Pessoa, PB, 29/06/1954) - Jogou no Flamengo de 1974 a 1984 e de 1989 a 1993, marcando 77 gols em 875 partidas. O melhor lateral-esquerdo brasileiro dos anos 80, considerado por muitos o grande herdeiro de Nílton Santos. Sua grande influência foi Marinho Chagas, tentando imitá-lo, tornando-se ainda mais perfeito na posição. Do mesmo jeito que Leandro, pelo lado esquerdo também era um lateral moderno, marcando e apoiando igualmente bem, sendo que também driblava e chutava com facilidade. Da mesma forma que Zagallo é um alagoano com estilo carioca, Júnior como paraibano também é, passando ao futebol muito da chamada malandragem. Inicialmente jogava como lateral-direito, consagrando-se pela lateral canhota. Praticamente acompanhou toda a carreira de Zico, ganhando seis títulos cariocas (1974, 1978/79, 1979 especial, 1981 e 1991), quatro conquistas nacionais (1980, 1982/83 e 1992) e a Libertadores com o Mundial Interclubes em 1981. Foi um dos destaques na Copa do Mundo da Espanha, em 1982, jogando um futebol alegre, além de ser autor da música que embalou o Mundial (Voa Canarinho, Voa!). Construiu uma bela carreira na Itália atuando pelo Torino e Pescara. Na época também atuou no Mundial de 1986, no México. Quando retornou ao Brasil jogava mais como meio-campista e estava no auge da sua carreira, mesmo sendo um jogador de 35 anos, pois além das qualidades que já tinha, havia se tornado um exímio batedor de faltas. Escolheu o Flamengo pra jogar, encantando a todos quando atuou no meio de campo com um estilo ainda mais técnico e catimbeiro. Foi o principal jogador na conquista do Campeonato Brasileiro de 1992. Tem o orgulho de ser o recordista de jogos pelo clube, superando inclusive o eterno ídolo Zico.
JORGE LUÍS DE ANDRADE (Rio de Janeiro, RJ, 21/04/1957) - Jogou no Flamengo de 1974 a 1976 e de 1979 a 1988, marcando 28 gols em 570 partidas. O volante com mais partidas pelo Flamengo venceu no meu time de todos os tempos batendo grandes nomes como o de Dequinha e Carlinhos. Veio da esplêndida categoria de base do clube dos anos 70, tendo as suas primeiras chances em um bom time profissional, mas ainda não tão brilhante, jogando em seguida por dois anos no futebol venezuelano. Retornando à Gávea, viveu os anos dourados do Mengo, que de 1980 a 1983 montou a melhor equipe do Brasil. Ganhou os dois títulos cariocas de 1979, completando com os de 1981 e 1986. Nacionalmente não ficou atrás, faturando os Brasileirões de 1980, 1982/83 e a Copa União em 1987. E sem se esquecer da Libertadores da América e Mundial Interclubes de 1981. Certa vez perguntaram à Andrade a diferença do time flamenguista para o atleticano, que foi vice-campeão brasileiro em 1980, uma equipe também muito boa, com ele respondendo que “o esquadrão do Flamengo era mais peladeiro”. De fato o timaço jogava assim, por música com ritmo de samba. Era um volante clássico, que formou com Adílio e Zico um perfeito meio de campo, ditando o ritmo da partida, desarmando com categoria e puxando o contra-ataque através de dribles e lançamentos e explorando ao máximo os meias, atacantes e os avançados laterais. Depois de uma rápida passagem pela Roma foi jogar no rival Vasco, faturando em 1989 mais um Campeonato Brasileiro, o quinto da sua carreira, uma marca respeitável. Em 1992 foi campeão capixaba pela Desportiva e venceu o Campeonato Mato Grossense pelo Operário de Várzea Grande no ano de 1994. Ao encerrar a carreira tornou-se técnico, treinando inclusive o Flamengo, mas sempre achou que por ser negro teve poucas oportunidades na nova profissão.
THOMÁZ SOARES DA SILVA – ZIZINHO (São Gonçalo, RJ, 14/09/1921 – Niterói, RJ, 08/02/1922) - Jogou no Flamengo de 1939 a 1950, marcando 146 gols em 327 partidas. É o melhor meia-armador do futebol brasileiro em todos os tempos, já que considero Pelé mais um ponta-de-lança. Reinou absoluto como o mais perfeito futebolista do Brasil na década de 40, com um estilo de jogo de encher os olhos, pois afinal de contas era um jogador completo, armando e atacando com muita técnica, lançando e driblando (em zigue-zague) admiravelmente bem, além de chutar em curva, usando mais a malícia do que a força, tanto com a bola rolando ou nas cobranças de falta. Sua diferença para Pelé é não ter o mesmo preparo físico, além de não ter marcado tantos gols como ele. Foi aprovado logo no seu primeiro treino na Gávea substituindo ninguém menos que Leônidas da Silva. Em 1940 teve a oportunidade de jogar no mesmo time ao lado do Diamante Negro e Domingos da Guia. Com a saída de Leônidas no ano seguinte, tornou-se o principal atacante do time, sendo que foi o grande responsável pela conquista do primeiro Tricampeonato Flamenguista em 1942/43/44. Titular absoluto da Seleção Carioca e Brasileira fez com que Zizinho reinasse no seu tempo, mesmo tendo outros espetaculares jogadores que atuavam juntos e contra ele. Com tais qualidades ganhou alguns apelidos como “Professor”, “Leonardo da Vinci (na Copa do Mundo de 1950)” e o mais famoso de todos, que foi “Mestre Ziza”. Algumas contusões atrapalharam um pouco sua passagem pelo Flamengo, além da injusta concorrência na metade da década de 40 com o Vasco, que formava o mais fantástico time da sua história. Em 1950 aconteceram as suas duas maiores decepções na carreira, com a sua venda ao Bangu sem ter sido consultado (algo que ele jamais perdoou do Flamengo) e a derrota brasileira na final da Copa do Mundo em pleno Maracanã. Após a perda do título mundial iniciava em Moça Bonita outra bela página da sua história, marcando demais os torcedores banguenses com o seu “ainda” brilhante futebol, mesmo não sendo campeão carioca. No ano de 1957 é transferido para o São Paulo nas rodadas finais do Paulistão, tornando-se o maestro da equipe na conquista do Estadual. Torcedores do Bangu e do próprio São Paulo muitas vezes reivindicam Zizinho no seu time em todos os tempos, mas foi no Flamengo que viveu o apogeu da sua carreira, conquistando o seu primeiro Tricampeonato Carioca e sendo considerado o melhor jogador brasileiro da década de 40 e jogando mais anos, partidas e anotado um número de gols maior. Entendo que no Mundial de 1950, mesmo já sendo jogador do Bangu, ainda era o Mestre Ziza do Flamengo, pois não tinha feito a sua estreia com a camisa banguense. E no Tricolor Paulista, apesar da sua importância na conquista de 1957, jogou apenas um ano no clube.
