Ontem, contra o Palmeiras, Mano fez tudo de propósito! Foto: Divulgação/Grêmio

Ontem, contra o Palmeiras, Mano fez tudo de propósito! Foto: Divulgação/Grêmio

Vocês são muito cretinos.

Eu também.

Nós, gremistas, talvez até que entendemos de futebol.

Mas nada sabemos de psicologia.

Somos ingratos também.

Como assim criticar o treinador do time, um dia antes da celebração dos 20 anos da heroica Batalha dos Aflitos, quando retornamos à série A e conquistamos o título da Segundona, no dia 26 de novembro de 2005, com apenas sete jogadores em campo, no acanhado estádio do Náutico!

Ontem, contra o Palmeiras, Mano fez tudo de propósito! A aparente má escalação foi, na verdade, um golpe de mestre.

Não quis repetir a performance do Inter no dia anterior, no Beira-Rio.

Todo mundo viu: o Colorado massacrou o Santos no primeiro tempo e foi muito mal no segundo.

A torcida vermelha começou vibrando e apoiando. No segundo tempo, vaiou impiedosamente a equipe, que sucumbiu em campo.

Mano quis reverter o clima.

Foi estrategista!

E profético!

Na preleção, disse aos jogadores:
- Vamos furar em bola! Vamos levar dribles sem parar! O Volpi tem que falhar. O Edenílson não pode roubar a bola de nenhum adversário e, além disso, precisa concluir bisonhamente para o gol quando tiver uma chance para marcar. O Palmeiras tem que sair na frente! Nossa torcida começará a vaiar. O clima ficará tenso. Finjam que estão tremendo em campo. Façam como se o fato de eu ter praticamente abdicado de pontuar no Rio, poupando os melhores jogadores pouco após uma Data FIFA, tivesse deixado vocês nervosos com a obrigação de vencer hoje, para fugir do rebaixamento.

Mano prosseguiu:

- O Verdão pensará que o jogo está fácil. Morderá a isca e os jogadores abrirão a guarda. Aí, a gente empatará ao final do primeiro tempo. Incendiaremos a torcida. O estádio inteiro rugirá na segunda etapa, iremos para cima e ganharemos o jogo!

Foi também assim na Batalha dos Aflitos, há exatos vinte anos, quando Mano planejou direitinho. Sabia que o Náutico erraria dois pênaltis. Ou alguém não acredita que ele deixou o Anderson durante quase todo o jogo decisivo no banco de reservas só para colocá-lo próximo ao final, para que, quando estivéssemos com apenas sete jogadores em campo, o time pernambucano se desconcentrasse e o guri marcasse o gol da vitória?

Claro que foi assim!

Mano, repito:
É gênio!
É Estrategista!
É Profético!

No jogo de ontem!
No jogo de 20 anos atrás!
Tudo teve uma razão de ser.
Até mesmo a escalação do Edenílson como titular e meia mais avançado do time.
Sim. Sei que é difícil de acreditar: mas até para isso deve existir alguma explicação…

Airton Gontow é jornalista, cronista e diretor do site de relacionamento Coroa Metade.

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