O primeiro tempo displicente do Internacional contra o Sport foi a senha para Fernandão. Após buscar o empate dentro do Beira-Rio, o técnico surpreendeu e deu uma entrevista coletiva pesada, com momentos de irritação e de desabafo. Reclamou do empenho dos atletas, mas não citou os alvos. Por mais de 10 vezes usou a expressão "zona de conforto? para resumir a fase da equipe.
"No primeiro tempo jogamos achando que dava para vencer quando a gente quisesse. Não existe isso. É o grande problema que estamos enfrentando: a inconstância mental do time. Não estamos preparados mentalmente para brigar por nada no campeonato [...] Acho que a gente começou a entrar em uma zona de conforto muito grande aqui no Internacional. Ela precisa acabar. Já tinhamos notado isso antes. Mas você tenta. Hoje foi uma resposta bem clara?, disse Fernandão.
No comando do time há quase dois meses, o ex-atacante esqueceu os antigos argumentos: lesões, suspensões ou outros problemas que não lhe deixaram repetir a escalação até agora. Citou aqueles que enxerga como empenhados, dedicados com a luta da equipe: Muriel, Índio, Rodrigo Moledo, Fred, Guiñazu e até Edson Ratinho e Zé Mário ? titulares por contingência.
Medalhões como D´Alessandro e Forlán não foram mencionados em momento algum. O centroavante Leandro Damião também ficou de fora da lista. O que deixa no ar as três figuras como os alvos principais do treinador em seu discurso.
"Não fujo das minhas convicções. Eu tenho que falar o que é verdade. Fiquei envergonhado pelo primeiro tempo. Não mudei nada e o time teve outra atitude. Ou se muda a mentalidade, ou se sai com todos, ou vamos ficar com uma equipe que não quer nada no campeonato?, afirmou.
"Faltam 13 jogos para terminar. Independentemente de ser eu ou outro. Chegou a hora de escolher a dedo quem quer seguir. Talvez aqui seja o melhor lugar do mundo para trabalhar. As coisas ficam ruins e você tem que se indignar. O Inter tem que brigar pela ponta de cima e estamos aceitando muito. Levamos dois a zero e aceitando levar um totó do Sport aqui dentro. O time tem uma qualidade imensa. Técnica ganhava nos anos 70. Hoje técnica não ganha mais nada. Quem naão tem mentalidade não ganha nada hjoe. É preciso ter algo a mais?, disparou Fernandão.
Sétimo colocado com 37 pontos, o Inter não ganha há quatro jogos. Está seis pontos atrás do Vasco, último integrante da zona de classificação para a Libertadores. E tem um desempenho pífio no returno: apenas com o êxito diante do Flamengo. Os números também forçaram Fernandão a se indignar.
"Chegou o limite. Chegou o meu limite também. Por isso estou falando. Quando você pensa que está encaminhando algo tem uma resposta leva um tapa na cara. É decepcionante. Eu cheguei no meu limite de esperar", finalizou.