ARTHUR ANTUNES COIMBRA – ZICO (Rio de Janeiro, RJ, 03/03/1953) - Jogou no Flamengo de 1971 a 1983 e de 1985 a 1990, marcando 508 gols em 732 partidas. É o Camisa 10 da Gávea. A frase bem dita na música de Jorge Ben Jor retrata a importância de Arthur Antunes Coimbra na história do Flamengo. Talvez tenha sido depois de Pelé para o Santos o jogador que mais representou a mística camisa 10 em um clube do Brasil. Quando o Rei do Futebol despediu-se da Seleção Brasileira, coube à Roberto Rivellino, outro estupendo craque, herdar a 10, mas os fracassos brasileiros nas Copas do Mundo de 1974 e 1978, com atuações do Reizinho não tão marcantes como em 1970, fizeram com que os brasileiros ficassem, de uma certa forma, órfãos do número de ouro. Mas Zico estava surgindo, herdando a camisa e tornando-se por quase dez anos o principal jogador brasileiro. Fez um bom Mundial em 1978, brilhou com todo o time na Copa do Mundo de 1982 e despediu-se quatro anos depois perdendo um pênalti, fazendo da brilhante Era Zico, da mesma forma que a de Zizinho, uma geração que encantou, mas que não trouxe o título mundial. Já na Gávea, o Galinho de Quintino brilhou como nenhum outro jogador. Tinha dois irmãos que eram futebolistas, sendo que o mais destacado era Edu Antunes Coimbra, considerado por muitos o maior jogador da história do America do Rio. Futebol fazia parte da sua vida nas peladas das ruas do bairro de Quintino. Mesmo sendo bem franzino, despontava contra os jogadores mais fortes fisicamente, fazendo com que fosse levado ao Flamengo, o seu clube de coração. Lá foi feito um trabalho para que ganhasse massa muscular. Passando pelas divisões de base, teve as suas primeiras chances no time profissional em 1971, mas foi dois anos depois que passou a jogar de fato na equipe principal, iniciando uma maravilhosa carreira que fez dele, sem sombra de dúvidas, o maior jogador flamenguista que existiu. Teve poucas participações no título carioca de 1972, mas dois anos depois praticamente se tornou o mais importante jogador da equipe, ganhando outro Campeonato Carioca e formando um excelente trio com Geraldo e Doval. Zico já começava a apresentar o seu brilhante futebol que era completo, através de dribles curtos desconcertantes, arrancadas fulminantes, ótimas tabelinhas, bom para cabecear, lançamentos precisos, presença constante na área adversária, chutes venenosos com a bola rolando e mortal nas bolas paradas, principalmente quando batia falta nas proximidades da área adversária, que era a sua especialidade. Mas foi depois da Copa de 1978 que se pode afirmar de fato que começou a Era Zico no Flamengo, conquistando o Estadual daquele ano, repetindo a dose em 1979 (o normal e o especial), 1981 e 1986. Diziam que era um jogador de Maracanã, o seu principal palco e maior artilheiro do estádio, mas com o tempo provou que tal afirmação não fazia sentido. O auge do esquadrão rubro-negro aconteceu principalmente de 1980 a 1983, com o time ganhando inéditas conquistas, como o Campeonato Brasileiro de 1980 e 1982/83, além de vencer em 1981 a única Libertadores e Mundial da história do clube, feito jamais repetido por nenhum outro time flamenguista que veio depois. E Zico não estava sozinho, pois tinha ao seu lado uma equipe mágica, com jogadores destacados no calibre de um Júnior, Leandro, Raul, Andrade, Adílio, Lico, Nunes, Júlio César, Mozer e tantos outros. Foram apresentações geniais e títulos conquistados de forma magistral, fazendo do Flamengo no período de três anos o melhor do Brasil e até mesmo da América do Sul. Quando o Camisa 10 da Gávea foi vendido à Udinese Italiana em 1983, fez com que uma legião de fãs lamentasse muito a sua ausência, pois como bem diz na música de Moraes Moreira, “Agora como eu fico nas tardes de domingo sem Zico no Maracanã”. Dois anos depois retorna ao Brasil, obviamente que pra jogar no Flamengo, iniciando a sua segunda e última fase, não tão brilhante devido às contusões e a idade já um pouco avançada, mas mesmo assim continuou apresentando um ótimo futebol. Foi campeão estadual mais uma vez e ganhou a Copa União de 1987. Da mesma forma que Pelé foi jogar nos Estados Unidos para difundir mais o futebol no país, Zico fez o mesmo no Japão jogando pelo Kashima Antlers, tornando-se um ídolo ainda maior no País do Sol Nascente, com apresentações que enchiam os olhos. No Flamengo é um eterno ídolo, jogou o maior número de temporadas e quem mais marcou gols, quase o dobro do segundo artilheiro, o seu ídolo Dida. Fazia e faz declarações de amor ao clube. Foi supremo na sua geração no futebol brasileiro, tendo também jogadores do quilate de um Falcão e Sócrates. No cenário mundial foi contemporâneo de dois brilhantes camisas 10, que foram o Platini e Maradona. De fato uma fase fantástica do futebol.
JOEL ANTÔNIO MARTINS (Rio de Janeiro, RJ, 23/11/1931 – 01/01/2003) - Jogou no Flamengo de 1951 a 1958 e de 1961 a 1964, marcando 116 gols em 414 partidas. Joel jamais foi o maior ponta-direita da sua época, pois não era o melhor driblador, o mais veloz, o que centrava com precisão cirúrgica e que chutava com efeito ou violência, mas conseguia reunir todas as características citadas, além de ser muito bom taticamente, sabendo armar e avançar. Atacantes como Evaristo, Índio e Dida se beneficiaram com as suas jogadas, marcando muitos gols. Teve enorme contribuição na conquista do segundo Tricampeonato Carioca em 1953/54/55 formando uma ótima ala-direita com o cerebral Doutor Rubens. Um dos seus sonhos era conquistar o inédito Tetra Estadual Flamenguista no ano de 1956, mas o título acabou ficando para o Vasco. Suas boas atuações ganharam a confiança do técnico brasileiro Vicente Feola que o levou para a Copa do Mundo de 1958 como titular, já que Julinho recusou a convocação, sendo que o treinador apostava mais em um ponta-direita disciplinado do que indisciplinado, que era a visão dele em relação à Garrincha. No decorrer do Mundial após ouvir conselhos de alguns jogadores resolveu substituí-lo pelo ponta-direita botafoguense. Mas mesmo estando na reserva Joel reconhecia o talento maior do companheiro e também foi campeão do mundo no grupo. Jogou três anos no Valência da Espanha. Retornou ao Flamengo em 1961 e conquistou o único Torneio Rio-São Paulo no mesmo ano. E em 1963 volta a ser campeão carioca. Mas a sua segunda passagem não foi tão brilhante quanto a primeira, encerrando em definitivo a sua carreira de jogador.
