Grêmio Barueri e Operário-MT deveriam ter se enfrentado nesta sexta-feira, na Arena Barueri, pela Série D do Campeonato Brasileiro

Grêmio Barueri e Operário-MT deveriam ter se enfrentado nesta sexta-feira, na Arena Barueri, pela Série D do Campeonato Brasileiro

Ricardo Espina

Do UOL, em Barueri

Grêmio Barueri e Operário-MT deveriam ter se enfrentado nesta sexta-feira, na Arena Barueri, pela Série D do Campeonato Brasileiro. Deveriam. Com salários atrasados, os jogadores do clube paulista nem foram para o estádio. Camisa dez da equipe mato-grossense e um dos líderes do Bom Senso, Ruy Cabeção apoiou a decisão dos seus colegas de profissão e espera que a atitude simbolize uma mudança no modo de se enxergar o futebol.

"A atitude dos jogadores do Barueri tem que entrar para a história e ser muito valorizada. Eu me sinto junto com eles. As contas chegam e você não tem como pagar. É constrangedor. Gostaria de parabenizá-los e espero que seja um marco para o futebol brasileiro", afirmou Ruy em entrevista ao UOL Esporte.

Os jogadores do Grêmio Barueri cumpriram a promessa: se não recebessem os valores atrasados (dois meses de salário e outros quatro meses em direitos de imagem), não entrariam em campo. Às 19h, horário marcado para o início da partida, o trio de arbitragem e os atletas do Operário-MT estavam no gramado e esperaram mais meia hora, sem o clube paulista aparecer.

Durante os 30 minutos de espera, os atletas do time do Mato Grosso deitaram no gramado da Arena Barueri – mesma atitude tomada pelos jogadores no Brasileirão do ano passado como forma de protesto. "Os clubes estão viciados na impunidade. O atleta fica de mãos atadas. Infelizmente, muitos acham que os jogadores de futebol são milionários, mas eles são apenas uma minoria", comentou Ruy.

Para o meia, o WO em Barueri deve servir como alerta de que o futebol brasileiro precisa de mudanças urgentes. "Hoje, tudo parece normal, os torcedores acham que nada acontece de errado. Só que eu já sofria com salários atrasados desde 1998. Há dirigentes que ameaçam os atletas se algo vazar para a imprensa. Felizmente, nosso povo está mudando", analisou.

Os jogadores do Barueri dizem que não estão em greve e estão respaldados pelo artigo 32, da Lei 9.615/98, pela qual "é licito ao atleta profissional" recusar competir quando não recebe seus salários por dois ou mais meses. "Faço a pergunta: você aceitaria ficar quatro meses sem ganhar seu salário?", questiona o camisa do Operário-MT.

Por fim, Ruy Cabeção espera que um novo tempo esteja surgindo. "Por que os clubes não podem ser transparentes? Isto que houve aqui em Barueri foi só mais uma prova de que o futebol brasileiro está decadente. O sindicato dos atletas demonstrou força e isto precisa se espalhar para todo o Brasil", completou o meia, referindo-se ao apoio demonstrado pelo Sapesp (Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo) à atitude dos jogadores do Grêmio Barueri.

FOTO: UOL

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