Tempos de glórias
Deputado Estadual Roberto Morais, PPS
Dediquei grande parte da minha vida profissional ao rádio e, dentro dele, sempre minha paixão pelo esporte – pelo futebol em especial – me levaram a conviver com atletas de várias modalidades, em várias competições, em muitas cidades do interior de São Paulo. Desde os tempos da rádio difusora, passando pela Onda Livre onde ainda exerço minha profissão e maior paixão profissional, o esporte esteve no centro das minas atenções.
Mas certamente, por onde andei, por onde passei, o nome do meu querido XV de Piracicaba esteve associado a jogadores que marcaram a sua história, a sua trajetória. Não vi o nosso saudoso Gatão, homenageado neste livro, jogar, nem marcar um dos seus mais de 200 que marcou pelo XV. Nem pelo Corinthians, nem pela Ponte Preta. Só comecei a acompanha-lo mais adiante, quando depois de ter encerrado sua carreira bem sucedida como goleador, foi ajudar o nosso Quinzão a firmar-se nos campeonatos que disputou.
Como repórter esportivo da grande equipe de profissionais da Rádio Gazeta de São Paulo, acompanhei um dos dias mais marcantes, certamente, da careira de Gatão – tendo como ator principal seu filho, o Gatãozinho. O XV lutava desesperadamente para não ser rebaixado para a segundona. O Juventus, na Rua Javari era, até então, imbatível. Estava e permaneceu entre os cinco melhores times do Campeonato Paulista naquela ocasião.
Às vésperas do jogo, Gatão foi contratado como técnico para tirar o XV daquela situação. E Gatãozinho era o maior craque do clube grená, o Moleque Travesso. Presenciei e narrei aos ouvintes a minha rádio, aquele encontro memorável entre pai e filho duelando. Um no banco, aos berros com seus jogadores, incentivando-os; o outro, maestro da equipe que não tinha perdido nenhum jogo naquele estádio. Um abraço apertado e as lágrimas de pai e filho jorraram no meio campo do estádio onde ambos se cumprimentaram.
Me lembro como se fosse hoje, Gatão dizendo ao filho “Zé... você é profissional, faça o melhor. Se tiver que marcar gols, marque!” Depois de um primeiro tempo em 0 a 0, só no finalzinho do segundo tempo é que o XV conseguiu marcar um gol, retrancou-se lá atrás e não deixou mais o Juventus jogar. Com aquela vitória, o XV arrancou, venceu mais três partidas, empatou outras duas e só foi perder a última, para o Botafogo, quando já tinha escapado da segundona.
É difícil para qualquer profissional na área do esporte, viver dias como aquele. Pragmático e competitivo, o futebol é gol, vitória, glória para quem vence, punição para quem perde. Mas naquela tarde, conheci a força do amor de um pai por seu filho.
Vivi mil alegrias e muitas tristezas vendo o meu Quinzão subir, descer, ganhar, perder. Mas jamais esquecerei aquele abraço apertado de Gatão em seu filho, num dia decisivo para a glória do time do meu coração.
Que este livro, possa recuperar esta e outras histórias de um ídolo que, mais do que atleta, foi um símbolo de dignidade para a cidade de Piracicaba, como cidadão, como pai, como marido. Que o seu compromisso com as vitórias e as lutas que travou em vida, sejam um exemplo permanente a inspirar as novas gerações de atletas que um dia vestirem as camisas do XV, do Corinthians e da Ponte Preta, clubes por onde passou, deixou amigos e encantou as torcidas com seus gols.
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