HENRIQUE FRADE (Formiga, MG, 03/08/1934 – Rio de Janeiro, RJ, 15/05/2004) - Jogou no Flamengo de 1954 a 1963, marcando 216 gols em 412 partidas. Tive que escalar alguém em uma posição da qual Leônidas brilhou como ninguém de 1936 a 1941, mas o fato do Diamante Negro estar no meu São Paulo de todos os tempos, sendo que não estou repetindo nomes, fez com que eu tivesse que correr atrás de um digno substituto, tentando encontrar um motivo claro que justificasse e sua escolha. Um bom nome poderia ser o de Pirillo, que foi quem o substituiu na vida real no início da década de 40. Ou talvez o de Bebeto, que fez muitos gols pelo clube, mas está na oitava posição e tendo também uma mancha por ter se transferido do Flamengo para o rival Vasco. Optei então por Henrique Frade, que ganha a posição com honras, já que trata-se do centroavante que mais gols marcou na história flamenguista, sendo que no total está atrás apenas de Zico e Dida, que jogavam na meia-esquerda. Teve uma tarefa difícil no começo pois disputava a posição com goleadores de respeito, como Evaristo de Macedo, Índio e o próprio Dida. Conseguiu junto com eles ser campeão carioca em 1954/55. Com a saída de Evaristo para o Barcelona e Índio sendo contratado pelo Corinthians, tornou-se o principal homem-gol do time, formando uma estupenda dupla de área com Dida. Teve também ao seu lado nomes importantes como o de Joel, Moacir e Babá. Mesmo a equipe conquistando apenas o Torneio Rio-São Paulo de 1961, era uma sensação. Tratava-se de um centroavante padrão, pois tinha velocidade, bem oportunista, chutava com os dois pés e possuía ótima impulsão para cabecear. Sua melhor fase provavelmente tenha acontecido de 1959 a 1961, quando foi convocado pela Seleção Brasileira, disputando quatro jogos e marcando dois gols, sendo que o mais importante deve ter sido contra a Inglaterra no Maracanã, principalmente por causa da famosa vaia ao Julinho Botelho por estar substituindo Mané Garrincha, dando um show de bola e marcado o outro gol. Em 1963 foi vendido ao Nacional Uruguaio, sendo campeão logo em seu primeiro ano. Mas na temporada seguinte retorna ao Brasil pra jogar na Portuguesa de Desportos, atuando novamente ao lado do seu eterno parceiro, o goleador Dida. Ambos jogaram bem na Lusa, mas não conseguem ser campeões. No clube passou a ser conhecido como Frade (era apenas Henrique no Flamengo) porque já havia um lateral-esquerdo chamado Henrique Pereira. Foi a sua última boa passagem, jogando depois no Nacional de Manaus, Atlético Mineiro e no Formiga, time da sua cidade. E no final da sua vida sofria com problemas de locomoção.
EDVALDO ALVES DE SANTA ROSA – DIDA (Maceió, AL, 26/03/1934 – Rio de Janeiro, RJ, 17/09/2002) - Jogou no Flamengo de 1954 a 1964, marcando 264 gols em 358 partidas. Se não fosse Zico, teria sido o maior goleador flamenguista de todos os tempos. Mas mesmo sendo o segundo, em nada tira a sua importância na história do Flamengo. Vindo do CSA de Alagoas, chegou à Gávea pra jogar ao lado do conterrâneo ponta-esquerda Zagallo, que mais parece carioca que alagoano. Estava em um time muito bom que havia acabado de conquistar o Campeonato Carioca de 1953. Dida caiu como luva no ótimo time comandado pelo treinador paraguaio Fleitas Solich, brilhando ao lado de cobras como García, Dequinha, Joel, Rubens, Índio, Evaristo, Babá, Esquerdinha e tantos outros. Era um goleador de respeito, mas também tinha habilidade com a bola nos pés, velocidade, impulsão e finalizava bem com ambos os pés dentro e fora da área. Um autêntico ponta-de-lança. Os títulos cariocas de 1954 e 1955 vieram principalmente graças aos seus importantes gols. Tornou-se o grande ídolo da nação rubro-negra. Não chegou a jogar na Seleção Brasileira quando estava no auge, pois na sua época havia muitos craques que brigavam por uma vaga, tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo. Sua grande chance aconteceu em 1958, realizando bons amistosos e marcando gols, ganhando assim a confiança do técnico Feola. Mas na Copa do Mundo da Suécia não se saiu bem no primeiro jogo contra a Áustria, mesmo o Brasil vencendo por 3 a 0, sendo muito criticado pelo comentarista e ex-jogador do próprio Flamengo, Leônidas da Silva, com ele assistindo no banco o restante do Mundial que os brasileiros foram campeões mundiais pela primeira vez. Retornando ao Brasil continuou supremo no Mengo. Teve mais duas chances pra jogar pela Seleção em 1960 e 1961, marcando um gol em ambas as partidas, mas sem jamais sonhar em ser titular, ainda mais sabendo que teria que concorrer com nada mais nada menos que Pelé. No Flamengo continuou com a sua sina de artilheiro, ganhando o Torneio Rio-São Paulo de 1961 e o Estadual em 1963. Saiu consagrado da Gávea, indo jogar na Portuguesa de Desportos e depois no Atlético Júnior da Colômbia. Durante mais de 15 anos manteve-se como o maior goleador do Flamengo, mas em 1979 Zico estava jogando muito, superando então o velho artilheiro.
MANUEL FLEITAS SOLICH (Assunção, PARAGUAI, 30/12/1900 – Rio de Janeiro, RJ, 19/03/1984) - Foi técnico do Flamengo de 1953 a 1957, 1958/1959, 1960 a 1962 e em 1971/1972, comandando o time num total de 504 partidas. Jogador paraguaio muito bom, quando foi apelidado de Bruxo, destacou-se mais na carreira de treinador, chegando a comandar a Seleção Paraguaia, inclusive na Copa do Mundo de 1950 realizada no Brasil. Sua primeira passagem pelo Flamengo foi maravilhosa, implantando um estilo de jogo que fazia a equipe ser muito veloz e insinuante, ainda mais contando com muitos jogadores jovens. O resultado foi a conquista do segundo Tricampeonato Carioca do clube, em 1953/54/55. Nas suas outras três fases dirigiu bons times, mas sem repetir o mesmo sucesso. Treinou outras equipes do Brasil, como Bahia, Palmeiras, Corinthians, Atlético Mineiro e Fluminense. É o segundo treinador que mais vezes comandou o Flamengo, ficando atrás apenas de Flávio Costa. Mas como o técnico brasileiro de 1950 teve uma ótima passagem no maior time vascaíno de todos os tempos, opto por ele no Vasco, mesmo tendo sido flamenguista e atuado também no clube quando era jogador.
COMO JOGARIA O TIME DO FLAMENGO?
Baseado nas teorias do treinador Fleitas Solich, seria um time rápido e envolvente, ainda mais contando no seu elenco com alguns destacados jogadores dos anos 70 e 80. O goleiro García iria impor respeito com a sua altura, além de preservar as características básicas dos goleiros do seu tempo, sendo sóbrio, bem colocado e sem medo de se atirar aos pés dos atacantes adversários. Leandro e Júnior seriam os laterais modernos, impondo a sua marcação, mas o lateral-esquerdo subiria mais ao ataque, já que teria um ponta-direita pra fazer a função pelo outro lado, além de ser também um dos responsáveis pelas cobranças de falta. A zaga ficaria fixa, com Domingos da Guia dominando a área defensiva com a sua incomparável categoria, sendo que Mozer também ficaria plantado como quarto-zagueiro, subindo de vez em quando ao ataque. O meio de campo seria extremamente dinâmico, com o volante Andrade impondo a sua marcação e ajudando na condução das jogadas, sendo auxiliado por Zizinho com a sua habilidade também armando e se infiltrando na área adversária, além do magistral futebol de Zico, que bateria as faltas e penalidades, algo que o Mestre Ziza e Júnior também poderiam fazer. No ataque Joel obedeceria mais as suas características de ponta, não precisando armar, pois no meio já teriam três mestres para isso, centrando a bola na área ou vindo de atrás para os entrosados Henrique Frade e Dida concluírem a gol.
