O Fluminense deve ter um velho conhecido de volta às arquibancadas após a Copa do Mundo. A torcida do Tricolor tenta a retomada do pó de arroz ao Maracanã e tenta convencer o consórcio que administra o estádio para ressuscitar o velho hábito. O artifício, no entanto, carrega o fardo de ter a fama de ser resquício de uma época inicial do futebol brasileiro, quando o esporte era praticamente dominado pela aristocracia do país em um contexto de escancarado preconceito racial e social.
O provável retorno acontece num momento no qual seguidos casos de racismo nos estádios voltam a preocupar o futebol brasileiro após hostilidade a jogadores negros. Os últimos agredidos foram os jogadores Tinga e Arouca e o árbitro Márcio Chagas da Silva.
Mas, apesar da percepção popular de ser uma lembrança de um ato de preconceito, o pó de arroz é visto com normalidade pelo Fluminense. Na versão considerada a correta pelo clube, não existiu ligação direta entre o racismo comum no começo do século passado e o surgimento do apelido em 1914.
Na ocasião, há 90 anos, o então jogador do Fluminense Carlos Alberto foi provocado pela torcida do America por ser mulato e usar pó de arroz em uma partida entre os dois clubes para, supostamente, disfarçar a cor dos torcedores tricolores, formada pela elite carioca da época. O atleta, no entanto, já usava o artifício quando atuava pelo rival da ocasião, justamente o que gerou a brincadeira.
Mesmo com historiadores ligados ao clube defendendo a versão de que Carlos Alberto usou o pó de arroz por sua própria vontade, o site do Tricolor diz que o jogador "tentou disfarçar sua cor colocando um pouco de pó de arroz no rosto, pois estava preocupado com os aristocráticos torcedores".
Como muitas provocações no futebol brasileiro, o apelido foi assimilado pela torcida tricolor, que gerou relação de carinho com o ritual de jogar pó de arroz nas arquibancadas, geralmente no Maracanã. E é isso que eles pretendem voltar a fazer após a Copa do Mundo, quando acreditam que será mais fácil convencer os administradores do estádio.
Os torcedores chegaram a ter ajuda de funcionários do próprio Fluminense que se prontificaram a ajudar na relação com a Maracanã S.A.. Da concessionária, ouviram que não devem ter problemas para usarem o artifício após a Copa.
O pó de arroz está longe das arquibancadas do Maracanã desde seu fechamento em 2010. Em alguns jogos no Engenhão nesse período de quase quatro anos os tricolores chegaram a praticar o velho hábito, mas sem a mesma frequência do que era feito no maior estádio do Rio de Janeiro.
A volta do pó de arroz é um dos poucos obstáculos para que o torcedor do Fluminense volte a se sentir em casa no Maracanã. Os tricolores já se readaptaram ao estádio e o time mantém uma das melhores médias de público no local desde a reabertura.
FOTO: UOL
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