RESERVA: Cantarelli, Biguá, Newton Canegal, Reyes e Jordan; Dequinha, Adílio e Rubens; Jarbas, Bebeto e Sylvio Pirillo.
ANTÔNIO LUIZ CANTARELLI (Além Paraíba, MG, 26/09/1953) - Jogou no Flamengo de 1973 a 1983 e de 1984 a 1989, disputando 557 partidas. Nunca foi uma unanimidade no gol flamenguista, tendo que no final dos anos 70 e início dos 80 disputar a posição com Raul, mas os seus números falam mais alto, sendo o goleiro que disputou o maior número de partidas e que esteve mais anos na Gávea. Tinha boas qualidades na função de arqueiro, sem nunca brilhar tanto, mas jamais cometendo falhas constantes. Sua perseverança e humildade fizeram de Cantarelli um profissional exemplar. Mesmo sem nunca ter sido titular absoluto, esteve presente nas maiores conquistas do clube, vencendo por várias vezes o Campeonato Carioca (1974, 1978, 1979, 1979 especial, 1981 e 1986), Brasileiro (1980 e 1982/83), Copa União (1987) e no ano de 1981 a Libertadores da América e o Mundial Interclubes. Em 1983 teve uma rápida passagem pelo Náutico, retornando, obviamente, à sua querida Gávea.
MOACIR CORDEIRO – BIGUÁ (Irati, PR, 22/03/1921 – Rio de Janeiro, RJ, 09/01/1989) - Jogou no Flamengo de 1941 a 1953, marcando 7 gols em 388 partidas. Veio do time paranaense do Água Verde, fazendo história na Gávea, só não sendo o maior lateral-direito de todos os tempos por ter tido Leandro na sua posição 26 anos depois que encerrou a carreira. Compondo uma sólida defesa ao lado de Domingos da Guia, Nílton Carregal e Jayme, destacou-se por ser um exímio marcador, não dando sossego aos pontas-esquerdas (Loustau, do River Plate, que o diga). Travou históricos duelos com o ponta vascaíno Chico, raçudo como ele. Também sabia tratar a bola com carinho quando fosse necessário. Fez parte de uma geração rubro-negra maravilhosa, tricampeã carioca de 1942/43/44. Teve poucas chances na Seleção Brasileira, pois Zezé Procópio, que atuava no São Paulo e posteriormente no Palmeiras, era o melhor lateral-direito do Brasil, mesmo já sendo um jogador veterano. Além de Augusto, outro tenaz marcador. Encerrou a carreira de forma muito bonita, faltando três dias para iniciar o Campeonato Carioca de 1953, descalçando as chuteiras e correndo, dando a sua saudação à torcida que o aplaudia.
NEWTON CANEGAL (Rio de Janeiro, RJ, 04/06/1917 – 23/03/2003) - Jogou no Flamengo de 1939 a 1952, marcando 1 gol em 387 partidas. Patrimônio rubro-negro. Por três décadas jogou na Gávea, honrando como poucos a camisa flamenguista. Grande companheiro de Domingos da Guia, com quem ganhou três Estaduais. Antes de chegar ao Flamengo teve passagem pela Portuguesa Carioca e Bonsucesso. Chegou ao clube em 1939 trazido pelo técnico Flávio Costa, já sendo campeão carioca logo no seu primeiro ano, formando a zaga com o Divino Mestre. Além de Domingos, praticamente jogou com três craques, que foram Leônidas, Zizinho e Rubens. Um dos seus orgulhos era ter participado do primeiro Tricampeonato Estadual do Mengo nos anos de 1942/43/44. Era um zagueiro firme, mas também com ótimos recursos técnicos. Com a saída do seu companheiro de zaga para o Corinthians, em 1944, foi recuado pra jogar como zagueiro-central, formando outras ótimas duplas de zagueiros com Quintino e em especial ao lado de Norival, que também se tratava de um excelente jogador. Serviu a Seleção Brasileira entre os anos de 1945 e 1948. Estava presente na primeira excursão do Flamengo à Europa, em 1951.
FRANCISCO SANTIAGO REYES VILLALBA (Assunção, PARAGUAI, 04/07/1941 – 31/07/1976) - Jogou no Flamengo de 1967 a 1973, marcando 7 gols em 197 partidas. O terceiro paraguaio do Flamengo de todos os tempos era um quarto-zagueiro de muita classe, técnica e garra, tendo facilidade para se antecipar aos atacantes adversários. Muitas vezes foi eleito nas enquetes da Revista Placar, não por causa dos títulos (ganhou apenas um Campeonato Carioca em 1972), mas pelo ótimo futebol apresentado na Gávea. Começou a carreira na posição de volante, mas foi na quarta-zaga que marcou de fato. Iniciou e encerrou a carreira no Olímpia Paraguaio, clube que também teve uma ótima passagem, jogando por dois anos no Atlético de Madrid quando saiu do Flamengo. Morreu muito jovem, vítima de câncer.
JORDAN DA COSTA (Rio de Janeiro, RJ, 24/11/1932) - Jogou no Flamengo de 1952 a 1964, marcando 3 gols em 609 partidas. Lateral-esquerdo histórico que é o quarto jogador com mais partidas pelo Flamengo. Teve que marcar os grandes pontas-direitas brasileiros da década de 50, em especial Mané Garrincha, com quem travou inesquecíveis duelos, mas não tendo sorte na maioria das vezes, pela habilidade do adversário botafoguense. Por sinal é considerado ao lado do palmeirense Geraldo Scotto o seu melhor marcador. Revelado pelo São Cristóvão em 1951, no ano seguinte chegava à Gávea para fazer história. Na época ainda tinha a chamada linha média, tanto é que formou uma inesquecível ao lado de Jadir e Dequinha. Conquistaram o Tricampeonato Carioca de 1953/54/55. Tinha certa técnica, apoiava bem e era duro pra marcar, mas jamais foi expulso de campo, por ser muito leal, ganhando o Prêmio Belfort Duarte. Mesmo sendo um jogador com boas qualidades, não teve chances na Seleção Brasileira, pois afinal de contas era contemporâneo de nomes como Nílton Santos, Alfredo Ramos, Oreco e Altair. Encerrou a sua distinta carreira conquistando em 1963 mais um Estadual.
JORGE MENDONÇA DOS SANTOS – DEQUINHA (Mossoró, RN, 19/03/1928 – Aracaju, SE, 23/09/1997) - Jogou no Flamengo de 1950 a 1959, marcando 8 gols em 383 partidas. Provavelmente foi o volante mais técnico da história do Flamengo, que teve jogadores como Carlinhos, Carpeggiani e Andrade. Na segunda metade dos anos 40 jogou em três clubes do seu Estado de nascimento, que foram o Atlético de Mossoró, Potiguar e ABC. Após uma rápida passagem pelo América Pernambucano, chega ao Rio de Janeiro. Através de um estilo clássico, habilidoso e extrema facilidade para longos lançamentos, tornou-se um formidável centromédio. Na sua época o futebol brasileiro tinha maravilhosos volantes, com destaque para Danilo Alvim, Bauer, Roberto Belangero, Zé do Monte e Dino Sani anos depois. Com tanta gente boa conseguiu ser reserva do fantástico Brandãozinho na Copa do Mundo de 1954. No Mengo cadenciava a armação da jogadas com Rubens e Joel. Foi peça fundamental para a conquista do Tricampeonato Carioca de 1953/54/55.
ADÍLIO DE OLIVEIRA GONÇALVES (Rio de Janeiro, RJ, 15/05/1956) - Jogou no Flamengo de 1975 a 1987 e em 1993, marcando 128 gols em 617 partidas. Terceiro jogador que mais vestiu a camisa rubro-negra. Um dos maiores craques flamenguistas de todos os tempos. Tinha uma habilidade impressionante, compondo um meio de campo cadenciado ao lado de Andrade e Zico. Se deslocava muito bem, controlava a bola com enorme talento e aplicava dribles desconcertantes nos seus marcadores. Seu azar foi ter sido contemporâneo de Sócrates, que também era meia-direita. Mais uma grata revelação da base flamenguista, praticamente foi o substituto do craque Geraldo, que faleceu precocemente. Muitos dos gols de Zico vieram de passes açucarados dele. Também balançou por várias vezes as redes adversárias, além de estar presente em campo inúmeras vezes. Cansou de levantar títulos para o time da Gávea, vencendo por cinco vezes o Estadual (1978/79, 1979 especial, 1981 e 1986), três vezes o Brasileirão (1980 e 1982/83) e uma Libertadores e o Mundial (1981). Depois do Flamengo teve passagem por vários outros clubes (sem jamais ser campeão) e retornou rapidamente à Gávea, sem brilhar como na primeira fase, pois obviamente o seu futebol não era mais o mesmo, além de não ter ao lado a maravilhosa geração talentosa e vencedora. Ser reserva de Zizinho no Flamengo de todos os tempos não é nenhuma vergonha, ainda mais por sabermos o craque maravilhoso que foi o Mestre Ziza. Mas Adílio merece mesmo estar, mesmo não sendo titular, pois os seus números falam mais alto e foi um dos craques flamenguistas que mais trataram a bola com carinho.
RUBENS JOSUÉ DA COSTA (São Paulo, SP, 24/11/1928 – Rio de Janeiro, RJ, 31/07/1987) - Jogou no Flamengo de 1951 a 1957, marcando 84 gols em 173 partidas. De fato o meio de campo flamenguista de todos os tempos está bem recheado de craques, tanto como titulares quanto na reserva. Rubens iniciou a sua carreira profissional no Ypiranga de São Paulo, jogando em uma ótima linha de ataque, em especial no ano de 1948, quanto o time ficou em terceiro lugar no Campeonato Paulista. Teve uma boa e rápida passagem pela Portuguesa de Desportos, mas como não conseguiu mais vaga na equipe titular, aceitou a proposta de tentar a sorte em outro clube num novo Estado, mais precisamente no Flamengo do Rio de Janeiro. Chegando ao clube teve uma ingrata missão, pois como era meia teria que fazer com que a torcida esquecesse o seu ídolo Zizinho, que no ano anterior tinha sido vendido ao Bangu. Mas o meia paulista já tinha um futebol que poderia fazer com que os torcedores não se lembrassem mais do velho ídolo, pois era clássico, extremamente habilidoso, dribles curtos de muita técnica e que chutava admiravelmente bem ao gol adversário, em especial nas cobranças de falta, fundamento que dominava. Sua estreia, por sinal, foi uma demonstração do que tinha pra mostrar, vencendo o Vasco da Gama por 2 a 1 em partida válida do Campeonato Carioca, quebrando um tabu de sete anos. Para a massa flamenguista passou a ser conhecido como Doutor Rúbis, um belo apelido com o seu nome dito de forma simples, bem ao estilo simplório do flamenguista. E fazia jus ser chamado assim, pois de fato o seu estilo de jogo era de alguém que tinha muita categoria. Foi várias vezes comparado ao excepcional Didi, na época meia do Fluminense, sendo inclusive o seu reserva na Copa do Mundo de 1954. Mas Rubens reinou mesmo na Gávea, sendo ao lado de Dequinha o maestro do segundo tricampeonato flamenguista, em 1953/54/55. De seus pés saíram gols sensacionais e jogadas brilhantes para a conclusão dos companheiros. Devido a uma contusão estava sendo pouco aproveitado no time. Acabou aceitando uma proposta pra jogar no clube campeão carioca de 1956, justamente o rival Vasco, que tinha quebrado o tabu na sua estreia flamenguista. Em São Januário também se saiu bem, principalmente no ano de 1958, quando ganhou o Rio-São Paulo e o Campeonato Carioca. Sem dúvida sua carreira de jogador está diretamente ligada ao Flamengo, onde brilhou como nunca, mesmo passando pelo hiato de jogar com a camisa vascaína. Não está na lista dos 100 jogadores que mais atuaram no Mengo, sendo inclusive o trigésimo maior goleador, mas com certeza foi um dos 5 mais talentosos meias da história rubro-negra.
JARBAS BAPTISTA (Campos, RJ, 05/09/1913 - ?) - Jogou no Flamengo de 1933 a 1946, marcando 154 gols em 380 partidas. Muitos flamenguistas da geração atual talvez desconheçam quem foi Jarbas, mas sua inclusão aqui não é à toa, pois se trata de um dos mais importantes jogadores rubro-negros dos anos 30 e é um dos que mais anos estiveram a serviço do Flamengo. Chegou à Gávea no início de 1933, bem recomendado por suas atuações em um clube conhecido como Carioca, tanto é que as duas únicas partidas pela Seleção Brasileira (quatro no total) aconteceram quando jogava pelo seu primeiro time, marcando 3 gols e vencendo todas. Jogava na ponta-esquerda, tendo as características normais para quem atuava na função, sendo rápido, valente, bom driblador e centrava muito bem para os companheiros concluírem a gol. Poderia contar com orgulho que teve a felicidade de jogar no Mengo com três dos melhores futebolistas brasileiros de todos os tempos, que foram Arthur Friedenreich, Leônidas da Silva e Mestre Ziza. A referência à Friedenreich foi mais pelo nome, pois já estava em final de carreira, tanto é que não marcou nenhum gol pelo clube. Já com Zizinho ele jogou, mas esteve mais na reserva (culpa de Vevé, um espetacular ponteiro esquerdo). Foi com Leônidas que esteve na sua melhor fase, tanto é que muitos gols do Diamante Negro vinham de seus cruzamentos. Não sei se ele jogava com o pé direito, mas achei justo que fosse escalado como reserva do ponta-direita Joel pelo bom futebol e 13 anos de serviços prestados ao Flamengo.
JOSÉ ROBERTO GAMA DE OLIVEIRA – BEBETO (Salvador, BA, 16/02/1964) - Jogou no Flamengo de 1983 a 1989 e em 1996, marcando 151 gols em 310 partidas. Bebeto de fato foi um grande atacante da história do Flamengo, mas a questão de ter sido tetra pela Seleção Brasileira em 1994 pesou bastante no seu nome na reserva de Henrique Frade, deixando pra trás nomes como o de Leônidas e o próprio Romário. O carisma do bom baiano também pesara bem, além da ótima passagem no time, mesmo indo jogar depois no rival Vasco da Gama. Revelação do Vitória de Salvador quando chegou ao Rio de Janeiro no ano em que se encerrava a Era Zico, com o seu ídolo indo jogar no futebol italiano. Com um estilo de jogo rápido, de boa deslocação, eficiente nas cobranças de falta e finalizando a gol de forma bonita (muitas vezes de sem-pulo), conquistou a massa flamenguista. Quando o Galinho retorno ao Brasil pôde realizar o seu sonho de jogar ao lado dele. Ganharam juntos o Campeonato Carioca de 1986 e a Copa União no ano seguinte, com um ótimo time, sendo que na última conquista também tinha como destaque o ponta-direita Renato Gaúcho. Sua venda ao Vasco causou muita polêmica, se saindo bem em São Januário com a conquista do Campeonato Brasileiro de 1989. De 1992 a 1995 teve uma ótima passagem pelo La Coruña da Espanha, época que fazia dele titular absoluto da Seleção Brasileira, tendo também destaque antes quando foi campeão da Copa América de 1989. O ápice da sua carreira sem dúvida foi no Mundial dos Estados Unidos, formando uma infernal dupla com Romário e conquistando o Tetracampeonato. Em 1996 retorna ao Brasil e resolve ir jogar no Flamengo, talvez como uma dívida por sua polêmica saída sete anos antes, mas longe de jogar o mesmo futebol (na Seleção também não foi igual quando disputou as Olimpíadas). No ano seguinte conquista o Campeonato Baiano pelo clube que o revelou e a Copa das Confederações para o Brasil, mas também joga a partida final do Mundial pelo Cruzeiro, sendo vice-campeão. Na temporada seguinte conquista o Rio-São Paulo para o Botafogo, o último bom momento da sua carreira. Passa a rodar por alguns clubes do exterior e encerra em definitivo sua história como futebolista. Tentou ser técnico, mas parece que não leva jeito para tal profissão. Fez parte de uma era que o futebol já se pagava bem, então não é de se estranhar que tenha passado por tantos times. Mas tem muita identificação com o Flamengo, vivendo ótimos momentos, o que fez de Bebeto o meu centroavante reserva rubro-negro de todos os tempos.
SYLVIO PIRILLO CESARINO (Porto Alegre, RS, 26/07/1916 – 22/04/1991) - Jogou no Flamengo de 1941 a 1948, marcando 207 gols em 235 partidas. Centroavante do Rio Grande do Sul que também fez história no futebol carioca. Foi revelado pelo Americano Gaúcho, mas sua carreira de fato começou a despontar no Internacional de Porto Alegre. No Inter entendo que existe alguns mistérios, pois em certas biografias é citado que foi campeão estadual em 1934, sendo que em outras é escrito que chegou depois. Já li que para alguns do seu tempo é o maior goleador colorado que existiu, o que eu acho pouco provável pela quantidade de gols de Carlitos, geralmente citado como maior artilheiro, ainda mais pelo fato de Sylvio Pirillo ter jogado não muitos anos pelo clube e os poucos títulos conquistados (um talvez no máximo). Muitas vezes, devido a tal dúvida, costumava escalá-lo no Colorado de todos os tempos como titular. Mas me rendi aos seus números no Flamengo, tendo antes uma rápida passagem pelo Peñarol. Quando chegou à Gávea tinha um enorme e ingrato desafio, que era substituir o maior e melhor jogador do Brasil na época, o Diamante Negro Leônidas da Silva, afastado por problemas de documentação. Teve que provar muito para a torcida e imprensa, em especial o narrador Ary Barroso, um flamenguista fanático que o considerava muito inferior tecnicamente e sem a capacidade de marcar os mesmos belos gols. De fato Pirillo não era um Leônidas, mas tinha muitas qualidades, tendo boa musculatura, muito veloz, bom driblador e chutava com ambos os pés. Não se abalou com a perseguição, pelo contrário, provou “até demais” que poderia ser o novo centroavante rubro-negro, não ganhando o Campeonato Carioca de 1941, mas estabelecendo um recorde de gols em uma única edição da competição que jamais foi superado, um total de 39 (algumas fontes dizem que foram 41). Coincidentemente era o mesmo número de gols do recorde paulista, marcado por Feitiço em 1931, que foi superado apenas por Pelé. Tais atuações fizeram com que fosse convocado pra defender a Seleção Brasileira no Sul-Americano do ano seguinte, sendo também chamado pelo Selecionado Carioca. Jogando no Mengo ao lado de jogadores como Zizinho, Vevé e tantos outros, foi tricampeão carioca em 1942/43/44. Gols nunca faltaram, fazendo dele o quarto maior goleador rubro-negro. Em 1948 é contratado pelo Botafogo com uma nova e semelhante missão, de substituir o melhor centroavante brasileiro da década de 40, o ídolo botafoguense Heleno de Freitas. Por ter mais de 30 anos era considerado um jogador em final de carreira. Críticas não faltaram. Mas mais uma vez provou aos críticos que desafio era com ele mesmo, ganhando no mesmo ano o título carioca que não vinha desde 1935, do qual Heleno tanto perseguiu. Ficou em General Severiano até o início de 1952, encerrando em definitivo a carreira de futebolista. Como técnico também se saiu bem, treinando grandes clubes do futebol brasileiro, inclusive a Seleção Brasileira em 1957, sendo o primeiro a convocar o futuro Rei Pelé.
OS ESQUECIDOS
Faço questão de iniciar citando Leônidas da Silva. Por muitos anos, pelo critério que uso de não repetir jogadores, minha prioridade era escalá-lo no Flamengo em vez do São Paulo, pois entendia que foi na Gávea que viveu o seu apogeu técnico e popular, coincidindo de disputar a Copa do Mundo de 1938, consagrando-se como o melhor jogador do mundo na época. Sua popularidade no Brasil era incomparável, sendo conhecido como Homem de Borracha e inspirando a Lacta a criar o chocolate Diamante Negro em sua homenagem. Sua importância para o Mengo foi imensa, fazendo com que uma legião de fãs passasse a torcer pelo clube por ter ele e o Divino Mestre Domingos da Guia na equipe. Conseguiu ser campeão carioca em 1939. É o jogador que tem a melhor média de gols do Flamengo. Mas os meus critérios de escolha não se baseiam apenas pela parte técnica. No São Paulo ele também foi extraordinário, ganhando mais títulos. Na época teve poucas chances na Seleção Brasileira, já que o nosso futebol contava com uma geração mais jovem de ótimos talentos, além do time brasileiro ser comandado por Flávio Costa, um velho desafeto seu dos tempos de Rio de Janeiro. Se ele fez do Rubro-Negro Carioca (um time que já era grande) ser popular, no Tricolor Paulista conseguiu realizar ainda mais, fazendo dele um dos grandes do futebol paulista e brasileiro. Comentários que ajudaram ainda mais na minha escolha que li e ouvi de duas importantes pessoas na sua vida das quais já entrevistei que é a sua viúva Albertina e o amigo jornalista e exímio conhecedor de futebol Luiz Ernesto Kawall. Cada um, de uma forma diferente, expos a mágoa de Leônidas em relação ao Flamengo, da sua saída, sendo que no São Paulo teve outro tratamento da diretoria, também correspondendo em campo e encerrando a carreira como herói do clube. Também foi técnico do clube paulista, mas não se deu bem devido ao gênio forte que queria impor aos jogadores, alguns inclusive que tinham jogado com ele. Não sou o dono da verdade, pois posso futuramente mudar de opinião, mas confesso que no momento considero que é no São Paulo que merece estar, mesmo sabendo de toda a importância que também teve no Flamengo através dos exemplos que citei acima. E mesmo sendo carioca, tornou-se depois uma pessoa com hábitos paulistanos.
O gol flamenguista sempre teve bons representantes. Desde o gaúcho Júlio Kuntz, “El Colosso”, considerado o melhor do Brasil no início dos anos 20. Em uma posição não tão amada, teve o Amado, considerado por muitos o primeiro grande arqueiro flamenguista, com boas qualidades e que jogou na época romântica do futebol amador, atuando poucas vezes como profissional. Na década de 30 Yustrich, futuro técnico conhecido pelo seu estilo duro, brilhou no gol flamenguista. No Tricampeonato Estadual de 1942/43/44 a meta era bem representada pelo paulista Jurandyr, que foi o melhor goleiro brasileiro da década de 30 depois de Batatais, tendo ótimas atuações pelo São Bento, São Paulo da Floresta e Palestra Itália, chegando à Gávea depois de uma passagem pela Argentina, formando um sensacional trio final com Domingos da Guia e Newton Canegal, jogando depois no Corinthians com o Divino Mestre, tendo também boas atuações mesmo já sendo veterano. Raul Plasmann obviamente que é um nome respeitadíssimo, ganhando títulos marcantes na Era Zico e considerado por muitos o melhor goleiro do Brasil no início dos anos 80, na frente inclusive de Leão, lamentando-se a sua não convocação para a Copa do Mundo de 1982, mas no Cruzeiro acho que teve mais importância, mesmo atualmente tendo uma sombra, que é o goleiro Fábio, que está entrando para a história com o seu incrível número de partidas. Nas Seleções Argentinas de 1978 e 1982 Fillol foi sensacional, principalmente no primeiro Mundial, quando passou a ser o melhor da posição na América do Sul, também fez ótimas partidas pelo Flamengo jogando menos de 100 jogos, mas marcando muito os seus torcedores. O consagrado goleiro Júlio César do Mundial de 2010 também se destacou. E o polêmico Bruno, que fez boas apresentações na sua passagem pelo clube.
A lateral-direita teve, talvez, como principal concorrente de Leandro e Biguá, o Jorginho, que veio do America do Rio, fazendo com que o lateral que jogava tão bem pelo lado direito fosse escalado pra atuar como zagueiro. Pelo lado esquerdo a concorrência é maior. Para iniciar cito Jayme de Almeida, que disputava com Dino Pavão e Noronha como melhor lateral-esquerdo brasileiro dos anos 40, era soberano no futebol carioca, substituindo jogadores da qualidade de um Afonsinho e Argemiro, tinha técnica, classe e raça, além da sua fundamental importância no Tri de 1942/43/44 e eleito como o mais fantástico jogador sul-americano na sua posição em 1946, sendo que atualmente o seu filho faz sucesso como treinador do clube, vencendo a Copa do Brasil de 2013. Na década de 60 Paulo Henrique tinha um especial destaque, mas mesmo ganhando os títulos cariocas de 1963 e 1965 não foi muito feliz, devido à força de outros times, em especial o Botafogo, mesmo tendo a sorte de não enfrentar um Garrincha nas melhores condições, jogando mais contra Rogério Hetmanek, um ótimo ponta-direita. Outro que também começava a despontar era Rodrigues Neto, muito bom na sua posição, com passagens pela Seleção Brasileira e também tendo depois destaque nos rivais, como o Fluminense e Botafogo. Durante a Copa União de 1987 surgia uma grata revelação, o novato Leonardo, que seria anos depois um jogador consagrado mundialmente, tendo ótima fase no São Paulo e em clubes internacionais, especialmente no Milan, além de estar presente nas Copas do Mundo de 1994 (tetracampeão) e 1998 (vice-campeão). E por último o esforçado Athirson, outro prata da casa, com ótimas atuações no final da década de 90.
Defensores históricos nunca faltaram ao Flamengo. Nos anos 10 seus zagueiros eram Píndaro e Nery, vindos do Fluminense e que compunham a primeira zaga clássica do futebol brasileiro. Hélcio e Pennaforte também formaram uma boa dupla de zagueiros na década de 20. Norival era um dos melhores do Brasil nos anos 40, mas quando a zaga rubro-negra era formada Domingos da Guia e Newton Canegal, tinha poucas chances, só ganhando oportunidade de fato com a saída do Divino Mestre, com Newton ocupando o seu lugar e ele passando a atuar como quarto-zagueiro. Na década de 50 o time teve zagueiros famosos, como Tomires (que também atuava na lateral-direita), Pavão e Jadir. Um nome muito respeitado foi o de Rondinelli, apelidado de Deus da Raça, marcando o histórico gol do título carioca de 1978 contra o Vasco. Através de boas jogadas e algumas lambanças, Júnior Baiano fez a alegria da torcida flamenguista nos anos 90.
Antigamente para ser volante o jogador tinha que ter estilo pra jogar. E não faltaram bons jogadores no Flamengo. O primeiro talvez tenha sido Fausto, com ótimas passagens pelo Bangu e Vasco, principal jogador brasileiro na Copa do Mundo de 1930, chegou ao Flamengo como um craque consagrado em 1936, mas já estava com tuberculose, tanto é que depois o treinador húngaro Dori Krueschner resolveu recuá-lo pra jogar como zagueiro por achar que não tinha fôlego, algo que o jogador não aceitou, comprando uma briga com o técnico, jogando todos contra ele, mas acabou vindo a falecer no ano de 1939. Modesto Bria, outro paraguaio que brilhou na Gávea, fez sucesso pelo seu estilo clássico de jogar, formando uma linha média histórica, considerada uma das melhores dos anos 40, composta por Biguá, Bria e Jayme, faturando o Tricampeonato de 1942/43/44. Um nome muito forte que briga com Andrade e Dequinha como maior volante flamenguista de todos os tempos é o de Carlinhos, que era um jogador de estio clássico (conhecido pelo apelido de Violino), liderou o meio de campo da equipe nos anos 60, vencendo os Estaduais de 1963 e 1965, além do Rio-São Paulo em 1961, disputou mais de 500 partidas pelo clube do seu coração, tendo também marcantes passagens como técnico, ganhando títulos igualmente importantes, sendo o terceiro com mais partidas comandadas. Na década de 70 Liminha fez um ótimo papel na posição. Depois chegou Carpeggiani, com excelente passagem pelo Internacional, que possuía características de volante e meia, mas infelizmente já não tinha o mesmo pulmão de antes, que era justamente um dos seus fortes, além do bom futebol, tendo também iniciado na Gávea a sua carreira de técnico, ganhando a Libertadores e o Mundial em 1981, tendo depois comandado vários times do futebol brasileiro, inclusive a Seleção Paraguaia na Copa de 1998, um dos seus mais elogiados trabalhos.
Meias talentosos foram dezenas. Na década de 40 Perácio, que já era um jogador conhecido principalmente por suas atuações na Copa do Mundo de 1938 (o goleiro tcheco Planicka que o diga, sofrendo com seus fortíssimos chutes) e pelas ótimas atuações no Villa Nova e Botafogo, tendo também entrado pra história por ter sido um dos pracinhas que lutaram na Segunda Guerra Mundial. Muitas vezes quando se forma um Flamengo de todos os tempos o nome de Gérson é bem votado, pois o futuro Canhotinha de Ouro começou na Gávea, iniciando o seu brilhante futebol de precisos lançamentos, mas sempre o vejo mais identificado com o Botafogo, além de ter tido uma ótima fase no São Paulo. Mesmo tendo mais características de ponta-de-lança, entendo que Almir Pernambuquinho possa fazer parte da galeria de grandes meias, jogando um ótimo futebol, com a calvície já estando à mostra, além de não perder o velho costume de brigar, totalmente comprovado na final do Campeonato Carioca de 1966, quando iniciou uma histórica confusão contra o time banguense que já vencia por 3 a 0 (ele tinha sido campeão no ano anterior). O meia que fez a grande parceria com Zico foi Adílio, mas o primeiro que atuou bem ao lado do Galinho foi Geraldo, um talentoso meia-direita da década de 70 que morreu precocemente por causa de uma operação nas amígdalas com apenas 22 anos, com todos apostando que seria um dos grandes craques brasileiros. Nos anos 90 uma boa geração de meias teve mais chances em outros clubes, casos de Marcelinho e Djalminha. O último maestro foi o sérvio Petkovic, em especial por causa da bela cobrança de falta (uma de suas especialidades) contra o Vasco que fez do time tricampeão carioca em 2001.
Na ponta-direita provavelmente o primeiro grande nome foi o argentino Valido, que fez parte do time dos anos 30, retornando em 1944 quando já não atuava mais, marcando o histórico gol do título carioca de 1944. Mesmo jogando como um falso ponta-direita, Tita pode ser citado na posição, pois tinha também facilidade pra chegar à linha de fundo no expressivo esquadrão da Era Zico. E quando os pontas estavam praticamente em extinção os torcedores flamenguistas ainda puderam vibrar com as jogadas de Renato Gaúcho, que foram fundamentais para a conquista da Copa União em 1987.
Pelo lado esquerdo bons nomes também brilharam na ponta. Faço questão de citar, ainda mais por não ter a posição de ponta-esquerda no meu Flamengo de todos os tempos. O primeiro grande ponteiro esquerdo foi Moderato, o melhor do futebol carioca de 1924 a 1928, quando passou a ter como concorrente Theóphilo, que atuava no São Cristóvão, sendo que ambos disputaram a Copa do Mundo de 1930, com o ponta flamenguista se destacando mais, tendo marcado dois gols no último jogo contra a Bolívia, mas não voltou mais a jogar futebol, talvez envergonhado pelo fracasso brasileiro no Mundial. Na década de 40 brilhou o craque Vevé na ponta-esquerda, com um futebol muito bem jogado, através de dribles curtos, velocidade e chutes bem executados, tendo muita importância no “já muito citado” Tricampeonato Carioca de 1942/43/44. Nos anos 50 ótimos nomes passaram pela Gávea, como o de Esquerdinha, Zagallo (ótima passagem, mas considero maior no Botafogo) e Babá, pequenino (um dos menores) e habilidoso jogador, que tinha muita facilidade pra driblar. Depois o Flamengo teve na ponta-esquerda um jogador chamado Germano, que tinha ótimas qualidades, mas que ficou mais conhecido por causa de um romance com uma condessa quando atuava no Milan. O polêmico Paulo César Caju, que brilhou no Botafogo e depois teve ótima fase no Fluminense, jogou muito bem no Mengo, sendo campeão estadual em 1972 e jogador do clube na Copa do Mundo de 1974. Um dos últimos pontas-esquerdas de muita habilidade no Brasil foi Júlio César, que ficou conhecido como “Uri Geller”, que era um mágico famoso da década de 70, sendo que o ponteiro flamenguista também era um ilusionista com a bola nos pés, pois se tratava de um incorrigível driblador. Cito também o Lico, que atuava nas meias e pelas pontas, jogador muito importante no forte Flamengo de Zico. E por último lembro Zinho, um ponta-esquerda com características de meia, uma espécie de motorzinho de todos os clubes que passou.
Grandes centroavantes jogaram no Flamengo. O primeiro destacado jogador flamenguista foi Alberto Borgerth, que jogou em várias posições do ataque, mas em especial como centroavante. Na década de 20 Nonô jogava no comando do ataque flamenguista e era um dos melhores da posição na época no futebol carioca, mas que morreu cedo em 1931, vítima de tuberculose, uma doença muito comum naqueles tempos que não tinha um tratamento eficaz. Arthur Friedenreich merece ser lembrado mais pelo seu nome, mas jogou apenas seis jogos, sem marcar um único gol, encerrando oficialmente a sua gloriosa carreira de futebolista, sendo que ele optou em jogar no clube para fazer uma homenagem à torcida carioca, que sempre o admirou. Nos anos 50 grandes nomes não faltaram no Tri de 1953/54/55, destacando-se Índio e o fantástico Evaristo de Macedo, que atuou muitas vezes como ponta-de-lança. O goleador Silva, que veio bem recomendado do Corinthians, brilhou na conquista do Campeonato Estadual de 1965, sendo conhecido pelo apelido de Batuta. A música Fio Maravilha de Jorge Ben Jor fez muito sucesso, mas o centroavante goleador foi mal assessorado, chegando a processar o cantor, que teve que mudar a letra. Outro artilheiro de respeito foi Cláudio Adão, com passagens por vários clubes do Brasil. Um dos centroavantes que fez os gols mais importantes da história do Flamengo foi Nunes, como dois no primeiro título brasileiro em 1980, um na final do Campeonato Carioca de 1981 e no mesmo ano marcando novamente duas vezes na final do Mundial Interclubes e o gol da vitória na segunda conquista nacional, em 1982. Baltazar, o Artilheiro de Deus do Grêmio, também se saiu bem quando venceu o Brasileirão de 1983. E para finalizar cito o famoso Romário, um craque com grandes passagens no futebol, o principal responsável pelo Tetra Mundial em 1994, mas com muita identificação com o Vasco da Gama, sendo que sem sombra de dúvidas teve uma maravilhosa passagem pelo Flamengo, um dos grandes goleadores de todos os tempos.
E como última citação lembro dos atacantes, em especial o argentino Doval e Sávio, que chegaram a dizer que seria o futuro Zico, sem jamais confirmar a profecia, mas com um futebol muito bom apresentado na Gávea.
De fato o Flamengo tem uma história recheada de grandes jogadores. Dá para se formar vários times. Mas como só é possível ter 22, achei justa a citação de tantos grandes nomes.
Foto: UOL
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